Em um cenário onde o mercado do leite brasileiro enfrenta turbulências significativas, como as recentes quedas consecutivas nos preços do leite pago ao produtor, um fenômeno que reflete não apenas as flutuações do mercado, mas também as mudanças na demanda e nos custos de produção, é necessário entender os fatores da desvalorização e buscar estratégias para amenizar o prejuízo.
Conforme a análise profunda de Juliana Pila, zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria, no pagamento de outubro, referente ao leite entregue em setembro, houve a quinta queda consecutiva nos preços do leite pago ao produtor. A média nos 18 estados pesquisados foi de R$ 2,13 por litro, representando uma queda de 6,2% em relação ao pagamento anterior. Essa foi a maior queda registrada no ano.
Entre as principais razões para a desvalorização incluem o aumento da disponibilidade interna de leite fluído e a demanda patinante. Pila destaca que a produção nacional de leite aumenta sazonalmente neste período do ano, devido às chuvas que melhoram as pastagens. Além disso, as importações de leite em pó, principalmente da Argentina e do Uruguai, quase dobraram em comparação com o mesmo período do ano passado, contribuindo para o recuo nos preços.
Ainda conforme a zootecnista, a demanda por produtos lácteos vem enfrentando dificuldades este ano, com a população ainda descapitalizada, o que impacta o consumo. Com a oferta crescendo e o consumo não acompanhando, os preços reduziram em toda a cadeia, tanto no atacado quanto no varejo.