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CAVALO CRIOULO

Cavalo Crioulo impulsiona renda no campo e movimenta R$ 5,36 bilhões no Brasil

Estudo da ABCCC e Esalq mostra como o Cavalo Crioulo fortalece a economia rural e gera mais de 160 mil empregos

Por Cássia Carolina
04 de dezembro de 2025 às 12h07
Cavalo Crioulo impulsiona renda no campo e movimenta R$ 5,36 bilhões no Brasil

FOTO: João Morais l Divulgação

O Cavalo Crioulo segue mostrando sua força dentro e fora das pistas e, principalmente, dentro das porteiras. Um novo estudo da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulos (ABCCC) em parceria com a Esalq/USP aponta que a raça movimenta R$ 5,36 bilhões por ano no Brasil. O valor engloba desde a comercialização de animais até toda a cadeia que gira em torno dela: mercado veterinário, suplementos, rações, turismo rural, eventos esportivos e serviços especializados como selarias e ferrageamento.

Com um rebanho nacional estimado em 508 mil animais, cada Cavalo Crioulo é responsável, em média, por gerar mais de R$ 10,5 mil ao ano. Para o pecuarista, isso reforça o papel da raça como um ativo importante dentro das propriedades, seja pelo esporte, seja pelo trabalho de campo.

O levantamento também revela um impacto direto na geração de renda: 31,3 mil empregos diretos e mais de 130 mil indiretos, somando mais de 160 mil brasileiros envolvidos com a cadeia do cavalo crioulo. “O cavalo é mais do que uma paixão do Sul. Hoje, é a base de empresas, atividade econômica forte e ferramenta de saúde e esporte”, destaca o presidente da ABCCC, André Rosa.

Esporte impulsiona a expansão da raça

Segundo o estudo, 75% dos criatórios de cavalo crioulo no país têm foco no esporte. Modalidades como Laço Comprido, Doma de Ouro, Freio de Ouro e Morfologia seguem como motores de crescimento, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

O gerente de expansão da ABCCC, Gérson de Medeiros, afirma que o avanço das competições está levando a raça para novas fronteiras. Para 2026, a expectativa é de crescimento de 15% nas provas realizadas fora do eixo Sul. “O esporte é a mola propulsora da expansão. A raça se adaptou muito bem aos rodeios e ao uso esportivo no Brasil inteiro”, explica.

A segunda principal finalidade do Cavalo Crioulo continua sendo o trabalho no campo, citado por 22,56% dos criadores, um ponto central para o pecuarista, que busca eficiência, rusticidade e agilidade no manejo diário.

Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulos (ABCCC)

FOTO: Maurício Vinhas l Divulgação

Perfil do criador e das propriedades

O estudo também analisou o perfil das propriedades. As fazendas que criam cavalo crioulo têm, em média, 440 hectares, com 92 hectares dedicados exclusivamente à tropa. A maior parte dos criadores está diretamente ligada ao agro: 64,95% trabalham com agricultura e 22,45% com pecuária, reforçando a integração entre a raça e as atividades produtivas.

Para o pesquisador da Esalq Roberto Arruda de Souza Lima, compreender o impacto econômico da raça é essencial para planejar políticas de fomento e expansão. Ele reforça que a equideocultura funciona como um “Complexo”, envolvendo diversas cadeias produtivas e serviços.

Rio Grande do Sul segue como berço e potência da raça

O levantamento também confirma a liderança gaúcha na criação do Cavalo Crioulo. O Rio Grande do Sul concentra 80% do rebanho nacional, com 412 mil animais e movimentação de R$ 4,28 bilhões ao ano. Santa Catarina e Paraná aparecem na sequência, com 33,7 mil e 31,8 mil animais, respectivamente.

“O Cavalo Crioulo pulsa em todos os 497 municípios gaúchos. É renda, emprego e tradição. E os dados mostram que ainda há muito espaço para a raça crescer em todo o país”, afirma André Rosa, que recentemente participou de compromissos internacionais da raça na Itália.