PECUÁRIA INTENSIVA

Com mercado favorável, 78,8% dos confinadores projetam aumentar o número de bovinos em 2026

Levantamento da Scot Consultoria revela forte otimismo e indica que a pecuária intensiva entra em 2026 com expectativa de ciclo positivo

Por Cássia Carolina

O otimismo tomou conta da pecuária intensiva brasileira. De acordo com o Confina Brasil 2025, levantamento realizado pela Scot Consultoria, 78,8% dos confinadores esperam aumentar o número de bovinos em 2026. A projeção reforça a percepção de que o setor entra no próximo ano embalado por um cenário mais favorável para o boi gordo e por expectativas positivas de mercado.

Com mercado favorável, 78,8% dos confinadores projetam aumentar o número de bovinos em 2026

FOTO: Scot Consultoria

O estudo também mostra que apenas 4,9% dos entrevistados projetam queda no volume de animais, enquanto 8,7% preveem estabilidade. O resultado sintetiza o sentimento generalizado no campo: o confinamento deve continuar ganhando importância como ferramenta estratégica para garantir eficiência, regularidade na oferta e melhor gestão dos custos de produção.

Segundo informações da Scot Consultoria divulgadas nesta sexta-feira (05/12), o humor mais positivo dos confinadores está diretamente ligado ao estágio atual do ciclo pecuário. Entre 2023 e 2025, o Brasil passou por um período de forte descarte de fêmeas, movimento típico de fases baixistas, o que reduziu a oferta de bezerros e tende a estimular a retenção de matrizes daqui para frente.

Esse ajuste estrutural deve resultar em menor disponibilidade de animais jovens e de boi gordo para abate em 2026, cenário que fortalece a expectativa de valorização da arroba.

Consumo interno e fatores conjunturais reforçam cenário positivo

No mercado doméstico, o consumo de carne bovina mostrou recuperação nos últimos anos, impulsionado pela melhora da renda e pelo avanço do emprego. Essa estabilidade da demanda interna, somada ao potencial de menor oferta no próximo ano, contribui para o viés de alta no mercado do boi.

A Scot Consultoria destaca ainda alguns fatores conjunturais que podem reforçar essa tendência:

Confinamento mantém trajetória de crescimento

O avanço esperado para 2026 dá continuidade ao movimento já observado este ano. Segundo projeção da Scot, o confinamento deve alcançar 8,3 milhões de cabeças em 2025, alta de 11,9% em relação ao ano passado.

A expansão confirma uma tendência registrada desde 2020: o confinamento cresce, em média, 5,3% ao ano, consolidando-se como um dos pilares da pecuária moderna. Mais do que resposta à falta de pasto, a estratégia se tornou ferramenta de gestão, planejamento e previsibilidade para o pecuarista.

Custos seguem desafiadores, mas estratégias evoluem

Apesar do clima positivo, os custos de produção continuam pressionados. A diária média do boitel atingiu R$ 14,78 por cabeça/dia em 2025, aumento de 12,6% em relação ao ano anterior. A dieta chegou a R$ 12,63 por cabeça/dia, e os custos operacionais e sanitários somaram R$ 2,01.

Para driblar o impacto, muitos confinadores reforçam estratégias de autossuficiência agrícola, com destaque para o cultivo de milho (81,3%), soja (73,2%) e sorgo (27,6%). Em vários casos, integrar lavoura e pecuária se torna diferencial competitivo.

Relação com a indústria frigorífica e parcerias

A pesquisa aponta ainda que 49,5% das propriedades vendem para apenas um frigorífico, indicando concentração em alguns mercados regionais. Em contrapartida, estados como Bahia, Mato Grosso e São Paulo apresentam maior diversificação.

Além disso, 75,5% dos confinamentos possuem algum tipo de parceria com a indústria, como bonificações por qualidade, contratos de escala, acordos antecipados e fretes diferenciados.

Ao todo, o Confina Brasil coletou dados de 184 confinamentos, distribuídos por 15 estados. As informações foram obtidas por meio de visitas presenciais e questionários estratégicos, que mapearam gestão, produtividade, custos e infraestrutura das propriedades.

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