DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES RURAIS

Dia das Mulheres Rurais: Liderança feminina no campo rompe fronteiras para o agro

Em entrevista, Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da FAESP, destaca a importância da representatividade feminina para construir uma imagem mais justa do agronegócio brasileiro no mundo

Por Cássia Carolina

Celebrado mundialmente neste dia 15 de outubro, o Dia Internacional das Mulheres Rurais lança luz sobre o papel fundamental que elas desempenham na economia, na segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável. No Brasil, onde aproximadamente 14 milhões de mulheres vivem e trabalham no campo, a data reforça a luta por reconhecimento, segurança e acesso a recursos essenciais como saúde, água e terra.

Dia das Mulheres Rurais Liderança feminina no campo rompe fronteiras para o agro

Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP). FOTO: Arquivo pessoal

Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1995, a data visa elevar a consciência global sobre a contribuição feminina, que representa, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 40% da mão de obra agrícola nos países em desenvolvimento. Nesse cenário, a voz da liderança feminina tem se tornado cada vez mais potente, não apenas na gestão das propriedades, mas também na representação do setor em fóruns globais.

Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), é uma dessas vozes. Para ela, a crescente participação de mulheres em eventos internacionais é um divisor de águas. “Eu considero que essa participação é um marco histórico. É a prova de que as mulheres do agronegócio brasileiro não estão apenas na base da produção, mas também no topo, participando e influenciando as discussões globais”, afirma.

Um exemplo recente e de grande impacto foi a participação de uma delegação brasileira no Global Summit Women in Agritech, na Bélgica. O grupo, organizado pela Connexpand, mostrou a força da representatividade do setor e foi composto, além de Farah, por outras lideranças de peso: Teka Vendramini (ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira e conselheira da Embrapa), Luciana Tomain (presidente da Comissão da Mulher da FAMATO), Maxiely Scaramussa (presidente do Sindicato Rural de Paragominas), Cristina Nagano (presidente do Sindicato Rural de Bastos) e Gabriela Tomain (conselheira da Comissão da Mulher da FAMATO).

Uma nova abordagem para a sustentabilidade

Um dos maiores desafios do agronegócio brasileiro é a comunicação com o mercado internacional, que muitas vezes critica o setor, especialmente a pecuária. Para Juliana, a liderança feminina é uma peça-chave para desmistificar narrativas e apresentar um modelo de produção mais real e sustentável.

“A mulher do agro tem uma visão de longo prazo. Ela se preocupa com a família, com a comunidade e com a sustentabilidade do negócio, não somente pelas exigências, mas, especialmente, para as próximas gerações”, explica. “Essa abordagem feminina está relacionada à responsabilidade e ao cuidado, que são aspectos natos da mulher. Podemos ser a ponte para uma comunicação mais transparente e empática, destacando as práticas sustentáveis, a tecnologia e o bem-estar animal que já são realidades nas nossas fazendas”.

FOTO: Arquivo pessoal

Essa capacidade de gerar empatia, segundo Farah, abre portas para um diálogo mais eficaz. “A presença feminina em debates globais traz uma nova perspectiva. A mulher, em geral, costuma ter uma forma de comunicação mais colaborativa e menos combativa. Essa abordagem é capaz de construir novos caminhos, em vez de muros”, pontua.

Desafios, equilíbrio e um legado de coragem

Conciliar a rotina no campo com a missão de representar o setor em debates globais não é uma tarefa simples. “É um desafio, mas um desafio que me motiva”, confessa Juliana. Para ela, o segredo está no apoio de uma equipe competente e, principalmente, da família. “Equilibrar a vida em família com os afazeres do campo se assemelha a uma gangorra. Não se trata de uma fórmula matemática, mas de compreender as demandas e encontrar o ponto de equilíbrio”.

Ao ser questionada sobre o futuro, Juliana Farah espera deixar um legado de “coragem, ação e representatividade”. Sua mensagem para as próximas gerações é clara: capacitem-se, desenvolvam a liderança e ocupem seus espaços. “É primordial que estejamos sempre integradas com novas informações e tecnologias. Temos entidades importantes de suporte, como o SENAR, a FAESP e os Sindicatos Rurais, que oportunizam qualificação técnica de qualidade. Costumo dizer que precisamos ter fé na mulher que nascemos para ser. As portas que abrimos hoje são para que elas possam ir ainda mais longe amanhã”.

Olhando para o futuro, como a COP30 que será realizada no Brasil, Juliana acredita que o protagonismo feminino será essencial para a imagem do país. “As mulheres brasileiras têm o papel fundamental de mostrar um Brasil real, que produz alimentos de forma sustentável e que cuida da biodiversidade. Nosso papel é humanizar a discussão, apresentar as soluções que já aplicamos e mostrar ao mundo um lado do nosso país muito além dos estereótipos”, finaliza.

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