Carne bovina: ‘Brasil pode passar a exportar 35% da produção em breve’
A arroba do boi gordo segue em alta nos mercados físico e futuro. Quem vê as cotações recordes pode pensar que o pecuarista está vivendo seu melhor momento, mas não é bem assim.
De acordo com o analista de mercado Leandro Bovo, da Radar Investimentos, os custos de produção subiram muito mais do que o valor pago pelo animal terminado. Assim, a rentabilidade de alguns produtos está menor do que a média histórica.
“E não é só o milho e a soja que subiram. O principal custo da produção, que é a reposição, seja boi magro ou bezerro, subiu mais do que o boi gordo”, diz. “A margem não está nos melhores momentos da história”, complementa.
Para este ano, o analista não acredita que a oferta vá aumentar o suficiente para reverter o cenário atual. Ele lembra que, claro, com o tempo mais seco e a perda de qualidade das pastagens, pecuaristas vão vender mais animais, “mas a oferta vem num nível e num percentual menor do que aconteceria em anos normais de mercado”.
- Embrapa: lavoura-pecuária é rentável e mais sustentável no Cerrado e Amazônia
- Suprimento da proteína segue estável, mesmo com queda na carne bovina
Exportações cada vez mais importantes para a carne bovina
Tradicionalmente, o Brasil exportava entre 20% e 25% da produção de carne bovina. Agora, segundo Bovo, os embarques já representam 30% do total e podem chegar a 35% em breve. Isso é uma consequência direta da desvalorização do real frente ao dólar, o que torna a proteína nacional mais competitiva lá fora.
“A tendência é que isso continue ou até se acentue. As exportações são cada vez mais relevantes para o escoamento da produção brasileira”, afirma o analista de mercado..
O comentarista Miguel Daoud concorda. Segundo ele, trata-se de uma mudança estrutural na cadeia produtiva, amparada pela tendência de um real fraco em relação à moeda norte-americana. Com o acirramento das tensões políticas no Brasil e os problemas para reativar a economia, o câmbio pode chegar até R$ 6.
E o dólar elevado também leva à maior exportação de grãos, provocando novos aumentos nos custos. Diante disso, Daoud recomenda que produtores invistam na diversificação da produção, como os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, para otimizar os custos.
Segundo o comentarista, a pecuária brasileira também terá que melhorar a qualidade da carcaça, para seguir exportando para países mais exigentes, como a China, que oferece preços maiores pela carne bovina.
VEJA TAMBÉM
ABPA: Exportações de carne suína do RS e PR podem crescer até 35% com novo status da OIE
As exportações de carne suína do Paraná e do Rio Grande do Sul podem ser incrementadas em até 35% no próximo ano, após os dois –
Leia MaisCarnes bovina e suína devem ganhar novos mercados após reconhecimento da OIE
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) reconheceu Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e de –
Leia MaisPernambuco proíbe vaquejada temporariamente por causa da Covid
O governo de Pernambuco publicou nesta quarta-feira, 26, uma portaria que proíbe temporariamente a realização de competições de vaquejada e feiras agropecuárias no estado. O –
Leia MaisMilho: comprometimento da safra em MS preocupa e pode pressionar custo da avicultura
O comprometimento no desenvolvimento da segunda safra de milho 2020/2021, provocado pelo atraso na colheita da soja e pelas condições inadequadas para o plantio, deve –
Leia MaisBoi gordo: dificuldade de compra da indústria já é a realidade em parte dos frigoríficos
A oferta de boi gordo no mercado físico começa a se encurtar. A dificuldade de compra da indústria já é a realidade em parte dos –
Leia MaisAngus tem alta de 53% na venda de sêmen produzido no Brasil
No primeiro trimestre de 2021, a raça angus registrou expansão de 53,39% na comercialização de sêmen produzido no Brasil. Neste período, a representatividade da genética –
Leia MaisCarne bovina: exportações em alta compensam recuo nas vendas do mercado interno, diz Minerva
O diretor financeiro da Minerva Foods, Edison Ticle, destacou nesta quarta-feira, 26, que a empresa continua compensando a queda nas vendas de carne bovina no –
Leia Mais‘Produtor só tem a ganhar com status livre de aftosa sem vacinação’
Parte do estado do Mato Grosso deverá ser reconhecido como zona livre de aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) nesta quinta, –
Leia MaisPreço do boi gordo valoriza até R$ 3 nesta quarta, 26
O mercado físico de boi gordo registrou preços de estáveis a mais altos nesta quarta-feira, 26. O volume ofertado de boiadas é modesto neste momento, –
Leia MaisDaoud: novas áreas livre de aftosa abrirão mercados para a agropecuária
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deve reconhecer nesta quinta-feira, 27, o Acre, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e partes do Amazonas e de –
Leia Mais