DE OLHO NAS OPORTUNIDADES

Mercado de carne halal tem grande potencial e pode beneficiar o Brasil

Projeção indica que um terço do Oriente Médio deve professar a fé islâmica até 2030, aumentando a demanda por proteína com método de produção diferenciado

Por Brenda Neri, de São Paulo

No ano passado, o Brasil exportou ao Oriente Médio o equivalente a US$ 8,796 bilhões em carne halal, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em janeiro deste ano, os embarques somaram US$ 622,281 milhões.

Apesar da queda de 18% no volume vendido ao exterior em relação a 2019, o analista de mercado Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, diz que a tendência é que haja uma retomada deste mercado ao longo de 2021. “Tem um potencial muito grande. São mais de 1,6 bilhão de pessoas islâmicas ao redor do mundo. Isso faz uma diferença muito grande”, argumenta.

O vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas no Brasil (Fambras), Ali Zoghbi, afirma que 20% da população islâmica consome produtos halal, então o horizonte é bastante promissor. “São países com uma capacidade de consumo muito grande, tanto em termos de quantidade populacional quanto em termos de capacidade de compra”, diz.

Segundo Ali Zoghbi, a proporção deve aumentar para um islâmico a cada três cidadãos totais do Oriente Médio até 2030.

A federação foi pioneira na certificação de carne halal, em 1976, que dá segurança aos consumidores quanto à forma de produção. “Halal significa lícito na língua arabe. É o consumo que deve proporcionar segurança, comportamento ético na produção, então precisa desse selo para que essas etapas sejam atingidas e a gente tenha segurança de consumo”, diz.

Segundo o vice-presidente da federação, a primeira medida é evitar contato com suínos, derivados e tudo o que possa afetar de maneira negativa a saúde humana. “É feita toda uma supervisão, desde o início do processo de criação: a alimentação, condicionamento, e inclusive às questões de caixa de embalagens, de comunicação com o consumidor, de maneira bastante precisa e clara”, conta.

Depois disso, deve haver uma sangria completa desse animal através do processo de degola, feita com equipamentos muito afiados, para que esse animal sofra o mínimo possível. “É regra que haja escoamento total de sangue. Para isso, esse animal precisa estar vivo para que seja feito esse processo de degola e esse bombeamento aconteça com a qualidade necessária para que o sangue não seja fator de contaminação, preservando a saúde humana”, pontua Zoghbi.

Mercados

Os Emirados Árabes se destacam como principal país importador de carne halal, seguido pela Arábia Saudita, Irã, Omã e Bahrein. Já os principais estados brasileiros a fornecerem o produto são Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Para a maior consolidação do halal, o vice-presidente da Fambras diz que o Brasil precisa abrir novos mercados e fortalecer a produção.

“Entendo que devemos fortalecer, consolidar, cada um dentro das suas atribuições. O governo federal se aproximando mais dos países de maioria islâmica diplomaticamente. O Ministério da Agricultura também fazendo um trabalho para abrir outros mercados, eu cito a Indonésia, Paquistão, entre outros”, diz.

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