COMÉRCIO EXTERIOR
Brasil supera barreiras comerciais e caminha para novo recorde nas exportações de carne bovina
País mantém liderança global nas exportações de carne bovina, supera barreiras comerciais e amplia presença na China e em novos mercados

FOTO: Scot Consultoria
Mesmo com tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos, o Brasil reafirma sua posição como líder global nas exportações de carne bovina em 2025. O desempenho é resultado de uma combinação de fatores: expansão da demanda chinesa, diversificação de mercados e capacidade de adaptação da cadeia produtiva nacional.
Segundo Larissa Barbosa Alvarez, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o aumento das tarifas americanas, que elevaram a alíquota total sobre a carne brasileira de 26,4% para 76,4%, reduziu a competitividade do produto no mercado dos EUA, mas não foi suficiente para frear o avanço das exportações.
“O Brasil mostrou força e resiliência. Em agosto, registrou o maior volume mensal de exportações de carne bovina da história, impulsionado pela China e por novos mercados estratégicos”, destacou a analista.
China lidera e México assume papel estratégico
A China, que já era o principal destino da carne brasileira, ampliou sua participação para quase 60% das compras totais em 2025, antecipando estoques para o Ano Novo Lunar. O México também se consolidou como importante parceiro comercial, superando os Estados Unidos como segundo maior comprador em junho, com crescimento de três vezes nas aquisições em relação a 2024.
Outros países como Rússia, Chile, Filipinas, Indonésia, União Europeia e nações do Oriente Médio também reforçaram a lista de destinos da carne brasileira. De acordo com o MDIC, o país exportou 268 mil toneladas em agosto, um aumento de 23,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a agosto, os embarques somaram 1,8 milhão de toneladas, contra 1,5 milhão no mesmo período de 2024, ritmo que indica a possibilidade de superar o recorde de 2,5 milhões de toneladas exportadas no último ano.
Demanda interna segue firme e sustenta preços
O mercado doméstico também mostra sinais de aquecimento, especialmente com o aumento do consumo nas festas de fim de ano e o pagamento do 13º salário. “A carne bovina, por seu valor simbólico e cultural, mantém-se como protagonista nas celebrações, permitindo algum repasse de custos sem retração na demanda”, avalia Larissa.
A analista explica que a valorização da carne também é reflexo da recuperação dos preços do frango, que reduziram a oferta interna dessa proteína. “Com o Brasil sendo o maior exportador mundial de frango, a reativação dos embarques acaba valorizando indiretamente a carne bovina no mercado interno.”
Oferta controlada e foco em confinamento
O último trimestre do ano marca o início da estação de monta e maior disponibilidade de animais terminados em confinamento — especialmente voltados à demanda asiática. Dados do IMEA apontam que cerca de 40% dos abates são de animais com menos de 24 meses, o que exige atenção à reposição do rebanho.
As escalas de abate mais longas e os contratos antecipados firmados pelos frigoríficos indicam uma tendência de estabilidade nos preços, sustentada pela firmeza da demanda internacional.
“A redistribuição geográfica da oferta e a eficiência logística da indústria brasileira mostram a maturidade do setor exportador. Mesmo com incertezas cambiais e barreiras comerciais, o Brasil segue como referência global em qualidade e volume”, reforçou Larissa.
Com a combinação de diversificação de destinos, eficiência produtiva e forte demanda, o Brasil deve encerrar 2025 com um novo recorde de exportações de carne bovina, consolidando seu papel estratégico no abastecimento mundial de proteína animal.



