Sebo bovino e banha de porco da JBS viram combustível para aviação
Mais de 1,2 mi de toneladas de resíduos já foram reaproveitadas; no Brasil, Friboi estuda viabilidade de fornecimento para transformação dos produtos
Resíduos animais provenientes das operações da JBS nos Estados Unidos, Canadá e Austrália estão sendo transformados em combustível para aeronaves. Em dois anos, 1,2 milhão de toneladas de sebo bovino e banha de porco já foram direcionadas para a produção de Combustível Sustentável para Aviação, conhecido como SAF (sigla em inglês para ‘sustainable aviation fuel’), e outros combustíveis renováveis. O uso do sebo bovino para a geração de biocombustível é conhecido como “cowpower”.
Segundo o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), as emissões de dióxido de carbono (CO₂) relacionadas à aviação aumentaram em média 2,6% por ano nos últimos 25 anos e o setor de aviação comercial responde por cerca de 5% da sobrecarga global do clima. Com isso, o SAF se apresenta como uma alternativa sustentável ao combustível fóssil, pois pode reduzir as emissões de carbono em até 70% e pode ser usado como uma mistura de até 50% no tanque de querosene de aeronaves comerciais.
“O setor de aviação foi historicamente desafiado na descarbonização, pois depende de combustível fóssil. Ao reaproveitar resíduos animais, contribuímos para o meio ambiente e ajudamos este setor crítico em seu processo de descarbonização”, afirma o CSO global da JBS, Jason Weller.
Combustível de aviação sustentável no Brasil
No Brasil, a Friboi iniciou estudos para testar a viabilidade de fornecer resíduos animais para a produção de combustível de aviação. Já a Biopower, também da JBS, avalia a viabilidade de produção de combustível renovável para navios, como opção ao bunker oil, combustível fóssil predominantemente utilizado pelas embarcações marítimas.
A Biopower é uma das maiores produtoras brasileiras de biodiesel a partir de resíduos orgânicos do processamento de bovinos – uma alternativa para emitir 80% menos gás carbônico em comparação ao diesel fóssil. A empresa possui três plantas em operação, nas cidades de Mafra (SC), Lins (SP) e Campo Verde (MT).
Biodiesel B100
Em 2023, a JBS deu início a um projeto para introduzir o uso de biodiesel 100% (B100) em sua frota própria de caminhões. Um caminhão da montadora holandesa DAF já utiliza o B100 com o objetivo de comprovar a qualidade do biocombustível como um importante substituto para o setor. O caminhão já passou de 120 mil km de uso. O resultado mostrou que o veículo abastecido com biodiesel 100% (B100) apresentou rendimento equivalente ao diesel e emissão de até 80% menos gás carbônico.
Os testes com B100 na frota de caminhões estão em linha com o movimento de expansão dos biocombustíveis na matriz de transportes do Brasil. Desde 1º de março, o aumento do percentual da mistura de biodiesel ao diesel vendido para o consumidor final já está funcionando na prática. O índice do biocombustível no diesel comercializado no país passou a ser de 14%.
A JBS foi a primeira empresa do país a obter a autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para abastecer sua frota de caminhões. Localizado no complexo industrial de Lins (SP), o bioponto, como é chamado, conta com duas bombas dedicadas exclusivamente ao B100 e tem a capacidade de oferecer 30 mil litros de combustível.