Baloubet Du Rouet: conheça o “Pelé do Hipismo”

Medalha de ouro nas Olimpíadas de Atenas-2004, conquistou três títulos mundiais e deixou um legado no Hipismo mundial

Por
22 de julho de 2021 às 17h20

O único esporte atual das Olímpiadas que conta com a presença de animais, o Hipismo novamente marca presença nos Jogos Olímpicos que se iniciam na próxima sexta-feira(23) em Tóquio, no Japão. E já no clima do evento, destacamos a história de um animal que marcou época no esporte representando o nosso país. É considerado o cavalo mais famoso do Brasil e até hoje tem sua genética sendo comercializada para todo o mundo: Baloubet Du Rouet

Foto: Site Oficial Baloubet Du Rouet

Baloubet foi produzido no haras francês Elevage Du Rouet, na cidade de Saint Aubin de Terregatte, a três horas de Paris, no norte do país. O criatório se iniciou no começo do século XX com o filho de agricultores Louis Fardin. Aos 25 anos assumiu a fazenda do pai, porém foi preso pelos alemães na Primeira Guerra Mundial e quando retornou, viu do seu plantel de nove animais sobrar apenas um.

Em 1965, Louis fez seus primeiros investimentos em exemplares de Sela Francesa, entre eles, a bisavó de Baloubet, Perle de Norval, que deu início à linhagem vencedora. Hoje, o Haras é conduzido por Yannick Fardin, bisneto de Louis, e continua produzindo cavalos que competem nas pistas e comercializando genética de 30 doadoras de excelência. O pai de Baloubet, Galoubet A, também trouxe títulos na sua bagagem, sendo campeão mundial por equipes em Dublin-1982. 

Baloubet du Rouet e seu proprietário, Dom Diogo Pereira Coutinho – Foto: Fernando Dantas | Gazeta Press

Aos três anos de idade, Baloubet foi adquirido por Dom Diogo Pereira Coutinho, empresário português bem-sucedido, apaixonado por cavalos de corrida e proprietário do Haras Quinta de São Francisco, em Benavente, Portugal. Ao perceber o grande potencial do cavalo para o salto, Dom Diogo entrou em contato com seu então amigo brasileiro e conhecido cavaleiro, Nelson Pessoa, e o confiou a missão de desenvolver o animal nas competições. Nelson montou o cavalo por quatro anos até que repassou a seu filho, Rodrigo, a tarefa de guiar Baloubet mundo afora. 

Com Rodrigo, Baloubet chegou a suas principais conquistas: Tri Campeão Mundial(Helsinque-1998, Gotemburgo-1999 e Las Vegas-2000), Duas Vezes Vice Campeão Mundial(Gutemburgo-2001 e Las Vegas-2003), Campeão Olímpico(Atenas-2004) e Medalha de Bronze nas Olimpíadas (Sidney-2000). Baloubet é o único animal até hoje a ganhar três vezes em sequência o título mundial. Além dos títulos, também é o único a ficar nos dois primeiros lugares em cinco anos seguidos.

Baloubet e Rodrigo Pessoa na conquista do Ouro em Atenas-2004 | Foto: Site Oficial Baloubet Du Rouet

Nas Olímpiadas, Baloubet e Rodrigo foram do inferno aos céus. Em Sidney-2000, a dupla chegava como favorita à medalha de ouro após a conquista do Tricampeonato Mundial. Com muita expectativa da imprensa e torcedores, o ouro era dado como certo. Entretanto, no penúltimo obstáculo da prova, Baloubet se recusou a saltar por três vezes, no termo técnico “refugo” e acabou vendo as suas chances na competição individual escaparem. Mesmo assim, a performance rendeu aos brasileiros a medalha de bronze por equipes na competição. 

Quatro anos mais tarde, com muita repercussão após o resultado em 2000, a dupla se redimiu e chegou ao auge. A esperada medalha de ouro chegou na cidade natal dos Jogos Olímpicos, em Atenas-2004. Neste mesmo ano, ele foi considerado o melhor cavalo do mundo. Até hoje, Baloubet Du Rouet é considerado o “Pelé do Hipismo” e já foi condecorado com diversos reconhecimentos das mais importantes entidades do esporte. 

Em 2006, Dom Diego e a família Pessoa entraram em atrito após o dono resolver aposentar Baloubet Du Rouet. Em entrevista à Veja, o empresário afirmou ter consultado veterinários e amigos e tomou a decisão por considerar que Baloubet talvez não atingisse mais os mesmos resultados e não queria ver o animal perder seu destaque nos rankings. 

Foto: Site Oficial Baloubet Du Rouet

Além de atleta, Baloubet construiu uma carreira de ouro também como reprodutor, tendo 96 filhos registrados em atividade na Associação Brasileira de Criadores de Cavalos de Hipismo e mais de 1.500 descendentes ao redor do mundo, incluindo o Chaman, do atleta alemão Ludger Beerbaum e Bubalu VDL, cavalo olímpico do Holandês Jurg Vrieling, medalha de prata em Londres-2012, mesmo ano em que Baloubet foi nomeado o “pai líder” pela Federação Mundial de Criação de Cavalos Esportivos.

Ainda é possível adquirir sêmen do animal, diretamente no site oficial, por mais de R$9 mil. Seu pico de preço esteve a mais de cinco vezes essa quantia, tendo na última contabilização rendido mais de £$10 milhões, entre coberturas e premiações. Em 2016, a Federação de Hipismo do Qatar adquiriu Palloubet D´Halong, filho de Baloubet, por £$11 milhões, mais de R$67 milhões na cotação atual. 

Baloubet faleceu em agosto de 2017, aos 28 anos, de causas naturais, no Haras Quinta de São Francisco, onde uma série de homenagens foram construídas ao cavalo. Rodrigo Pessoa prestou sua última homenagem ao companheiro através da sua página no Instagram:

Você chegou como uma arisca criança de cinco anos de idade, mas mostrou muito potencial logo em seu primeiro salto. O começo não foi fácil, mas você era tão inteligente que entendia tudo muito rapidamente. Você cresceu e se tornou um dos maiores cavalos da história. Talento, beleza, energia, força, habilidade e elegância fizeram de você o melhor”. Rodrigo segue competindo e representará o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio. 

Fique por dentro de mais notícias como essa. Clique aqui.

Por Renan Testa e Vinícius Machado | Lance Rural