ANÁLISE

Arroba do boi gordo pode cair nos próximos meses, alerta Agrifatto

Diretora da consultoria afirma que os preços têm se apoiado bastante nas exportações aquecidas, quadro que pode mudar no 1º trimestre de 2021

Por Canal Rural

A arroba do boi gordo fechou esta quarta-feira, 11, a R$ 292 por arroba, alta diária de 1,39%, de acordo com o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O bezerro também bateu recorde, chegando a R$ 2.533,59 por cabeça, em São Paulo.

De acordo com a Agrifatto, foram reportados negócios a R$ 300 por arroba do boi China, em São José do Rio Preto (SP). Lembrando que esses animais costumam ser negociados acima das referências daquelas voltados ao mercado interno.

A diretora da consultoria, Lygia Pimental, afirma que as exportações aquecidas têm sido um pilar importante para alcançar esses patamares, mas a baixa oferta de animais também colabora.

Porém, o mercado futuro do boi gordo dá indícios de que o movimento de alta observado neste ano pode perder força nos próximos meses. Lygia lembra que o primeiro trimestre de cada ano costuma ser um período mais crítico, com recuo nos embarques. Logo, a situação pode mudar um pouco entre janeiro e março de 2021.

“O mercado de reposição tem se mostrado firme, com falta de animais. Se faltou bezerro em 2020, vai faltar boi gordo em 2021. Mas é uma questão também de demanda. Se o mercado está tão apoiado nas exportações, pode ter um equilíbrio mais frágil no começo do ano”, diz. A tendência, segundo ela, é que os preços se acomodem em patamares um pouco mais baixos do que os atuais.

Ela afirma também que se o real se fortalecer sobre o dólar, os embarques podem ser afetados, porque o produto brasileiro ficaria mais caro. “E os países trocariam seus fornecedores”.

Custos em alta

Os preços do milho e do farelo de soja – insumos importantes para a pecuária – subiram muito mais do que o boi gordo, o que apertou a margem do produtor, já pressionado pelos valores mais altos do bezerro. Com isso, Lygia diz que pode valer a pena negociar neste momento, para evitar perder dinheiro caso o mercado ceda.

A diretora da Agrifatto afirma que o setor já está virando a chave na questão da reposição. O bezerro em alta levou os pecuaristas a segurarem as fêmeas nas propriedades, e registra-se a maior retenção de fêmeas dos últimos 10 anos. Mas os efeitos só devem ser sentidos mais profundamente em 2022.

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