É quase como a relação com um banco, em que você deposita um investimento para depois sacar os dividendos. Um grupo de fazendas que integram a Liga do Araguaia, um conjunto de produtores que buscam o desenvolvimento da pecuária do Vale do Araguaia mato-grossense, está investindo na sustentabilidade, reduzindo as emissões de carbono e, em alguns casos, depositando nos solos para sacar mais arrobas por hectare, colhendo mais dinheiro ao passo que prestam serviços ao mundo. Nesta quinta, dia 15, uma reportagem especial do Giro do Boi apresentou a iniciativa Carbono Araguaia, que conquistou resultados expressivos desde que foi lançada, em 2016.
Em entrevista ao Giro do Boi, Roberto Strumpf, diretor da Pangeia Capital, parceira da Liga do Araguaia no que diz respeito à parte de crédito de carbono, destacou os resultados. “A gente monitorou alguns indicadores, além daquele que é o mais importante, que é a redução das emissão (de GEE) absoluta da área como um todo. Alguns indicadores que a gente acompanhou foram, por exemplo, tamanho da área que foi recuperada, de 28 mil hectares, ou seja, houve um aumento de 54% na área recuperada no sistema. Quando eu falo sistema, são as pastagens das 24 fazendas somadas. Também o tempo de abate dos animais, que reduziu de 28 meses no início do projeto para 24 meses, em algumas fazendas para até 22 meses. As emissões (de GEE) por hectare foram reduzidas em 57%, as emissões por cabeça reduziram em 122% na somatória das fazendas. A gente alcançou, segundo os números utilizados pela Pangeia Capital, uma redução de aproximadamente 282 mil toneladas de CO² equivalente ao longo desses cinco anos, o que representa, para comparar para quem está nos ouvindo, o equivalente ao que 180 carros 1.0 com motor a gasolina emitem por ano”, destacou Strumpf.
Roberto detalhou o trabalho feito para alcançar os resultados. “A gente trabalhou principalmente com as pastagens através de um processo de assistência técnica e monitoramento no campo, auxiliada por um processo de auxílio técnico remoto da equipe da Pangeia Capital, buscando identificar qual era o pacote tecnológico ideal para recuperação sustentável, seja reforma, em alguns casos…. A gente identificou a migração para sistemas de integração lavoura-pecuária e foi bastante satisfatório ver isso. Então foram recuperação, reforma e integração lavoura-pecuária os três principais sistemas em que foram as ações implementadas”, resumiu.
O pecuarista Moacir Barbosa, titular da Fazenda Dois Irmãos, em Torixoréu-MT, participou o projeto dentro da Liga do Araguaia e contou sua experiência à equipe de reportagem do Giro do Boi.