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COMÉRCIO EXTERIOR

Tarifaço: Lula debate sobretaxa com Trump e abre canal de negociação para o agronegócio

Em conversa por telefone, presidente brasileiro pede fim da sobretaxa que ameaça exportações do agronegócio e designa vice-presidente e ministros para negociar diretamente com Washington

Por Cássia Carolina
06 de outubro de 2025 às 17h06
Tarifaço Lula debate sobretaxa com Trump e abre canal de negociação para o agronegócio

FOTOS: Gage Skidmore l Fabio Rodrigues-Pozzebom

O futuro das exportações do agronegócio brasileiro, especialmente da pecuária, entrou na pauta da mais alta esfera da diplomacia mundial nesta segunda-feira (6/10). Em uma conversa por telefone de 30 minutos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva debateu com o presidente americano, Donald Trump, o tarifaço de 40% imposto sobre produtos brasileiros. A informação foi confirmada em nota oficial do governo.

A chamada, descrita como “amistosa”, colocou frente a frente a preocupação do produtor rural brasileiro e a política protecionista dos EUA. Para o pecuarista, uma sobretaxa dessa magnitude representa um golpe direto na competitividade da carne, do couro e de outros derivados, podendo fechar portas no crucial mercado norte-americano.

Segundo a nota, Lula foi enfático ao solicitar a “retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais”. O presidente brasileiro argumentou que o Brasil é um parceiro comercial histórico e um dos poucos países do G20 com quem os Estados Unidos possuem superávit comercial, tornando o tarifaço uma medida ainda mais incompreensível para o setor produtivo.

Negociação de Alto Nível e Cúpula à Vista

A resposta ao apelo brasileiro foi imediata. O presidente Trump designou o Secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações. Do lado brasileiro, a importância dada ao assunto ficou clara pela escalação de uma equipe de peso: o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Além de abrir o canal de negociação ministerial, ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. Lula já colocou opções concretas na mesa, sugerindo que a reunião aconteça durante a Cúpula da Asean, na Malásia, ou aproveitando a vinda de Trump ao Brasil para a COP30, em Belém (PA). O presidente brasileiro também se dispôs a viajar aos Estados Unidos para acelerar uma solução.

Essa movimentação diplomática, que culminou com a troca de telefones pessoais entre os presidentes para uma “via direta de comunicação”, é um sinal claro de que a pressão sobre o tarifaço será intensa. O agronegócio agora aguarda com expectativa os resultados práticos dessa nova fase de diálogo, esperando que o bom senso prevaleça e que a ameaça que hoje assombra o campo seja revertida.