Estudo da Embrapa avalia sorgo gigante em consórcio com braquiária e panicum
Um esforço científico conjunto entre a Embrapa, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária e Ambiental (Fundapam) e Latina Seeds começa a identificar as melhores alternativas de cultivo do Sorgo Gigante Boliviano em consórcio com capins (gêneros Brachiaria e Panicum) para alimentação de bovinos na entressafra.
O acordo tornou-se oficial esta semana com a publicação do extrato de cooperação técnica no Diário Oficial da União.
O projeto “Sorgo com Forrageiras para Intensificação da Produção” tem o período de execução compreendido entre outubro de 2021 e agosto de 2023. O objetivo final é desenvolver um novo sistema produtivo envolvendo o sorgo Agri 002E, que chegou ao mercado brasileiro em 2017 e rapidamente caiu no gosto do pecuarista, ganhando o nome popular de sorgo gigante boliviano (o híbrido passou por mais de uma década de pesquisas de desenvolvimento na Bolívia e a altura da planta supera facilmente os cinco metros).
Segundo a Embrapa, a ideia é avaliar a melhor combinação do “Gigante” com forrageiras perenes visando a produção de silagem e renovação de pastagens. A parceria quer identificar soluções de consórcios para áreas argilosas e arenosas, tudo objetivando a intensificação da produção pecuária no Brasil. O projeto envolve equipe técnica e recursos da Embrapa e da Latina Seeds. A Fundapam, por sua vez, fica encarregada da gestão dos aportes.
A pesquisa está concentrada em duas áreas em Mato Grosso do Sul: uma na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados (solo argiloso) e outra no município de Jateí (mais ao sul do Estado), graças a uma parceria com o Sítio Cantinho do Céu (solo arenoso). Relatórios técnicos estão previstos para serem divulgados em abril e julho de 2022 (resultados parciais) e em março de 2023 (resultados finais).
De acordo com Willian Sawa, diretor executivo da Latina Seeds (empresa de desenvolvimento, produção e comercialização de sementes híbridas de milho e sorgo), nesta cogeração de tecnologia o “Gigante” poderá potencializar todos os seus principais predicados. Dentre os quais ele ressalta a alta produtividade (mais de 100 t/ha em até três cortes), tolerância ao estresse hídrico, reduzida suscetibilidade a doenças e pragas, qualidade bromatológica e versatilidade.
“Muitos produtores brasileiros usam este nosso sorgo não só como alimentação eficiente para os bovinos, mas também como ferramenta para restruturação de solos, reforma de pastagens, na geração de bioenergia e até como elemento fertilizador”, afirma. Toda a base genética da Latina Seeds, origem do Sorgo Gigante Boliviano, está alicerçada no programa global denominado Agricomseeds.
Resgatar áreas degradadas
A incorporação produtiva de áreas com pastagens degradadas, segundo Harley Nonato de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), é desafio emergencial para a agropecuária brasileira. Segundo ele, a pesquisa com o Sorgo Gigante Boliviano pode desenvolver soluções que ataquem diretamente este problema.
“Temos convicção de que a experiência da Embrapa em sistemas de produção integrados, aliada ao material genético de um sorgo diferenciado e à atuação forte no mercado da Latina Seeds, enfrentará este desafio e permitirá que, em breve, os pecuaristas tenham à sua disposição uma alternativa interessante para recuperar a capacidade produtiva de suas terras”, projeta.
Marciana Retore, pesquisadora líder do projeto pela Embrapa Agropecuária Oeste, se mostra bem otimista com as possibilidades versáteis que um consórcio Sorgo Gigante Boliviano/gramíneas pode trazer para a pecuária brasileira: “Uma das principais vantagens do uso deste sorgo é a rebrota, que permite mais de um corte para a produção de silagem, reduzindo os custos de produção. Além disso, ele tem maior tolerância ao estresse hídrico, baixo custo para produção de silagem e menor demanda por nutrientes, em relação ao milho, podendo ser uma boa alternativa para as regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil”.
Sobre a pesquisa, Marciana detalha um pouco mais o que será avaliado a campo: “O sorgo é uma das poucas culturas que possui todos os requisitos para que o processo fermentativo do material ensilado ocorra de maneira ideal, sem necessidade de aditivos. No entanto, não se conhecem as características fermentativas da silagem quando se aumenta a participação do capim no material. Após a colheita da rebrota do sorgo, será avaliada a formação e qualidade da pastagem”.
VEJA TAMBÉM
Milho: vendedor limita oferta e preços se mantêm firmes
Chuvas foram registradas em algumas regiões produtoras de milho do País na semana passada. As precipitações, no entanto, ainda ocorreram de forma insuficiente para sanar –
Leia MaisProdução de leite no Paraná tem queda após 60 dias sem chuvas
A produção de leite no Paraná vem diminuindo nos últimos dias em função da seca observada no estado. Segundo boletim do Departamento de Economia Rural –
Leia MaisCom queda na renda, escoamento da carne bovina fica retraída
O mercado físico do boi gordo encerrou a segunda semana útil de maio sem grandes variações, com a arroba sendo negociada próxima aos R$ 310 –
Leia MaisMais lida: Quanto tempo após o parto a vaca pode pegar cria de novo?
A matéria sobre pecuária mais lida da semana mostra um conteúdo do programa Giro do Boi sobre quando uma matriz bovina pode novamente desafiada. O –
Leia MaisVacinação contra a peste suína clássica começa dia 24 de maio em Alagoas
Com o objetivo de erradicar a Peste Suína Clássica (PSC), o estado de Alagoas dará início no dia 24 de maio, ao projeto piloto do –
Leia MaisGado de leite: veja como baratear alimentação com alternativas da Epagri e Emater
O alto custo do milho e do farelo de soja têm motivado produtores de leite a buscar alternativas para alimentar os rebanhos. Em Santa Catarina –
Leia MaisABPA analisa veto da Arábia Saudita a exportadores de frango do Brasil
A decisão da Arábia Saudita em suspender as exportações de carne de aves de 11 frigoríficos brasileiros ainda repercute no setor produtivo. Luis Rua, diretor –
Leia MaisSafras: preços do boi encontram ponto de equilíbrio, mas devem subir na entressafra
O mercado físico de boi gordo registrou preços estáveis nesta sexta-feira, 14. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os frigoríficos ainda –
Leia MaisUnidade da Marfrig em Alegrete (RS) deve ser habilitada a exportar aos EUA
A Marfrig, maior produtora global de hambúrgueres e uma das líderes mundiais do mercado de carne bovina, acaba de ter mais uma unidade recomendada pelas –
Leia MaisFrango: com vendas internas e externas aquecidas, preços sobem
As vendas interna e externa de carne de frango estão aquecidas. Esse cenário vem permitindo que agentes reajustem positivamente os valores de negociação do setor, –
Leia Mais