PROJEÇÃO

Suínos: exportações para a China devem perder força em 5 anos, prevê analista

Por outro lado, especialista diz que mercado chinês seguirá como maior comprador de carne suína, mesmo com aumento do plantel

Por Paulo Santos, de São Paulo
29 de dezembro de 2020 às 13h19
criação de suínos, embrapa, inta, granjas

Foto: Ministério da Agricultura

O ano de 2020 será recorde para as exportações de carne suína do Brasil. Até novembro, o país aumentou em 26,2% o volume embarcado em relação a 2019, que até então era o recorde das exportações. No fechamento de 2020, os embarques do produto devem somar 1,03 milhão de toneladas, segundo projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Principal comprador do Brasil, a China se destacou nas aquisições de carne suína. Até novembro, os embarques ao país asiático mais que dobraram em volume, com crescimento de 106,9% na comparação com 2019. No entanto, para o analista de mercado da Scot Consultoria, Felipe Fabbri, esse resultado será afetado em um médio prazo, a partir do plano de recuperação do rebanho suíno na China.

“O mercado brasileiro deve se preparar para, nos próximos 5 anos, talvez, ver os volumes embarcados atualmente reduzindo, em função desse movimento natural de recuperação do rebanho chinês. O crescimento do plantel na China abre espaço para que o mercado brasileiro busque novos parceiros internacionais nos próximos anos”, destaca Fabbi.

Nesse sentido, o analista diz que as vendas brasileiras de carne suína para o próximo ano já devem ser afetadas, isso porque os rebanhos de suínos da China tiveram recuperação de mais de 90% dos níveis normais até o final de novembro. Além disso, a relação entre Estados Unidos e China também deve ter reflexo nas exportações. “Devemos esperar bons ritmos para 2021, mas com um ímpeto menos acelerado do que o observado em 2020”, projeta o analista.

“Por outro lado, o Brasil deve se manter como grande parceiro chinês ao considerarmos a questão cambial para os próximos anos. Com a moeda norte-americana valorizada, nosso produto segue competitivo no mercado internacional, o que favorece nossas exportações até esse momento de retomada do rebanho chinês”, complementa.

Neste ano, até novembro, os embarques de carne suína para China e Hong Kong representaram 54,9% e 12,6%, respectivamente. Juntas, as regiões representaram 67,5% do volume total. No faturamento, as regiões representam 54,7% do total com exportações.

Exportações em dezembro

Em dezembro, o ritmo dos embarques se manteve elevado. As exportações de carne suína fresca, refrigerada ou congelada somaram 64,155 mil toneladas na 4ª semana de dezembro. Apesar de o número ficar abaixo das 65,927 mil toneladas enviadas ao exterior em mesmo período de 2019, as exportações apresentaram crescimento constante no último mês do ano.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as vendas externas do produto saltaram de 14,755 mil toneladas na primeira semana deste mês, para 36,047 mil na segunda semana. Na semana seguinte, o volume foi de 49,638 mil toneladas, até o fechamento da quarta semana indicar 64,155 mil toneladas. Ao considerar os últimos dias úteis de 2020, as exportações devem atingir o montante de 70 mil toneladas em dezembro.