Em Mato Grosso, a irregularidade das chuvas prejudica pastagens, causa morte de animais e ainda pode comprometer a reposição de abates no próximo ano. Na propriedade do pecuarista Olímpio Risso de Brito, por exemplo, o cenário é devastador, já que o município de Denise apresenta aparência de quase deserto, com uma estiagem prolongada que consumiu 100% dos 1.700 hectares de pastagem e deixou 3,6 mil animais sem alimentação.
“Em meados de maio até o final de novembro ficamos com 40 milímetros de chuvas, geralmente tínhamos mais de 400 milímetros neste mesmo período. Tivemos que esparramar o gado por toda a fazenda e acabou degradando de uma maneira geral”, disse.
No sistema extensivo, o pecuarista trabalha o ciclo completo na fazenda, com cria, recria e engorda. Para tentar suprir a baixa oferta de pasto e evitar novas perdas, o criador recorre à compra de capulho de algodão, bagaço e resíduos de cana. O suplemento no cocho, no entanto, não é o suficiente para manter o desempenho do rebanho.
“Na média, perderam mais de 100 kg por animal, só neste período, e uma coisa que é interessante é que quando começa a sair o capim, é um capim mole e aquoso, e assim os animais continuam perdendo peso. O que vem é um sentimento de impotência, como se estivéssemos presos, pois usamos tudo o que temos de conhecimento para suavizar esse tipo de tragédia”, completou o pecuarista.