15 de março de 2021 às 20h08

Crimes no campo contam com a participação de funcionários e parentes

O aumento de furtos e roubos de animais no campo tem preocupado produtores de todo o país. Em Santa Catarina e no Paraná, por exemplo, foram criados programas de patrulhamento rural, com a ajuda de GPS, para ajudar a polícia a identificar as propriedades e prestar socorro. Mas, de acordo com a polícia, muitas vezes a dica para os criminosos vem de onde menos se espera: dos próprios funcionários e até parentes das vítimas

Em janeiro, por exemplo, policiais do 43º Batalhão de Polícia Militar de Goiás receberam informações sobre um possível furto de gado seguido de abate, em uma propriedade rural de Firminópolis (GO). Uma viatura se deslocou até o local e conversou com uma testemunha. Ela teria contado aos policiais quem era um dos possíveis envolvidos no crime e identificado o modelo do carro utilizado para transportar o animal.

Esse homem foi localizado e abordado pelos agentes da PM e disse ter abatido o bovino a pedido do gerente da fazenda, que vendeu a carne a um açougue do município.Na sequência, os militares chegaram ao gerente da propriedade, que confessou que aquele tinha sido o quarto animal furtado da fazenda por ele e que todos os bovinos tinham sido vendidos ao mesmo estabelecimento comercial. Só a última venda tinha lhe rendido R$ 2,5 mil.

No mesmo mês, um suspeito, de 25 anos, foi denunciado pelos irmãos por furto de gado. De acordo a Polícia Civil de Minas Gerais, o investigado teria aproveitado que o pai, um idoso de 65 anos, estava doente, para subtrair mais de 80 animais da fazenda.

Segundo o vice-presidente regional da Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), Ricardo Lunardi, a falta de critérios na hora de contratar pode se virar, com muita facilidade, contra os produtores rurais. “Essa falta de cuidado na contratação de pessoal às vezes gera esse problema de você trazer para dentro das propriedades alguém que possa a vir aí a contribuir para que haja um problema de furto e esses delitos que acontecem na área rural”, disse.

golpe, roubo, polícia civil, abigeato

Foto: Polícia Civil

“Muitas vezes ele (produtor) contrata e não verifica e está colocando dentro da sua propriedade um ladrão, um estuprador ou um assassino”, complementa o assessor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Gilmar Ogawa.

Para o presidente do Sindicato Rural de Lages (SC), Márcio Pamplona, os bandidos, muitas vezes, procuram as propriedades para ficar longe da polícia” Eles vão buscar o acobertamento dentro de uma propriedade rural, para estar longe do risco de serem encontrados pela polícia estando no interior”.

De acordo com a produtora Lígia Buso, que lidera um projeto de vigilância rural no norte do Paraná que tem virado referência na região, os bandidos normalmente estudam  local antes de agir e a presença de estranhos ao redor da propriedade pode ser um sinal de alerta.

“Se a porteira está aberta, eles entram e rondam a propriedade, o curral e dão um passeio de dia, de noite. Eles aparecem de moto, entram e saem, e você ouve de longe. Então há uma tendência a fortalecer mais essas entradas para a gente evitar essas visitas indesejáveis. Não pode bobear não. Tem que ser esperto sim”, explicou.

Segundo ela, os casos mais comuns são os de furto de gado, independentemente do tamanho. “Fêmeas gordas, machos gordos, bezerros com quatro meses. Alguns animais são abatidos dentro da propriedade para pegar toda ou parte da carcaça. E maquinário também”, diz.

Moradora da zona rural há 42 anos, Lígia conta que a comunicação entre os produtores e as autoridades responsáveis pela vigilância é bem difícil por falta de estrutura. “Aqui, por exemplo, tenho internet, mas cabeada. Telefone não funciona”, comenta.

Roubos em alta

Na escuridão da noite, câmeras de segurança flagraram o ladrão de gado no curral de uma propriedade. Com o rosto coberto, ele verifica se não tem ninguém por perto e em menos de dois minutos deixa o local puxando o animal.

O produtor Mario Kauling, de Santa Catarina, é mais uma vítima do abigeato e, em menos de uma semana,  teve prejuízo de R$ 10 mil.

Além do prejuízo financeiro, esse tipo de crime causa traumas emocionais. Em um caso, por exemplo, os bandidos mantiveram em cativeiro o proprietário da fazenda e funcionários por mais de 12 horas. “Seguram a família num cômodo e obrigam a família a ir no campo geralmente à noite, ou de madrugada, para pegar os animais, recolher e trazer e colaborar dessa forma com o crime. Então, eles vivem um certo estresse, um certo nervosismo em relação a isso”, disse Lígia.

cadeado roubo portão

No Brasil, não existe estatística oficial de abigeato. No entanto, em 2016,  o Congresso tipificou o roubo ou furto de animais e a receptação e comercialização de carne de origem ilícita com pena de 2 a 5 anos de prisão.

A grande dificuldade de combater o abigeato é que as propriedades são extensas, longe das cidades. O contingente policial é pequeno e os recursos limitados, por isso que produtores se organizam para criar patrulhamento e o uso de GPS nas propriedades cadastradas, incluindo o nome de todos os moradores e uma placa colocada na porteira com localização exata por satélite.

“Essas informações de GPS são passadas não só para a Polícia Militar,mas também para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Corpo de Bombeiros e Saer, que é o Serviço Aéreo da Polícia Civil”, disse Lunardi.

26/05/2021 às 08h31

Mercado atacadista de carne bovina continua com baixa procura por mercadorias

O mercado físico do boi gordo começa a dar sinais de aumento dos preços da arroba, em algumas regiões do país. No estado de São –

Leia Mais
25/05/2021 às 19h54

Rondônia deve ser reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação pela OIE

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deve reconhecer nesta semana alguns estados como áreas livres de febre aftosa sem vacinação. São eles: Acre, Paraná, –

Leia Mais
25/05/2021 às 18h31

Milho: 80% da safrinha no MT está entre floração e enchimento de grãos

A semeadura da safra 2020/21 do milho foi marcada pelo maior atraso registrado na série histórica do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) Esse atraso, –

Leia Mais
25/05/2021 às 17h50

Boi gordo volta aos R$ 310 com restrição de oferta, diz consultoria

O mercado físico de boi gordo registrou preços mais altos na maioria das regiões de produção e comercialização do país nesta terça-feira. Segundo o analista –

Leia Mais
25/05/2021 às 17h36

Custo de produção do milho sobe 1,39% em Mato Grosso

Na última semana o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou a 4ª estimativa para o custo de produção de milho de alta tecnologia na –

Leia Mais
25/05/2021 às 17h15

Aftosa: menos da metade dos pecuaristas de SP comprovou vacinação do rebanho

Menos da metade das propriedades rurais do estado de São Paulo cadastradas comprovou a vacinação do rebanho bovino contra a febre aftosa, faltando uma semana –

Leia Mais
25/05/2021 às 16h01

Milho: plantio da 2ª safra avança, mas condição das lavouras piora no PR

O plantio da 2ª safra de milho segue em 99% da área no Paraná. Segundo o Departamento de Economia Rural  (Deral), por conta da severa –

Leia Mais
25/05/2021 às 12h31

Carne bovina: utilização de indústrias sobe em Mato Grosso em abril

Com a alta de 2,68% na quantidade de bovinos abatidos em Mato Grosso no mês de abril de 2021, a utilização total das indústrias também –

Leia Mais
25/05/2021 às 10h35

Lácteos: valorização da matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Os preços dos derivados lácteos comercializados no atacado de São Paulo apresentaram alta pelo segundo mês consecutivo, devido à valorização da matéria-prima, de acordo com –

Leia Mais
25/05/2021 às 09h52

Embrapa usa fungo em pastagem para controlar carrapato

Uma abordagem inédita obteve sucesso no controle do carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus), importante parasita de bovinos de corte e de leite. Em vez de somente aplicar –

Leia Mais