MUITO ALÉM DA CISTICERCOSE
Água de açude é a grande porta de entrada de doenças para o gado
Confira os detalhes e impactos da doença na entrevista com o médico-veterinário Marcelo Molento, PhD em parasitologia no Canadá e professor da Universidade Federal do Paraná
O programa Giro do Boi destacou um tema fundamental para a saúde do rebanho: o uso de água de açude na pecuária e seus riscos associados. Durante uma entrevista com o médico-veterinário Marcelo Molento, PhD em parasitologia e professor da Universidade Federal do Paraná, discutimos as implicações de utilizar açudes como fonte de água para o gado e alternativas mais seguras. Assista ao vídeo abaixo e confira essa conversa detalhadamente.
Açudes são corpos de água estagnada que podem facilmente tornar-se focos de doenças para o gado, especialmente em regiões com manejo menos controlado das fontes de água.
Marcelo Molento aponta que, além de acúmulos naturais de dejetos e contaminação por carcaças, esses reservatórios podem abrigar uma série de patógenos perigosos para o gado.
Doenças como botulismo e fasciolose hepática, provocada por caramujos que frequentam esses ambientes, são exemplos claros dos riscos associados ao consumo de água de açude pelos animais.
A ação dos patógenos presentes na água
Molento esclarece que o ambiente de um açude propicia condições ideais para o desenvolvimento de agentes patogênicos que prejudicam significativamente a saúde e a produtividade do rebanho.
Ele ressalta a importância de entender que a contaminação não se limita aos organismos visíveis ou às carcaças encontradas na água, mas também à presença de microrganismos que podem proliferar em ambientes aquáticos mal conservados.
Recomendações do especialista
Para evitar os riscos associados ao uso de açudes, Molento recomenda a implementação de sistemas de abastecimento de água que garantam qualidade e segurança.
Bebedouros artificiais, por exemplo, são altamente recomendáveis por permitirem melhor controle sobre a qualidade da água consumida pelo rebanho.
A implementação destes sistemas não só protege os animais de doenças transmitidas por água contaminada, mas também contribui para o manejo eficiente da saúde animal na fazenda.
A importância da conscientização e manejo adequado
Outra medida essencial é a educação contínua dos pecuaristas sobre as práticas adequadas de manejo da água e a importância da higiene no ambiente agrícola.
Limpeza regular dos locais de acesso à água e monitoramento constante da qualidade da água são práticas cruciais para evitar a incidência de doenças.
Priorizando a saúde animal
A entrevista com o Dr. Molento destaca que um dos pilares para uma pecuária produtiva e rentável é a manutenção rigorosa da saúde animal através da gestão adequada dos recursos hídricos.
Convertendo açudes em sistemas controlados de fornecimento de água limpa e tratada, os pecuaristas não só elevam o padrão de sanidade de seus rebanhos mas também contribuem para a prevenção de perdas econômicas substanciais decorrentes de doenças.
Assim, seguir estas recomendações não é apenas uma questão de saúde animal, mas uma decisão estratégica inteligente no manejo moderno da pecuária.