Sustentabilidade na Pecuária: Lucro e Baixa Emissão de Carbono
A sustentabilidade na pecuária brasileira combina lucro e baixa emissão de carbono. Com genética eficiente, o Brasil lidera exportações e inovação no agro
O imaginário popular brasileiro está povoado por uma premissa falsa e perigosa de que o agronegócio, especialmente a pecuária, é um dos grandes vilões da sustentabilidade ambiental. Nas minhas andanças pelo Brasil afora tem me mostrado que o setor tem feito o máximo para mitigar os problemas ambientais decorrentes da atividade, porque entende como necessário. Nessa esteira, o agro tem procurado fazer a sua parte!
Mais do que uma preocupação, o agronegócio vê imenso potencial em atuar com práticas sustentáveis. É a sustentabilidade que dá lucro! A pecuária, especificamente, desempenha um papel fundamental na economia global, com o Brasil sendo um dos principais fornecedores de carne bovina para o mundo. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que a exportação de carne bovina no primeiro semestre deste ano alcançou o melhor resultado no histórico do setor. No acumulado do primeiro semestre de 2024, as exportações de carne bovina somaram 1,29 milhão de toneladas, um aumento de 27,3% comparado com o mesmo período de 2023 (1,019 milhão de toneladas), o que resultou em um faturamento de US$ 5,69 bilhões, aumento de 17% ante o primeiro semestre de 2023, valor superado apenas no ano de 2022, quando os resultados do primeiro semestre somaram mais de US$ 6,19 bilhões, em um cenário de pandemia. Para seguir na linha de frente, os pecuaristas têm sido incansáveis em soluções de sustentabilidade, tais como intensificação da produção, com a prática do confinamento e ampla otimização de recursos, bem como com a gestão eficiente da nutrição animal e adoção da genética eficiente.
Aliás, o Brasil tem liderado, junto à Europa e aos Estados Unidos, práticas de pecuária sustentável. Exemplo disso é o Programa de Pecuária de Baixa Emissão de Carbono (ABC+), uma iniciativa que visa a reduzir a emissão de gases de efeito estufa e aumentar a eficiência na produção. E sabe por que o Brasil está à frente? Porque além de entender a necessidade e a importância de mitigar os impactos da emergência climática, já compreendeu que efetivamente a sustentabilidade gera lucro para a pecuária.
Na pecuária intensiva, tudo começa pelo animal. Os confinadores já perceberam que a genética de ponta faz toda a diferença e parecem estar dispostos a pagar mais por um animal melhor e, de quebra, emite menos metano. E essa abertura não é difícil de se compreender. Um animal eficiente, ou seja, aquele selecionado para Eficiência Alimentar e tem como característica ingerir menos alimento para entregar um alto desempenho, gera uma lucratividade 65,80% superior à de um ineficiente. Na produção de 10 mil animais, isso representa quase R$ 2 milhões a mais no bolso do produtor. Essa lucratividade só é possível porque criadores se dedicaram ao melhoramento genético animal, selecionando características de alta produtividade a baixo custo, e rebanhos multiplicadores estão difundindo essa genética. Associar a intensificação do sistema produtivo à genética eficiente é a combinação perfeita para conectar lucro e sustentabilidade.
Também há uma demanda de mercado crescente para produtos de origem animal que sejam produzidos de forma sustentável, com consumidores cada vez mais dispostos a pagar mais por itens que atendam a padrões ambientais e éticos. Exemplo disso são certificações e rótulos de práticas sustentáveis (como orgânicos ou de bem-estar animal), que podem abrir portas para novos mercados e oferecer preços premium.
Para mitigar essas emissões, o que há de mais concreto é a aposta em animais eficientes, caracterizados por produzirem mais comendo menos. Sabe por quê? Mais carne, menos área. Mais qualidade, menos impacto. Mais produtividade, menos custo. Mais desempenho, menos consumo.
É basicamente isso que o planeta almeja hoje: eficiência na utilização dos recursos! E a pecuária tem feito, com muita dedicação, a sua parte: por meio da tecnologia e da informação, incentivando o progresso genético da Eficiência Alimentar. Quanto mais se intensificar a pecuária no sentido de melhorar o desempenho, mais se combaterá a emissão de gases de efeito estufa.