CENÁRIO ECONÔMICO

Preço da carne nos Estados Unidos dispara e deve seguir em alta

Menor rebanho em décadas, seca e tarifa sobre o Brasil pressionam preços e mantêm tendência de alta até 2026

Por Cássia Carolina

O preço da carne nos Estados Unidos atingiu patamares recordes e deve continuar em alta pelos próximos anos, segundo análise publicada pelo jornal Exame. A disparada preocupa consumidores americanos, mas também abre espaço para reflexões estratégicas ao pecuarista brasileiro, que tem nos EUA um dos principais compradores de carne bovina.

Preço da carne nos Estados Unidos dispara e deve seguir em alta

FOTO: Reprodução l Anderson Farm

Menor rebanho em décadas pressiona o mercado

Em julho, a carne moída no varejo norte-americano registrou aumento de 3,9%, acumulando alta de 15,3% em apenas seis meses. O preço médio chegou a US$ 6,34 por libra (cerca de R$ 75/kg), segundo dados do Bureau of Labor Statistics (BLS). Já a carne para churrasco alcançou US$ 11,88 por libra, o equivalente a quase R$ 130/kg, com alta de 9% no semestre.

Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a oferta reduzida é resultado da combinação entre queda no rebanho bovino, que hoje é o menor desde 1952, e custos elevados com alimentação, agravados por períodos de seca no oeste do país. O inventário caiu de 92,6 milhões de cabeças em 2021 para 86,6 milhões atualmente.

O USDA projeta que os preços da carne bovina devem permanecer elevados até 2026, com tendência de alta no preço do gado pelo menos até 2025.

Tarifa de 50% sobre o Brasil pode agravar cenário

Outro fator de pressão vem do ‘tarifaço’ de 50% imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações brasileiras. A medida pode encarecer ainda mais o mercado, já que países como Argentina, Uruguai e Austrália têm preços superiores ao do Brasil. Em maio, os americanos pagaram em média US$ 6.143 por tonelada da carne brasileira, contra valores acima de US$ 6.700 por tonelada em concorrentes como Argentina e Uruguai.

Para Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a situação reflete o menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos nos EUA. “O Brasil exporta principalmente cortes dianteiros, usados na indústria americana de hambúrgueres. Esse segmento sente diretamente os efeitos da tarifa e da menor competitividade”, afirma.

Até junho de 2025, os Estados Unidos importaram 478 mil toneladas de carne bovina, sendo 147 mil toneladas vindas do Brasil, cerca de 31% do total, segundo a Abiec.

FOTO: Reprodução/CCBC

Impacto para o pecuarista brasileiro

Para o produtor no Brasil, esse cenário traz duas implicações:

No curto prazo, o preço da carne nos Estados Unidos serve como alerta para os pecuaristas brasileiros acompanharem a dinâmica internacional, uma vez que mudanças no mercado americano tendem a refletir também nas exportações nacionais e na precificação interna.

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