22 de maio de 2021 às 17h05

Manejo permite aumentar lotação no pasto com sustentabilidade

Com o manejo adequado do sistema de produção pecuário é possível ter 125% a mais de animais por hectare e um peso de carcaça/ha 163% superior em relação ao manejo convencional, garantindo a qualidade do produto final, a fixação de carbono no solo e o controle das emissões de metano. Os dados integram o primeiro protocolo para produção de carne com baixa emissão de carbono no Brasil, a Carne Baixo Carbono (CBC) ou Low Carbon Brazilian Beef (LCBB). A Embrapa, responsável pelo estudo, obteve os dados em uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) de pecuária de corte, localizada no Cerrado baiano, com avaliações de estoque de carbono no solo, ganho de peso dos bovinos, qualidade da carne e emissão de metano.

Conforme a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul (RS) Márcia Silveira, que coordena o trabalho de validação do protocolo, a marca-conceito CBC busca valorizar sistemas pecuários que não possuem o componente florestal, mas que apresentam potencial de mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEEs) por meio do adequado manejo da pastagem e adoção de boas práticas agropecuárias.

“O estudo buscou avaliar a produção de bovinos de corte em sistemas com pastagens bem manejadas no intuito de validar as diretrizes em ambiente comercial. Os resultados iniciais demonstram que, pela implementação das diretrizes CBC, é possível garantir produtividade e qualidade da carne, de forma a aumentar a lucratividade do produtor, sem abrir mão da manutenção ou aumento do estoque de carbono do solo e da mitigação da emissão de GEEs, além do efeito poupa-terra, relacionado aos ganhos de produtividade do sistema, que possibilitam o aumento da produção de carne com menor pressão sobre a vegetação nativa”.

Emissões de metano

A intensidade de emissão não variou entre os manejos, apresentando valor médio de 6,3 kg de CO2-equivalente por quilo de carcaça. “O manejo CBC possibilitou um aumento de 125% no número de animais por hectare e de 163% em quilo de carcaça pela mesma área em relação ao manejo convencional, indicando um importante efeito poupa-terra, além do potencial de maior incorporação de carbono no solo para manutenção da condição produtiva da pastagem e de mitigação das emissões de gases de efeito estufa do sistema”, frisa o pesquisador Roberto Giolo.

Como foi feita a pesquisa para o manejo?

O estudo de caso teve início em maio de 2019 na Fazenda Santa Luzia, pertencente à Fazenda Trijunção, localizada em Jaborandi (BA). A propriedade é referência na produção de bovinos de corte mediante as Boas Práticas Agropecuárias (BPA), com dados estruturados e sequenciais de todo o sistema produtivo. A URT foi composta por dois talhões, bem como por uma área de vegetação nativa (Cerrado). O primeiro talhão, com a forrageira Brachiaria brizantha cv. Marandu, conta com 115 hectares divididos em quatro piquetes, representando o manejo convencional. O segundo talhão, de pastagem recuperada, com Brachiaria brizanthacv. BRS Piatã, conta com 85 hectares, também dividido em quatro piquetes e manejado segundo as diretrizes técnicas para produção de carne com baixa emissão de carbono em pastagens tropicais (CBC). As áreas foram usadas para recria e terminação de machos da raça Nelore.

Os dados da caracterização inicial (marco zero) do solo para o manejo CBC mostraram um estoque de 20,59 t ha-1 (tonelada por hectare) de carbono na camada de 0-20 cm do solo. O valor é superior ao encontrado no Cerrado nativo (15,18 t ha-1) e em pastagem sob manejo convencional (18,16 t ha-1). “Como esses valores foram obtidos em uma caracterização inicial, avaliações com intervalos de dois anos serão feitas para acompanhar a evolução desse carbono no solo das áreas avaliadas, entretanto, já é possível perceber que o estoque de carbono do solo para manejo CBC está acima dos demais”, explicam os pesquisadores responsáveis pela área, Flávia Santos e Manoel Ricardo Filho, da Embrapa Milho e Sorgo.

Com a manutenção da altura do pasto recomendada para a forrageira cultivada, o talhão com manejo CBC possibilitou cargas médias de 4,34 unidade animal (UA) por hectare contra 1,93 UA/ha no talhão sob manejo convencional, assim como possibilitou cobertura do solo sempre acima de 80%. Essa cobertura do solo sempre alta no talhão CBC visa contribuir com palhada para a matéria orgânica do solo e retenção de carbono no sistema. Ao longo do primeiro ano de avaliação, os animais dos talhões CBC e sob manejo convencional ganharam em média 154 kg e 149 kg a pasto, respectivamente. “Assim, além do maior número de UA por hectare, os animais do talhão CBC entraram mais pesados no confinamento e chegaram ao peso de abate com pelo menos 20 dias a menos de confinamento em relação aos animais do talhão sob manejo convencional”, ressalta Márcia.

“Com a fertilização dos pastos, suplementação estratégica e manejo correto, foi possível garantir alta produção de peso corporal por unidade de área no talhão CBC, sendo que os valores de produtividade registrados estão acima da média da produtividade brasileira. Já no talhão sob manejo convencional, apesar de o ganho médio diário não ter sido muito diferente do talhão CBC, observou-se um ganho por área aquém do potencial”, destaca a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul.

Qualidade da carne

Na avaliação de carcaça e qualidade de carne dos animais do talhão CBC, foram registrados pesos médios de abate e de carcaça de 573 kg e 306 kg, respectivamente, proporcionando um rendimento médio de carcaça da ordem de 53,4%, sendo que 100% das carcaças apresentaram acabamento tipo 3 (gordura mediana) e maturidade de dois dentes. Para a análise da qualidade da carne, foi observado que o escore médio de marmorização foi de 7,7, ou seja, a marmorização média foi do tipo pequena.

A força de cisalhamento (corte) média foi de 6,3 kg, variando entre 4,87 e 8,17 kg. “Enquanto nenhum animal apresentou carne considerada dura, praticamente dois a cada três animais apresentaram carne com menos de 7 kg, o que poderia ser considerada como carne aceitavelmente macia se avaliada por um painel de degustadores treinados. Assim, a qualidade da carne, a marmorização e a força de cisalhamento observadas são compatíveis com os sistemas de produção existentes no Brasil e atendem ao que o mercado exige”, destaca o pesquisador da Embrapa Gado de Corte responsável pelos dados, Gelson Feijó.

10/06/2021 às 08h35

Boi gordo: contrato para outubro está em R$ 330 por arroba

O boi gordo continua com a oferta restrita no mercado físico e o preço da carcaça bovina se sustenta na maioria dos estados brasileiros. Em –

Leia Mais
10/06/2021 às 06h33

Milho: com piora das lavouras, quebra em Patos de Minas (MG) deve ser de 50%

O quadro de desenvolvimento das lavouras de safrinha em Patos de Minas, no centro-oeste de Minas Gerais, piorou ainda mais com o clima seco e –

Leia Mais
10/06/2021 às 06h01

BRF investirá R$ 121 milhões na unidade de Dourados (MS)

A BRF anunciou investimentos de R$ 121 milhões na sua unidade no município de Dourados, no Mato Grosso do Sul, que atende tanto o mercado –

Leia Mais
09/06/2021 às 18h01

Instituto de Zootecnia de São Paulo tem novo diretor

O pesquisador Enilson Geraldo Ribeiro assumiu a diretoria do Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Doutor –

Leia Mais
09/06/2021 às 17h45

Boi: preços devem continuar em alta no curto prazo, diz Safras

O mercado físico de boi gordo registrou preços de estáveis a mais altos nesta quarta-feira. “O ambiente de negócios ainda sugere pela continuidade do movimento –

Leia Mais
09/06/2021 às 15h55

Seguro rural para pecuária de corte será avaliado pelo Ministério da Agricultura

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizará no dia 25 de junho, às 15h, uma videoconferência do projeto Monitor do Seguro Rural, dedicada –

Leia Mais
09/06/2021 às 12h34

Inflação: carnes sobem 2,24% em maio, aponta IBGE

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,83% em maio, 0,52 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de abril (0,31%). Foi –

Leia Mais
08/06/2021 às 18h40

Valores do boi gordo encontram equilíbrio em SP, mas preço ainda é elevado

O mercado físico de boi gordo registrou preços predominantemente mais altos nesta terça-feira, 8. “O ambiente de negócios sugere pela continuidade do movimento, principalmente na –

Leia Mais
08/06/2021 às 17h36

Falta de contêineres pode prejudicar exportações de carne de frango no RS

A falta de contêineres está reduzindo as exportações de carne de frango e outros produtos da cadeia produtiva, como ovos e derivados. A alegação é –

Leia Mais
08/06/2021 às 17h31

Milho: Quebra na safrinha é elevada para 40% em Goiatuba (GO)

As estimativas de perdas na safrinha de milho em safrinha em Goiatuba, no sul de Goiás, aumentaram ainda mais  devido ao clima seco na região, –

Leia Mais