Gir leiteiro: genética brasileira avança na América Latina com avaliação genômica

Programa de melhoramento envia primeiras avaliações ao México e Bolívia e pretende alcançar outros 11 países em 2025

Por Gabriel Cavalheiro

A Embrapa Gado de Leite enviou ao México em setembro a primeira avaliação genômica de rebanhos da raça gir leiteiro naquele país, marcando um passo importante na internacionalização da genética bovina brasileira. Essa tecnologia já havia sido enviada anteriormente à Bolívia, em maio deste ano, e a expectativa é expandir o serviço para 11 outros países latino-americanos até 2025.

Entre os próximos a receber as avaliações estão Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico e República Dominicana.

A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), desenvolvido pela Embrapa em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL). Segundo o pesquisador da Embrapa Marcos Vinícius G. B. Silva, a exportação dessa genética coloca o Brasil em posição de destaque como referência no melhoramento de bovinos para regiões de clima tropical, consolidando a importância econômica da genética bovina para o país.

Para ter acesso ao serviço, os produtores internacionais devem enviar amostras genéticas dos animais, como sangue, sêmen ou pelos, para um laboratório especializado que realiza a genotipagem. Os dados são então analisados em uma estrutura avançada de bioinformática montada pela Embrapa Gado de Leite, em parceria com a Embrapa Agricultura Digital. Após o processamento, as informações são repassadas à ABCGIL, que as disponibiliza aos produtores.

A partir deste ano, os resultados também estarão acessíveis em um aplicativo desenvolvido pela Embrapa e ABCGIL, que oferecerá certificados de avaliação e permitirá o acompanhamento do progresso genético dos rebanhos.

O uso da avaliação genômica permite que os países latino-americanos interessados dobrem a velocidade do melhoramento genético, reduzindo os custos em mais de 50% em comparação aos métodos tradicionais. Ao cruzar dados fenotípicos com o genótipo dos indivíduos, a tecnologia identifica características como ganho de peso, produção e resistência a doenças, tornando-se uma ferramenta valiosa para regiões tropicais.

A tecnologia genômica entrou oficialmente no PNMGL em 2018, tornando o gir leiteiro a primeira raça zebuína leiteira do mundo a adotar esse método. Com isso, o Brasil fortalece seu papel de liderança na exportação de tecnologia genética e segue promovendo o melhoramento do rebanho leiteiro adaptado às condições tropicais.

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