MELHORAMENTO GENÉTICO
Dieta de alta energia aumenta produção de embriões bovinos em mais de 20%
Pesquisa da Embrapa mostra que plano nutricional intensivo em novilhas Nelore eleva a produção de embriões, antecipa a puberdade e amplia o retorno econômico
FOTO: Divulgação l Carlos Frederico Martins
Um estudo da Embrapa Cerrados (DF) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) comprovou que o manejo nutricional pode ser decisivo para aumentar a eficiência reprodutiva dos rebanhos. Segundo a pesquisa, planos alimentares de alta densidade energética em curto prazo elevaram em 21% a produção de embriões bovinos in vitro em novilhas pré-púberes da raça Nelore, garantindo ainda retorno financeiro até 2,8 vezes maior em comparação a dietas convencionais.
Mais energia, mais embriões
Os testes mostraram que novilhas submetidas ao regime intensivo apresentaram maior produção de ovócitos e embriões, além de alcançarem precocemente peso ideal para reprodução. Os animais também tiveram maior deposição de gordura na carcaça, fator que antecipa a puberdade e melhora a qualidade embrionária.
Segundo o pesquisador Carlos Frederico Martins, da Embrapa Cerrados, “quanto mais jovens as novilhas ficarem prenhas e deixarem descendentes, mais compensador é para o sistema financeiramente”. A primeira prenhez aos 14 meses, em vez dos tradicionais 24 meses, reduz custos de produção e acelera os programas de melhoramento genético, encurtando o intervalo entre gerações.
Detalhes do experimento
O estudo avaliou 34 novilhas Nelore, divididas em dois grupos:
- Dieta convencional (PN1): ganho médio de 400 g/dia na seca e 700 g/dia na chuva.
- Dieta de alta energia (PN2): ganho de até 1 kg/dia, com silagem de milho e maior suplementação concentrada.
Os resultados impressionam:
- 49% a mais de ovócitos recuperados;
- 42% mais ovócitos viáveis;
- 21% a mais de embriões produzidos;
- Peso médio de 321 kg aos 12 meses, contra 309 kg no grupo convencional.
Com isso, as novilhas submetidas ao PN2 atingiram o peso ideal para reprodução entre 12 e 14 meses, encurtando o ciclo produtivo.
Retorno econômico
Apesar de mais cara, a dieta energética garantiu margens líquidas até 2,8 vezes maiores na produção de embriões, independentemente da técnica utilizada (a fresco, vitrificados ou criopreservados). A receita média foi 77% superior em relação ao grupo convencional, confirmando que o investimento é rapidamente compensado.
De acordo com a pesquisadora Isabel Ferreira, responsável pela análise financeira, “mesmo com maior custo operacional, o plano de alta energia obteve maiores receita, margem bruta e lucro operacional, provando ser uma estratégia viável para sistemas comerciais”.
Embriões de bezerras Nelore produzidos in vitro com Melatonina. FOTO: Carlos Frederico Martins
Melatonina como aliada
O estudo também avaliou o uso da melatonina, hormônio natural com ação antioxidante, em ovócitos e embriões cultivados in vitro. Os resultados mostraram aumento de até 13% na produção de embriões e qualidade próxima à obtida com vacas adultas.
Essa associação entre nutrição de alta energia e uso da melatonina pode se tornar um novo caminho para acelerar a reprodução em novilhas, encurtar o intervalo entre gerações e ampliar a base genética dos rebanhos.
Para o produtor, a pesquisa reforça que investir em embriões bovinos de novilhas jovens, com suporte nutricional adequado, pode garantir ganhos reprodutivos e financeiros consistentes. Além de aumentar a taxa de prenhez e reduzir a idade ao primeiro parto, a estratégia traz impacto direto na rentabilidade da fazenda e na competitividade do rebanho.