ANÁLISE

Preço do frango, suíno e boi não acompanha alta do milho e farelo da soja, diz Scot

Neste ano, os preços estão em média 86,9% e 101,8% maiores. De acordo com a consultoria, o cenário ocorre por causa do dólar em alta, dos bons volumes exportados

Por Estadão Conteúdo
17 de novembro de 2020 às 17h35
Navio sendo carregado com farelo de soja, grãos

Foto: Fabio Scremin/APPA

Os principais insumos que compõem a ração de aves, suínos e bovinos – milho e farelo de soja – tiveram expressiva alta de preço em outubro, comenta a Scot Consultoria, em sua “Carta conjuntura”. O milho subiu 25,7% de setembro para outubro e o farelo, 25,1%.

“Neste ano, os preços estão em média 86,9% e 101,8% maiores, respectivamente”, assinala a consultoria, explicando que o cenário ocorre por causa do dólar em alta, dos bons volumes exportados desses grãos e dos estoques em baixa no mercado doméstico. Desta forma, a remuneração dos pecuaristas, embora tenha melhorado, ainda não foi suficiente para fazer frente à alta dos insumos alimentares.

No caso dos frangos de corte, em outubro, nas granjas no interior de São Paulo, os preços avançaram em média 4,9% ante setembro, com alta de 36,1% desde o início do ano. “O pagamento (ao avicultor) em outubro foi 30,3% maior em relação a igual mês de 2019”, cita a Scot no relatório. Em relação à pecuária de corte, em São Paulo, a cotação média da arroba do boi gordo subiu 6,9% ante setembro.

“Desde o início do ano, a remuneração aos produtores está 39,8% maior e, comparando o fechamento de outubro ao mesmo período do ano anterior, a alta é de 60,8%”, cita o relatório. Quanto à suinocultura, o produtor foi quem menos sentiu os impactos da alta de preços dos insumos. Os preços do suíno terminado dispararam 17,1% em outubro ante setembro.

“Desde o início do ano a alta acumulada é de 72,1% e, no comparativo anual, a remuneração ao suinocultor está 75,6% maior”, continua. Mesmo com altas de preços pagos aos produtores de frango, suíno e boi, porém, a relação de troca com milho e farelo de soja não foi tão favorável em outubro.

O pecuarista de gado de corte viu a relação de troca com esses insumos cair 14,9% e 14,5% frente ao milho e ao farelo de soja, respectivamente. Para os avicultores de corte, a queda também foi significativa, de 16,6% e 16,1% O suinocultor, por outro lado, sentiu a valorização de modo, comparativamente, menos dramático, apesar do recuo na relação de troca. Para o milho e farelo de soja, as relações regrediram 6,8% e 6,4%, respectivamente.