Cacto, capim e milho: combinação de forrageiras é boa fonte de nutrição para o gado

Pesquisa identificou forrageiras ideais para alimentação no semiárido. Foto: CNA
Combinadas, as diferentes espécies de forrageiras são uma excelente fonte de nutrição para os animais do semiárido pernambucano. É o que apontam os resultados do projeto Forrageiras para o Semiárido – Pecuária Sustentável, apresentado neste mês, durante o último Dia de Campo virtual do projeto.
“É um momento de muita alegria para todos nós. As forrageiras são de vital importância para uma região que significa 80% do território pernambucano, onde a principal atividade econômica é a pecuária” afirmou o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe), Pio Guerra.
A iniciativa envolve o Sistema CNA e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver espécies forrageiras, adaptadas ao clima seco da região, como alternativas de alimentação e nutrição para a pecuária no Nordeste e norte de Minas Gerais.
“A disponibilidade de forragens adequada para essas regiões é um esforço concentrado das nossas instituições para tornar ainda mais competitiva nossa agropecuária que é a principal sustentação dessa região”, ressaltou Guerra. A Unidade de Referência Tecnológica (URT) fica no município de São João, a 220 quilômetros da capital Recife.
O projeto analisou diferentes espécies de gramíneas anuais, sendo duas variedades de milho, duas de sorgo e duas de milheto, onde o milho BRS 2022 ficou em destaque com produtividade de 13,4 toneladas de matéria seca por hectare/ano em um ciclo de produção de 90 dias.

Soraia Souza, responsável técnica da URT. Foto: CNA
Segundo a responsável técnica pela URT, Soraia Souza, o milho BRS 2022 é uma cultivar considerada de ciclo médio, “sendo uma boa opção para a região do semiárido e também adequada à agricultura de baixo investimento”.
Em relação às gramíneas perenes, o projeto avaliou os capins Áridus, Búffell Biloela, Massai, Tamani e Piatã. O Piatã e Búffel Biloela foram os mais produtivos, com desempenho de 6,5 e 6,3 toneladas de massa seca por hectare/ano, respectivamente.
“Todas as gramíneas apresentaram acima de 70% de sobrevivência e bom reestabelecimento dos estandes, especialmente o Massai, que produziu grande quantidade de sementes”, afirmou Soraia. “O Biloela foi um dos mais resistentes à seca. O Búffel Áridus e o Tamani foram destaques porque se estabeleceram bem após o período seco e o Tamani se destacou também pela rápida velocidade de rebrota.”
A Palma Forrageira Orelha de Elefante Mexicana, Orelha de Elefante Africana, Ipa Sertânia e Miúda foram as cactáceas analisadas na Unidade de São João. A variedade Orelha de Elefante Mexicana ficou em primeiro lugar em desempenho, com produção de 22,7 toneladas de massa seca por hectare/ano, seguida da Miúda, com 18,2 toneladas.
“A palma forrageira é um componente estratégico no cardápio forrageiro e serve como reserva de forragem. Pode ficar muito tempo no campo e não tem perdas nutricionais”, ressaltou a responsável técnica. “É recomendada para todos os criadores de ruminantes do semiárido porque disponibiliza água, é resistente à seca e uma boa fonte de energia, além de boa aceitabilidade dos animais.”
Entre as lenhosas analisadas, Gliricídia e Leucena, a Gliricídia ficou em primeiro lugar por desempenho de produção com 6,7 toneladas de massa seca por hectare/ano. “As lenhosas entram na dieta dos animais como fonte de proteína e como são árvores, fazem sombra e proporcionam conforto térmico aos animais”, destacou Soraia.
Além da nutrição e conforto térmico para os animais, as plantas lenhosas também promovem a nutrição do solo com a fixação biológica de nitrogênio.
Durante o Dia de Campo virtual, o produtor Vinicius de Carvalho Leite afirmou que conheceu os resultados da Unidade de Referência e melhorou tanto a produtividade das forrageiras na propriedade, quanto a alimentação do seu rebanho.
“A gente não usava o trato adequado, a plantação de palma estava pulverizada e quando conhecemos o projeto, conseguimos entender as técnicas e fazer o manejo adequado, acompanhar a quantidade de chuvas, trazer o capim Massai que tem excelente rebrota. Com o conhecimento estamos conseguindo muito sucesso na propriedade.”
Para o reitor da Universidade Federal do Agreste Pernambucano (Ufape), professor Airon Melo, o projeto é fundamental para o semiárido “porque, a partir dessas experiências, podemos divulgar para o produtor ter mais segurança para sobreviver e produzir com garantia no semiárido”.
VEJA TAMBÉM
Milho: rendimento médio das lavouras pode ser inferior a 100 sacas por hectare
Com a colheita de milho safrinha encerrada em Nova Mutum (MT), no médio-norte do Mato Grosso, as atenções se voltam ao rendimento médio final. Segundo –
Leia MaisCusto com confinamento sobe e preocupa produtor, diz DSM
O gerente da categoria de Confinamento da DSM, Marcos Baruselli, destacou que os elevados custos inflacionários vêm preocupando o setor de pecuária voltado à atividade –
Leia MaisPRF lança Sinal Agro para registro online de roubo e furto de animais e máquinas
Um sistema novo para garantir a segurança no campo e manter o patrimônio dos agricultores brasileiros. Esse é o Sinal Agro, sistema de registro de –
Leia Mais‘Inseminação artificial em bovinos representa 1% do custo e pode retornar muito mais’
O mercado de inseminação artificial aproveita o bom momento da pecuária para alcançar resultados expressivos, neste primeiro semestre de 2021. A coleta de sêmen bovino –
Leia MaisExportações de carne suína atingem faturamento de US$ 1 bi em Santa Catarina
De janeiro a julho deste ano, o faturamento com os embarques de carne suína de Santa Catarina chegaram a marca de US$ 1 bilhão. Ao –
Leia MaisCarne bovina: Argentina exporta 402,5 mil toneladas no 1º semestre
A Argentina exportou 406,244 mil toneladas de carne bovina no primeiro semestre deste ano, em equivalente carcaça, com um crescimento de 0,9% frente às 402,573 –
Leia MaisAlojamento de pintos de corte deve recuar 2,32% em 2022
Os alojamentos de pintos de corte no Brasil devem atingir 6,853 bilhões de cabeças em 2022, volume 2,32% inferior ao projetado para este ano, de –
Leia MaisParticipação da China no consumo de carne bovina deve crescer quase 10% até 2025, diz Rabobank
Após o surto de peste suína africana enfrentado pela China nos últimos anos, o consumo de carne bovina no país asiático aumentou. Só em 2020, –
Leia MaisProdução de carne de frango deve recuar mais de 2% em 2022, prevê Safras
A produção de carne de frango no Brasil deverá recuar 2,02 em 2022 frente a este ano e atingir 14,291 milhões de toneladas, segundo previsões –
Leia MaisExpointer terá exposição de quatro mil animais
O Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, vai receber 4.057 animais para a Expointer 2021, a maior feira agropecuária a céu aberto da América –
Leia Mais