PECUÁRIA LEITEIRA

Embrapa lança novos protocolos de baixo carbono no leite: veja como o pecuarista pode reduzir emissões

Práticas desenvolvidas pela Embrapa orientam a pecuária leiteira rumo a sistemas mais eficientes, sustentáveis e alinhados às exigências do mercado

Por Cássia Carolina

Divulgados na última terça-feira (23/12), os novos protocolos desenvolvidos pela Embrapa representam um avanço estratégico para a adoção de práticas de baixo carbono na produção de leite brasileira. As orientações são resultado de anos de pesquisa e oferecem soluções práticas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e aumentar o sequestro de carbono nos sistemas produtivos.

Embrapa lança novos protocolos de baixo carbono no leite veja como o pecuarista pode reduzir emissões

FOTO: Divulgação l Gisele Rosso

Ao todo, foram estabelecidos três protocolos técnicos, que atuam diretamente sobre os principais processos geradores de emissões na pecuária leiteira, como o manejo dos animais, o uso de fertilizantes nitrogenados no solo e as práticas de conservação e recuperação de pastagens.

Os protocolos fazem parte de uma publicação da Embrapa Pecuária Sudeste e contribuem para os objetivos de descarbonização da cadeia leiteira nacional, além de atender à Meta 13 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), voltada ao combate às mudanças climáticas.

Pecuária leiteira e o desafio das emissões

De acordo com a pesquisadora Patrícia Perondi Anchão Oliveira, da Embrapa, reduzir emissões passou a ser mais um fator estratégico na tomada de decisão do produtor rural. “A atividade leiteira precisa garantir segurança alimentar às futuras gerações, com menor impacto ambiental e atendendo a um mercado cada vez mais exigente”, afirma.

Protocolo 1: Mitigação da emissão de metano pelos animais

O primeiro protocolo trata da redução do metano entérico, gás liberado majoritariamente pela eructação dos bovinos. Embora seja um processo natural da digestão dos ruminantes, sua intensidade pode ser reduzida com melhorias no manejo e na eficiência produtiva.

Entre as principais estratégias recomendadas estão:

Estudos da Embrapa indicam que animais saudáveis e produtivos emitem menos metano por litro de leite, reduzindo a pegada de carbono da atividade. Diferenças genéticas também influenciam esse resultado, com vacas holandesas apresentando menor emissão por litro em comparação a girolandas.

FOTO: Divulgação l Embrapa

Protocolo 2: Redução da emissão de amônia e óxido nitroso no solo

O segundo protocolo aborda a redução das emissões de óxido nitroso (N₂O) e amônia (NH₃), gases associados principalmente ao uso de fertilizantes nitrogenados e dejetos animais.

O N₂O possui potencial de aquecimento global 298 vezes superior ao CO₂, enquanto a amônia representa perdas econômicas ao produtor, pois parte do fertilizante aplicado se perde no ambiente.

As práticas recomendadas incluem:

Além do benefício ambiental, essas ações aumentam a eficiência agronômica e reduzem custos com insumos.

Protocolo 3: Manejo de solos para acúmulo de carbono

O terceiro protocolo destaca o papel do solo como reservatório de carbono, capaz de retirar CO₂ da atmosfera e armazená-lo na forma de matéria orgânica.

Práticas como:

são fundamentais para aumentar o sequestro de carbono. Em sistemas integrados, o crescimento de árvores pode compensar parte das emissões dos animais, fortalecendo a sustentabilidade da atividade.

Investimento inicial e retorno ao produtor

Segundo Alexandre Berndt, chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, o custo inicial ainda é um desafio para muitos produtores. No entanto, ele ressalta que a adoção das tecnologias eleva a produtividade e a eficiência, permitindo maior rentabilidade ao longo do tempo.

Políticas públicas como o Plano ABC+, além de iniciativas de cooperativas, associações e indústrias de laticínios, são consideradas fundamentais para apoiar o pecuarista nessa transição.

Os novos protocolos de baixo carbono mostram que é possível produzir mais leite, com menor impacto ambiental e maior eficiência econômica. Avaliar o manejo do rebanho, do solo e da nutrição agora pode garantir vantagem competitiva e sustentabilidade no futuro da atividade.

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