MERCADO INTERNACIONAL
Brasil vira maior produtor de carne bovina em 2025; o que isso sinaliza ao pecuarista
Estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA coloca o Brasil na liderança pela primeira vez na série histórica e indica equilíbrio com os americanos em 2026

FOTO: Reprodução l Abiec
O Brasil deve se tornar o maior produtor de carne bovina do mundo em 2025, superando os Estados Unidos, segundo estimativas do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA). As informações repercutiram nesta terça-feira (16/12), em reportagem do G1, com base no relatório do órgão.
De acordo com o USDA, o Brasil deverá produzir 12,35 milhões de toneladas de carne bovina em 2025, enquanto os EUA ficariam em 11,81 milhões de toneladas, considerando o peso do animal abatido. O dado marca um ponto histórico: é a primeira vez que o Brasil assume a liderança nessa estatística do USDA, cuja série histórica começou na década de 1960 e sempre teve os americanos no topo.
A estimativa do USDA ficou acima da projeção mais recente do governo brasileiro. Em novembro, a Conab apontou que o país deve produzir 11,38 milhões de toneladas em 2025, ainda assim com alta em relação ao ano anterior. Na prática, essa diferença reforça que números podem variar conforme metodologia e atualização, mas o recado de mercado é claro: o Brasil ganhou (e mantém) protagonismo quando o assunto é oferta mundial.
O que o USDA projeta para 2026
O USDA também divulgou as projeções para 2026 e indicou um ajuste no volume brasileiro, que recuaria para 11,7 milhões de toneladas, enquanto os EUA ficariam em 11,71 milhões, um cenário de equilíbrio praticamente “lado a lado”. Para o pecuarista, esse ponto é relevante porque ajuda a balizar expectativas de oferta, ciclo pecuário e ritmo de abate, fatores que costumam influenciar o comportamento de preço e a tomada de decisão dentro da porteira.
Por que os EUA perderam fôlego na oferta
O contexto americano ajuda a explicar por que o Brasil aparece com ainda mais força no radar global. O ano foi marcado por medidas tarifárias impostas pelos EUA para diversos produtos, incluindo a carne bovina, ao mesmo tempo em que o país enfrenta uma baixa histórica do rebanho, com reflexos em inflação do produto ao consumidor.
Pressionado, o presidente Donald Trump chegou a mencionar a possibilidade de ampliar a entrada de carne argentina para tentar reduzir preços, o que gerou reação de pecuaristas locais.
O texto também aponta que os estoques de gado dos EUA, em janeiro, caíram ao menor nível em quase 75 anos, após um período prolongado de seca que afetou pastagens e elevou custos de alimentação.
Além disso, desde maio os EUA suspenderam a maior parte das importações de gado mexicano por preocupação sanitária com a bicheira-do-Novo-Mundo, restringindo ainda mais a disponibilidade e pressionando frigoríficos a pagar mais pelo boi destinado a hambúrgueres e cortes.
Mesmo com ruídos no comércio, o Brasil seguiu como fornecedor relevante e registrou recorde de vendas internacionais em setembro, segundo dados citados pelo G1. A Abiec atribuiu parte do avanço à diversificação de destinos, com destaque para mercados como o México, além do aumento nas vendas para a Argentina. O tarifaço, ainda conforme o texto, foi suspenso para a carne, entre outros alimentos do Brasil, em novembro.
O recado ao pecuarista brasileiro
A notícia de liderança do Brasil como maior produtor de carne bovina vai além de um “título” estatístico: ela amplia a vitrine internacional e aumenta a responsabilidade do país em manter regularidade de oferta, qualidade e confiança sanitária.
Para o pecuarista, isso reforça a importância de alguns pilares que tendem a destravar valor em qualquer cenário de mercado: padronização e acabamento dos lotes, eficiência produtiva (ganho de peso, taxa de lotação, reprodução) e gestão de risco para reduzir perdas e manter consistência de entrega.
Em outras palavras, a condição de maior produtor de carne bovina coloca a pecuária brasileira ainda mais em evidência, mas o ganho real aparece quando esse protagonismo vira competitividade no dia a dia, com planejamento do ciclo, boas práticas e leitura de mercado para aproveitar janelas de oportunidade quando elas se abrem.



