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EXPORTAÇÃO DE CARNE

China prorroga análise e mantém mercado aberto ao Brasil

Governo chinês estende prazo da investigação sobre carne bovina até novembro e evita medidas imediatas contra o Brasil, maior exportador do produto

Por Cássia Carolina
06 de agosto de 2025 às 11h06
China prorroga análise e mantém mercado aberto ao Brasil

FOTO: Reprodução Pixabay

A decisão do governo da China de prorrogar por três meses a investigação sobre carne bovina importada trouxe alívio para o setor pecuário brasileiro. A medida adiou para 26 de novembro a possível imposição de salvaguardas comerciais que poderiam afetar diretamente os embarques do Brasil, maior fornecedor do produto ao mercado chinês.

A investigação foi aberta em dezembro de 2024, a pedido de representantes da indústria e de pecuaristas chineses, que alegam prejuízos causados pelo aumento das importações nos últimos cinco anos. Embora o processo não seja direcionado exclusivamente ao Brasil, ele inclui os principais exportadores da proteína, como Austrália, Estados Unidos, União Europeia e Nova Zelândia.

Conforme divulgou o jornal Valor Econômico nesta terça-feira (6/8), o Ministério do Comércio da China informou que o adiamento da decisão ocorreu por conta da “complexidade do caso”. A extensão do prazo foi vista com bons olhos por representantes do setor produtivo no Brasil, que enfrentam um cenário externo de tensão comercial, especialmente após os Estados Unidos anunciarem uma tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira.

Brasil é líder nas exportações

A China consome aproximadamente 12 milhões de toneladas de carne bovina por ano, sendo 2,5 milhões provenientes de importações. O Brasil responde por mais da metade desse volume: somente em 2024 foram embarcadas 1,3 milhão de toneladas da proteína brasileira para o país asiático, o equivalente a 10% do consumo total chinês.

No primeiro semestre de 2025, os frigoríficos brasileiros exportaram 641,1 mil toneladas para a China, o que representa um crescimento de 13,4% em relação ao mesmo período de 2024. Em faturamento, o avanço foi ainda mais expressivo: US$ 3,2 bilhões, uma alta de 28,2% segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

Carne brasileira complementa o mercado chinês

A defesa brasileira apresentada no processo chinês tem como ponto central o argumento de que a carne bovina exportada pelo país não compete com a produção local, mas sim a complementa. Isso porque a maior parte da proteína embarcada é destinada ao processamento nas indústrias chinesas.

Essa estratégia busca demonstrar que o produto brasileiro não representa ameaça direta ao mercado interno da China, reforçando a importância das exportações para o equilíbrio da cadeia produtiva no país asiático.

Embora ainda exista a possibilidade de que a China adote cotas ou tarifas ao final da investigação, o adiamento da decisão permite que o Brasil mantenha seu ritmo de exportações e preserve a confiança dos pecuaristas, que têm na China um dos seus principais destinos comerciais.