O litro do leite atingiu em agosto o maior preço da série histórica da média Brasil, calculada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O indicador passou de R$ 1,37 para R$ 1,94 por litro, entre janeiro e agosto, e acumulou uma alta de 43,5% em 2020.
De acordo com a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, a alta dos preços está relacionada a um contexto de oferta restrita e demanda firme. “Essa alta de preços em 2020 está relacionada a um contexto de oferta limitada e a uma demanda que seguiu firme por conta do auxílio emergencial. E essa oferta limitada está ligada a questões climáticas que foram mais severas este ano, então intensificaram os efeitos da entressafra. Também temos que lembrar do dólar que está mais valorizado frente ao real, que impediu volumes expressivos de importação no primeiro semestre. Observamos também redução de estoques de derivados lácteos, que está ligada a recuperação do consumo nesse momento da pandemia ancorada a programas de auxílio emergencial”, analisa Grigol.
Apesar da alta no preço, o aumento de custos da produção limitou o ganho de renda do produtor. O índice de custo de produção do leite (ICPLeite/Embrapa) mostrou alta acumulada de 5,59% em 2020 e de 9,60% nos últimos 12 meses. O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Paulo Martins, destaca o aumento de custo da alimentação concentrada. “A gente tem percebido um crescimento do custo de produção continuamente no leite. Um dos pontos principais é a questão da alimentação concentrada, ração, milho e soja ficaram muito caros nos últimos tempos”, afirma.