PRESERVAÇÃO DO BIOMA

‘Boi-bombeiro’ é a saída para reduzir incêndios no Pantanal, diz Bolsonaro

Segundo o presidente, o boi-bombeiro pode contribuir para redução de capim acumulado, que acaba se transformando em massa morta sem a presença dos animais

Por Estadão Conteúdo

Com os quadros profissionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) reduzidos e sem condições de fazerem o combate dos incêndios nas florestas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, nesta segunda-feira, 23, a utilização do “boi-bombeiro” como saída para reduzir os incêndios no Pantanal.

Pantanal

Foto: Pedro Silvestre

“Fogo lá no Pantanal. No passado, a gente podia deixar o boi comer o capim acumulado, agora não pode mais. Então, acumula uma massa vegetal morta muito grande e, quando vem o fogo, incendeia e o negócio é uma barbaridade. É o boi-bombeiro. Quando fala, é galhofa. O pessoal que nunca pisou no capim falando mal do produtor rural”, afirmou Bolsonaro ao conversar com apoiadores na manhã desta segunda-feira, em frente ao Palácio da Alvorada.

Em outubro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eximiu o governo de culpa pela disparada das queimadas no Pantanal e defendeu a criação de gado na região para reduzir a “massa orgânica”. Salles defendia uma proposta feita dias antes pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que também disse que a ampliação das áreas de pastagens reduziria as queimadas. “Se nós tivéssemos um pouco mais de gado, o desastre teria sido menor”, disse a ministra, na ocasião.

A estratégia defendida por Bolsonaro e seus ministros é rechaçada por diversos especialistas e organizações socioambientais. Não existem dados científicos que sustentem a tese de que focos de incêndio possam variar conforme aumento o tamanho do rebanho no Pantanal.

O ano de 2020 é o pior de toda a série histórica, iniciada em 1998, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mede o número de focos de incêndios em todo o País. Entre 1º de janeiro e 22 de novembro, o Pantanal já acumula 21.812 focos de incêndio, mais do que o dobro do verificado nos 12 meses do ano passado, quando foram registrados 10.025 focos no bioma.

Ainda com dados parciais, 2020 já equivale à soma dos focos verificados nos quatro anos anteriores. Os meses de novembro e dezembro tendem a registrar um volume menor de fogo, por causa das temporadas de chuva.

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