Em Londrina, o levantamento foi feito a partir de um modelo produtivo de recria e engorda com 180 cabeças
Por Redação Canal do Criador
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, nesta última semana, painéis virtuais de levantamento de custos de produção da pecuária de corte em Londrina (PR), Miranda (MS), Paranaíba (MS) e Naviraí (MS).
Os eventos foram realizados em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e fazem parte do Projeto Campo Futuro, que analisa as informações obtidas a partir da realidade produtiva apresentada pelos produtores.
Participaram dos encontros virtuais (medida de segurança para evitar o contágio do coronavírus) representantes das federações estaduais de agricultura e pecuária, sindicatos rurais dos municípios e produtores rurais. Os dados obtidos são preliminares.
Segundo o assessor técnico da CNA, Thiago Rodrigues, o sistema utiliza pastejo na época das águas e proteinado com silagem de milho e cana-de-açúcar para suplementar os animais na seca. A lotação média é de 1,28 UA/hectare.
“Em termos de resultado, o painel demonstrou que, pelo menos no curto prazo, o produtor está sobrevivendo e tendo uma margem bruta positiva, dado o preço pelo qual foi vendida a arroba no ano passado”, disse ele.
Miranda – O painel analisou uma propriedade de ciclo completo com 550 vacas (1.270 cabeças ao todo) em sistema de pastagem, com uma lotação média de 0,8 UA/hectare e produção de 2,8 arroba/ha/ano.
Os itens que mais pesaram no COE foram mão de obra (23%), suplementação mineral (23%) e gastos administrativos (12%). A taxa de desfrute foi de 30% e a taxa de natalidade de 63%, com destaque para o alto estoque de capital em relação ao tamanho da propriedade: 1,5 mil hectares.
“Se dividirmos todo o estoque de capital pelo número de arrobas produzidas, ficou em mais de R$ 6,4 mil por arroba produzida. Apesar de o painel operar com uma lucratividade de 40%, com uma margem líquida positiva que condicionou a isso, o desafio do produtor é diluir esse estoque de capital a partir de uma melhor eficiência em termos de produção de arrobas/ha”, afirmou Rodrigues.
Paranaíba – Os dados apresentados foram colhidos em uma propriedade de 300 hectares que opera no sistema de recria e engorda e trabalha com 200 cabeças/ano. Quanto aos custos, o maior gargalo foi a reposição de animais, que representou 64% do COE. O suplemento mineral e a mão de obra representaram, respectivamente, 8% e 7%.
“Apesar do preços médios pagos pela arroba no ano passado estarem atrativos, o produtor se deparou com um elevado preço também dos animais de reposição, o ágio da arroba do bezerro sobre a arroba do boi gordo foi de 47% no período. Por isso pesou tanto a questão de reposição”, explicou o assessor técnico da CNA.
Outro ponto que pesou foi a baixa produtividade da área, que apresentou lotação média de 0,7 UA/ha e produção de 4,1 arroba/ha/ano. Conforme Rodrigues, isso condiciona o produtor a operar apenas com margem bruta positiva, ou seja, pagando somente as despesas de desembolso. Para diluir os custos com depreciação e pró-labore, o produtor precisaria ter uma produtividade maior.
Naviraí – O modal utilizado para o levantamento tem 1.250 hectares e trabalha com recria e engorda de animais em sistema de integração lavoura-pecuária. Mais de 1,6 mil cabeças são manejadas anualmente, com a comercialização de 884 animais/ano.
De acordo com Rodrigues, a propriedade demonstrou boa produtividade – 13 arrobas/ha –, parte disso devido à possibilidade que os produtores encontram para praticar um semiconfinamento durante o período de terminação dos animais.
O maior gasto em relação ao COE foi a reposição dos animais (67%), seguido de alimentação (10%) e suplementação mineral (8,5%).
“A atividade se mostrou viável no curto prazo, com margens bruta e líquida positivas, mas podemos observar que a pecuária vem sendo pressionada pela agricultura na região. Temos terras caras e preços atrativos para a soja e o milho e isso têm pressionado ainda mais o produtor a ser eficiente com a atividade”, avaliou.