Governo Trump: Impacto no Agronegócio Brasileiro

Veja como as políticas de Trump afetam exportações de carne, café e o comércio do agronegócio brasileiro com EUA e China

Por Cleide Assis
24 de janeiro de 2025 às 17h26

Imagem de divulgação

Os primeiros dias do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos já sinalizam mudanças significativas no comércio internacional, especialmente para o agronegócio brasileiro. A postura para muitos protecionistas, aliada à promessa de tarifas elevadas sobre importações, provoca incertezas e ajustes nas estratégias de exportação de produtos agropecuários brasileiros.

Com o novo cenário, o agronegócio brasileiro enfrenta o desafio de manter as exportações para os Estados Unidos, atualmente o segundo maior destino de produtos agropecuários do país. Em 2024, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em 2024, as exportações agropecuárias para os EUA somaram US$ 12 bilhões, com destaque para carne bovina, café, celulose e suco de laranja.
Representantes do setor avaliam que produtos essenciais como café e carne bovina podem escapar de medidas protecionistas mais severas, mas as negociações permanecem delicadas.

Já nos primeiros dias, o presidente retomou sua retórica de endurecimento comercial contra a China, indicando a possibilidade de uma nova guerra tarifária entre as duas potências. Vale destacar que se por um lado a exportação para o mercado americano é incerta, essa perspectiva pode beneficiar o Brasil, que se torna uma alternativa natural para produtos como soja, milho e carne bovina no mercado chinês.
Carne Bovina e Café: Desafios e Expectativas

O setor de carne bovina encerrou 2024 com recordes históricos de exportação. Os Estados Unidos foram o segundo maior mercado para a carne brasileira, atrás apenas da China. Apesar do temor de barreiras comerciais, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) mantém uma perspectiva otimista, prevendo expansão para novos mercados, como Japão e Coreia do Sul, em 2025.

No segmento de café, os EUA representaram 16,1% das exportações totais do Brasil em 2024, totalizando 8,1 milhões de sacas. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) acredita que as medidas de Trump provavelmente não incluirão o grão, dado seu impacto direto nos preços ao consumidor americano.
Impactos Econômicos Globais

A valorização do dólar, provocada pela política fiscal expansionista de Trump, já pressiona economias emergentes como o Brasil. A combinação de dólar mais forte e tarifas comerciais pode resultar em custos operacionais mais elevados para empresas brasileiras, além de impacto na inflação e nos juros internos.
Por outro lado, setores como mineração, siderurgia e petróleo podem encontrar oportunidades. A desvalorização do real e a competitividade das exportações podem beneficiar empresas como Petrobras e Gerdau, especialmente em um cenário de maior demanda americana por commodities.