China deve enfrentar desabastecimento quando voltar a comprar do Brasil
O embargo chinês à carne brasileira completa três meses nesta sexta-feira (3), causando efeitos em toda a cadeia.
A própria China deve enfrentar desabastecimento quando voltar a comprar, com menos animais confinados e queda nos abates, a oferta de carne segue reduzida.
Pode faltar produto para abastecer a China, quando o país asiático voltar a comprar a carne brasileira. Analistas e o próprio setor, estimam que a normalização pode levar entre dois ou três meses.
Segundo o gerente-executivo de confinado da JBS, José Roberto Bischofe, o primeiro trimestre é um período de maior dificuldade de confinamento. “É quando acontece um delay do furo do animal do mês de setembro, outubro. A retomada começa neste momento, com boi magro entrando no cocho”, explica.
De acordo com o presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva, Maurício Velloso, o Brasil caminha para um hiato de oferta. “Vai acontecer um momento entre o período que estamos vivendo hoje e o primeiro trimestre do ano que vem, em que a restrição de oferta vai ampliar. Logo não teremos animal de confinamento e nós ainda não temos o boi de pasto”, diz.
No campo
Para o pecuarista, a redução no ritmo de produção e consumo significa custo maior, com o gado ficando mais tempo no confinamento ou com um tempo ocioso maior entre um lote e outro.
O pecuarista Nelso Marcon, do interior de São Paulo, conta que tem animais que estão no semiconfinamento. “Não fechei mais animais, não comprei mais animais para engorda. Quanto mais quieto, menor o prejuízo”, conta.
Consumidor
No mercado doméstico, o preço da carne não alterou e segue em patamar elevado. “Eu estava acostumada a comprar carne para o mês, agora é no máximo 15 dias. É sempre um susto”, afirma a secretária Luciene de Carvalho Reis.
A aposentada Sueli de Jesus diz que é preciso pesquisar muito antes de comprar. “Está muito caro”, conta.
O valor da carne no ponto final da cadeia pode subir ainda mais quando a China voltar ao mercado. É que a disputa de oferta e demanda será ainda mais intensa entre consumo doméstico e internacional.
Segundo a Sophia Honigmann, analista de mercado da Scot Consultoria, em dezembro e janeiro, o Brasil ainda vai ter um cenário de oferta enxuta. “É preciso ter cautela. Apenas a partir de fevereiro e março, é que o cenário pode mudar”, explica.
Ela afirma ainda que a margem da indústria está muito abaixo do que era esperado. “O consumo agora no fim do ano ainda tem um incremento por causa das festas de fim de ano, mas em janeiro, tudo depende da volta da China. Mas não esperamos quedas na ponta final da cadeia em função da oferta, que vai continuar enxuta”, complementa.
Neste embate comercial, perde a China, perde o consumidor e perde o pecuarista. Perde a pecuária brasileira.
VEJA TAMBÉM
Preço da arroba do boi gordo recua em São Paulo; confira os destaques desta quarta-feira
Boi: arroba recua em São Paulo, diz Safras & Mercado Milho: Campinas (SP) segue com saca perto dos R$ 100 Soja: indicador do Cepea supera –
Leia MaisVenda de sêmen angus produzido no Brasil cresce 36,68% no primeiro semestre
O Brasil ampliou em 36,68% a comercialização de doses de sêmen angus produzidas em território nacional no primeiro semestre de 2021. Os dados, divulgados pela –
Leia MaisBenedito Rosa fala sobre importância da tecnologia para diagnosticar PSA
O Ministério da Agricultura informou nesta terça, 17, que a rede de laboratórios federais de defesa agropecuária está apta para atuar na hipótese de uma –
Leia MaisBoi gordo: arroba desvaloriza até R$ 2 nesta terça, 17
O mercado físico de boi gordo registrou preços estáveis nesta terça-feira, 17. Segundo o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a dinâmica de –
Leia MaisBoi gordo: diferencial de preço da arroba entre MT e SP cresce em julho
O leve avanço nas cotações da arroba do boi gordo em São Paulo ante o recuo nos preços de Mato Grosso resultou no alargamento de –
Leia MaisCarne bovina: Argentina estabelece cota de exportação para Israel
A Argentina aprovou uma cota adicional de 3.500 toneladas por mês de carne bovina kosher para exportação a Israel. O governo detalha que esta cota –
Leia MaisMinistério da Agricultura ressalta preparo do Brasil contra peste suína africana
A Rede de Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (Rede LFDA) está apta para atuar na hipótese de uma possível introdução do vírus de peste suína –
Leia MaisMato Grosso abateu 4,7% mais bovinos em julho em relação a mesmo mês de 2020
O estado de Mato Grosso abateu 4,7% mais bovinos em julho em relação a igual mês de 2020, totalizando 431,34 mil cabeças, informou o Imea, –
Leia MaisCom falta de gado em MT, frigoríficos podem fechar, diz sindicato
A falta de animais para o abate pode paralisar as atividades em alguns frigoríficos de Mato Grosso, o maior produtor de carne bovina do país. –
Leia MaisJapão abre mercado para material genético avícola do Brasil
O Japão abriu seu mercado para a genética avícola do Brasil, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A abertura vale para empresas genéticas –
Leia Mais