MERCADO INTERNACIONAL

Com menor rebanho desde 1960, EUA precisam da carne brasileira, aponta Assocon

Presidente da Assocon afirma que a carne brasileira continua competitiva no mercado global e critica tentativa de reduzir o preço da arroba no país.

Por Cleide Assis

A possível imposição de uma tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira por parte dos Estados Unidos gerou incertezas no setor, mas não chega a abalar a confiança dos produtores. É o que afirma o presidente da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Maurício Velloso, em entrevista ao Canal Rural.

Foto: Divulgação

Segundo ele, embora os Estados Unidos tenham se tornado um mercado crescente para a proteína brasileira — com alta de 104% nas compras entre 2024 e o primeiro semestre de 2025 —, o país ainda representa uma parcela pequena das exportações totais do Brasil. “Exportamos para mais de 160 países. As 185 mil toneladas embarcadas aos EUA podem ser facilmente diluídas em outros mercados”, afirma.

Reação do setor à tentativa de pressão nos preços

Velloso também condena a tentativa de alguns frigoríficos em reduzir o valor pago ao pecuarista sob a justificativa da nova tarifa. “Isso vai contra os interesses de toda a cadeia produtiva. O pecuarista não pode ser penalizado por uma decisão política externa”, destaca.

Situação crítica nos Estados Unidos favorece Brasil

Um ponto importante trazido pelo presidente da Assocon é a fragilidade atual do setor pecuário norte-americano. “Hoje, o rebanho dos EUA é o menor desde 1960, enquanto o consumo interno e as exportações aumentaram. Essa combinação os torna ainda mais dependentes da proteína de fora”, contextualiza.

O Brasil leva vantagem por oferecer carne bovina a preços mais acessíveis — aproximadamente um terço do custo da arroba americana. Além disso, a proteína brasileira atende a um nicho estratégico nos EUA: a fabricação de hambúrgueres e almôndegas, que movimenta grande parte da indústria de alimentos no país.

Confiança na produção e no futuro do setor

Para Velloso, a medida anunciada pelo governo de Donald Trump pode, inclusive, gerar impactos mais negativos para os próprios Estados Unidos. Ainda assim, ele espera que a tarifa seja revista antes de entrar em vigor, prevista para 1º de agosto.

“Nós, confinadores, seguimos produzindo com responsabilidade, garantindo oferta para atender tanto o mercado interno quanto o externo. Já superamos crises maiores e vamos seguir firmes”, finaliza.

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