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PECUÁRIA LEITEIRA

Bezerros mestiços nascem mais saudáveis e crescem mais rápido, mostra pesquisa

Estudo destaca que o cruzamento entre Angus e Holandesa gera bezerros mais fortes, com menor risco de diarreia e melhor desempenho desde o nascimento

Por Cássia Carolina
11 de novembro de 2025 às 11h23
Bezerros mestiços nascem mais saudáveis e crescem mais rápido, mostra pesquisa

FOTO: Divulgação l PUCPR

Uma pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) trouxe boas notícias para os produtores de leite e carne: bezerros mestiços das raças Angus e Holandesa nascem mais pesados, apresentam melhor desenvolvimento e têm menor risco de doenças nos primeiros meses de vida.

O estudo, conduzido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPGCA), comparou o desempenho de 379 bezerros criados sob as mesmas condições — sendo 89 mestiços e 290 da raça pura Holandesa. Os resultados mostraram que os mestiços nasceram 10% mais pesados, com média de 40 kg, contra 36 kg dos holandeses, e ainda ganharam mais peso durante a fase de criação.

Outro dado relevante foi a redução expressiva de problemas de saúde: os bezerros mestiços apresentaram quase três vezes menos chances de desenvolver diarreia, uma das principais causas de mortalidade e perdas econômicas em fazendas leiteiras.

“Compreender os efeitos do cruzamento sobre a saúde e o desempenho desses animais é essencial para subsidiar decisões de manejo, independentemente da aptidão do gado”, explica Ruan Daros, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUCPR.

Cruzamento que gera sustentabilidade

A prática de cruzar raças de corte com raças leiteiras, conhecida como “beef on dairy”, vem se consolidando como uma alternativa sustentável na pecuária. A estratégia, já comum nos Estados Unidos e na Europa, tem ganhado espaço no Brasil, especialmente em estados como o Paraná, onde cooperativas bonificam produtores que enviam animais mestiços Angus aos frigoríficos.

“Os cuidados são essenciais não apenas para garantir um desempenho otimizado e bonificações ao produtor, mas também para assegurar o bem-estar dos animais”, reforça Michail Moroz, doutorando e autor principal do estudo.

Cuidados que fazem diferença

Para alcançar o máximo potencial de crescimento, os bezerros mestiços exigem manejo e nutrição adequados desde o nascimento. Segundo os pesquisadores, é essencial seguir o mesmo padrão de manejo aplicado às bezerras leiteiras:

  • Fornecimento de colostro de qualidade logo após o parto;

  • Dieta equilibrada, com leite, concentrado e volumoso de boa procedência;

  • Ambiente limpo e ventilado, que garanta conforto térmico e higiene;

  • Mão de obra capacitada para identificar precocemente sinais de doenças.

Essas práticas garantem melhor imunidade, desempenho produtivo e valorização do animal no momento da venda, gerando ganhos diretos ao produtor.

O artigo completo, intitulado Saúde e desempenho de bezerros beef on dairy (Angus × Holandês) e bezerros da raça Holandesa durante a fase de criação”, foi publicado na Revista Dairy, reforçando a relevância internacional da pesquisa.

O trabalho foi assinado por Michail Sabino Moroz, Camila Cecilia Martin e Ruan Rolnei Daros, pesquisadores do PPGCA da PUCPR e da Universidade Positivo.