25 de maio de 2021 às 09h52

Embrapa usa fungo em pastagem para controlar carrapato

Fêmea do carrapato na fase de oviposição Foto: Embrapa/Divulgação

Uma abordagem inédita obteve sucesso no controle do carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus), importante parasita de bovinos de corte e de leite. Em vez de somente aplicar produtos sobre os animais, cientistas testaram formulações granulares secas com o fungo Metarhizium robertsii que também podem ser aplicadas sobre as pastagens. A abordagem inovadora foi feita por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) , da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da empresa norte-americana Jaronski Mycological Consulting.

Os experimentos foram bem-sucedidos no controle do aracnídeo, uma vez que 95% da população de carrapatos em um sistema de produção encontra-se no pasto e não nos animais. As fêmeas botam seus ovos no solo, dos quais eclodem as larvas que evoluem à idade adulta, quando finalmente saltam a fim parasitar os animais. É a primeira vez que essa estratégia é utilizada.

Conforme destaca Éverton Kort Kamp Fernandes, pesquisador da UFG, o controle biológico por fungos enteropatogênicos é muito explorado na agricultura para o controle de artrópodes-praga e a estratégia do estudo foi aproveitar a ampla literatura e aplicar a técnica no controle do carrapato. Ele lembra que o agente de biocontrole não é uma toxina ou proteína capaz de causar a morte imediata do carrapato, mas um fungo, utilizado vivo para causar uma infecção letal no inseto.

Foto: Embrapa/Divulgação

“Isso cria um desafio para a aplicação, uma vez que o manejo de controle deve ser planejado de duas formas distintas e complementares: a aplicação do fungo diretamente no animal infestado ou na pastagem, ou em ambos, para o efetivo controle de todo o ciclo de vida do carrapato”, explica.

As aplicações reduziram significativamente o número de larvas de carrapatos sobre a pastagem durante estação mais úmida, atingindo pelo menos 64,8% de eficácia relativa, porcentagem expressiva e promissora levando em consideração o emprego de um inimigo natural. “A utilização dessas formulações, combinada a outras estratégias de controle, ajudará o produtor a obter animais menos infestados e a diminuir a pressão de resistência do carrapato aos acaricidas químicos, viabilizando a produção de leite e carne de qualidade com animais mais saudáveis e livres de infestações descontroladas”, comenta Alan Marciano, da UFRRJ.

De acordo com os experimentos, a aplicação direcionada à pastagem atinge mais efetivamente a população de carrapatos do que as realizadas em bovinos infestados, além de prevenir ou minimizar os níveis iniciais de infestação no gado.

O estudo também detectou persistência do fungo no solo e a colonização fúngica das raízes das gramíneas cultivadas nas pastagens. Isso garante resultados prolongados com redução da necessidade de novas aplicações. Os pesquisadores preveem que o fungo possa ser incorporado na manutenção e formação de pastagens, algo que dependerá de futuros estudos.

Desenvolvimento de forrageira

As formulações granulares de agentes microbianos estão ganhando atenção especial como tecnologia de baixo custo para uso como biopesticidas ou bioinoculantes na agricultura. Visando atingir as pragas de artrópodes que vivem no solo, pequenos grânulos levam propágulos de fungos a locais ocupados pelas pragas-alvo.

Por se tratar de uma nova formulação, nunca testada em condições naturais, foi necessário que os cientistas investigassem a persistência do fungo no solo e a colonização das raízes da forrageira Urochloa decumbens. Sabe-se que esse fungo, além de controlar pragas, pode também ser um forte aliado no desenvolvimento da planta, e essa variedade é bastante utilizada para alimentar o “gado a pasto” no Brasil.

O experimento ao ar livre revelou que, apesar do controle do carrapato e do envolvimento com a planta forrageira, houve um declínio significativo na persistência do fungo no solo ao longo do tempo. Esse fenômeno é esperado e influenciado por fatores intrínsecos ao microrganismo, edáficos, bióticos, culturais e climáticos.

“Variáveis climáticas desafiadoras ao microrganismo foram registradas durante o experimento, e observamos que as duas estações em que ocorreram as aplicações divergiram em termos de persistência e eficácia do fungo contra o carrapato. Essa informação é valiosa para futuros protocolos de aplicação”, relata Alan Marciano.

O cientista explica que altas temperaturas combinadas com alta incidência de chuva marcaram o período após a primeira aplicação, na qual foi registrada a melhor eficácia de controle do carrapato. Isso evidenciou que o período chuvoso foi benéfico ao fungo, pois propiciou uma umidade do solo adequada ao seu desenvolvimento, mesmo sob alta radiação solar.

Contudo, durante a segunda aplicação, com temperaturas mais amenas e com menores precipitações, a eficácia relativa do controle de carrapatos foi menor, apesar de a persistência fúngica ter sido menos afetada durante os sete dias iniciais após a aplicação.

Os pesquisadores explicam que a falta de chuva e o solo mais seco impediram a germinação de propágulos, esporulação e, consequentemente, afetaram o desempenho do fungo em se disseminar e causar a morte dos estágios não parasitários do carrapato (fêmeas em período de postura, ovos e larvas recém-eclodidas).

A equipe de pesquisa já trabalha em melhorias da formulação para mitigar os efeitos deletérios identificados no estudo. Os pesquisadores acreditam que o trabalho é capaz de gerar um futuro produto no mercado, útil tanto para a pecuária quanto para a agricultura. O analista da Embrapa Gabriel Mascarin enfatiza a necessidade de novos estudos visando a persistência prolongada do fungo após a aplicação, em uma gama de condições além da situação brasileira, para otimizar as concentrações de grânulos aplicadas ao solo com o objetivo de incrementar as atuais taxas de eficácia no controle de carrapatos.

 

 

03/03/2023 às 12h02

Carne suína: Brasil exporta 69,825 mil t em fevereiro

As exportações brasileiras de carne suína somaram 69,825 mil toneladas em fevereiro (18 dias úteis), com média diária de 3,879 mil toneladas. A receita com –

Leia Mais
03/03/2023 às 10h02

Carne de frango: UE deve produzir 11 milhões de t em 2023, projeta USDA

A produção de carne de frango na União Europeia deverá chegar a 11 milhões de toneladas em 2023, segundo adidos do Departamento de Agricultura dos –

Leia Mais
03/03/2023 às 08h02

Boi: preços da arroba recuam em fevereiro

Com a recente suspensão dos envios de carne bovina à China, devido a um protocolo estabelecido entre o Brasil e o país asiático em casos –

Leia Mais
03/03/2023 às 07h02

Suínos: oferta restrita eleva cotações em fevereiro

A baixa disponibilidade de suínos impulsionou os preços do animal vivo e da carcaça especial na maioria das praças acompanhadas pelo Cepea em fevereiro. Segundo –

Leia Mais
01/03/2023 às 09h02

Carne bovina: valor das exportações cai 3,8% em janeiro na Argentina

O valor das exportações do complexo bovino da Argentina caiu 3,8% em janeiro na comparação anual, acumulando US$ 230,75 milhões, segundo dados do Conselho Agroindustrial –

Leia Mais
01/03/2023 às 07h02

Carne de frango: valor das exportações cresce 29,2% em janeiro na Argentina

O valor das exportações do complexo avícola da Argentina cresceu 29,2% em janeiro na comparação anual, com US$ 31,16 milhões, segundo dados do Conselho Agroindustrial –

Leia Mais
28/02/2023 às 16h02

Carne suína: valor das exportações quadriplicam em janeiro na Argentina

O valor das exportações do complexo suíno da Argentina aumentou 322,4% em janeiro na comparação anual, com US$ 400 mil, segundo dados do Conselho Agroindustrial –

Leia Mais
27/02/2023 às 16h02

Frango: poder de compra de avicultura paulista melhora

Os preços do frango vivo vêm registrando alta nesta parcial de fevereiro, ao passo que os valores dos principais insumos da atividade, milho e farelo –

Leia Mais
27/02/2023 às 14h02

Suínos: preço da carne sobe mais que concorrentes

Os preços médios das carnes suína, bovina e de frango desta parcial de fevereiro estão superiores aos registrados em janeiro. Pesquisadores do Cepea ressaltam, contudo, –

Leia Mais
26/02/2023 às 10h02

Carne suína: Brasil exporta 49,567 mil t até 3a semana de fevereiro

As exportações brasileiras de carne suína somaram 49,567 mil toneladas até a terceira semana de fevereiro (13 dias úteis), com média diária de 3,812 mil –

Leia Mais