Roubo de gado: Rio Grande do Sul registra mais de 5 mil ocorrências em 2020
Cada vez mais comum em diversas partes do país, o abigeato também preocupa os pecuaristas do Rio Grande do Sul. Em todo o estado foram mais de 5 mil ocorrências registradas pelas autoridades em 2020.
Dionísio Gavião é produtor em Itaqui, município que fica na fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, às margens do Rio Uruguai. Do outro lado da fronteira, está a Argentina. Ele conta que o roubo de gado, nesta parte do estado, é um frequente desafio para os policiais.
“O Rio Uruguai é uma terra sem lei. Eu tive oito animais furtados em um ano. Conversei com o pessoal da Polícia Civil onde tive um apoio. Essa mesma turma de criminosos age por semana, levando em torno de quatro animais’’, diz Gavião.
O produtor conta que os criminosos carneiam o animal nas margens do rio dentro de um barco. ‘’Eles dão risada da gente porque eles sabem que eles são intocáveis ali, ninguém vai atrás deles. Eles vão embora com a vaca carneada”, relata.
Glauco Monteiro, que também é produtor rural em Itaqui, diz que nem todas as ocorrências envolvendo o roubo de gado no município são registradas na polícia. A preocupação dele é com novo status sanitário no estado de livre de febre aftosa sem vacinação.
‘’O rio é um local onde não existe fiscalização nenhuma. A Marinha, que deveria fiscalizar, não anda no rio. A Polícia Federal também não vem nesta região. Temos um risco grave para o plano de controle da aftosa com esse trânsito de animais e todo o tipo de mercadorias transportadas pelo rio. Tinha que ter uma política de fronteira mais efetiva”, diz Monteiro.
Ação da polícia contra o abigeato
O comando da Polícia Militar, que atua na área de fronteira do Rio Grande do Sul, nos municípios de São Borja, Itaqui, Maçambará e Garruchos, afirma que o roubo de gado está em declínio, passou de 42 para 30, nos primeiros três meses deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado.
‘’Nós tivemos em 2020, uma elevação dos registros do crime de abigeato, na área geral do batalhão, nos quatro municípios. Mais para o meio do ano, adotamos uma segunda etapa da estratégia que foi começar a atuar basicamente com maior intensidade nas áreas onde tínhamos um aumento dos indicadores do crime de abigeato. No final do ano percebemos uma leve diminuição nesse tipo de crime’’ afirma o major Hélio Soares dos Santos Júnior, comandante do segundo batalhão de policiamento de área de fronteira.
As quadrilhas especializadas no roubo de gado têm estratégias bem montadas. Elas estudam com atenção o local, o que exige um trabalho de inteligência policial para prender os responsáveis. Em uma operação realizada nesta semana em Vale Verde, no Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, foram encontrados, 37 animais roubados, espalhados em diversas propriedades da região.
“Tivemos como resultado a apreensão de 116 cabeças de gado administrativamente, 52 cabeças de gado criminalmente. Outras 15 cabeças de gado foram apreendidas dia 29 de março. As ações dão um lastro para todo esse trabalho de inteligência policial e de providência na área do abigeato que é um dos crimes que mais assola a comunidade rural”, destaca o coronel Valmir José dos Reis, comandante do comando regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo.
Ronaldo Zechlinski de Oliveira, presidente do sindicato rural de Rio Grande, diz que teve 17 animais roubados no ano passado. Segundo ele, o roubo de gado é um crime de difícil punição.
‘’O que nos deixa mais triste na questão do abigeato é a impunidade. O abigeatário sai da delegacia, antes daquele que foi sua vítima porque a nossa justiça é muito branda com esse crime. No nosso entendimento isso pune o produtor rural, porque esse sim fica com o prejuízo”, diz Oliveira.
O Rio Grande do Sul tem quatro delegacias da Polícia Civil especializadas em crimes rurais. Em 2016, quando mais de 9 mil casos de roubo de gado foram registrados, foi criada uma força-tarefa para conter a ação das quadrilhas no estado. O número de ocorrências, desde então, vem caindo, segundo André de Matos Mendes, delegado que chefia a delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato no município de Bagé.
‘’Fechamos 2020, com queda de 50% nas ocorrências e com uma boa perspectiva para 2021, onde já no primeiro bimestre tivemos uma queda de 36% no número de registros de ocorrência de abigeato. As delegacias foram criadas e passaram a trabalhar com uma visão diferenciada de quem é o criminoso que ataca o campo, entendendo que o crime organizado chegou no meio rural’’.
Para Fábio Rodrigues, diretor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), diante do aumento no número de casos de abigeato, o cuidado dentro das propriedades deve ser redobrado.
“Nós, produtores rurais, devemos estar atentos da porteira para dentro, onde cabe nossa fiscalização, nossa presença, nosso cuidado e da porteira para fora com os órgãos de repressão do estado do Rio Grande do Sul”, ressalta.
VEJA TAMBÉM
Suínos: competitividade de carne suína frente à de frango é a maior em 12 anos
O valor médio da carcaça especial suína se manteve estável entre março e a parcial de abril (até o dia 26), enquanto os preços da –
Leia MaisMilho: Brasil deve exportar 850 mil toneladas em abril, diz Anec
Dados divulgados nesta semana pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) projetam que o Brasil deverá exportar 850 mil toneladas de milho em abril. –
Leia MaisPreço das bezerras recua 13,25% em Mato Grosso
A 1ª quinzena de abril/22 foi marcada pela desvalorização nas cotações das fêmeas mais jovens em Mato Grosso, dentre elas, as bezerras de ano e –
Leia MaisInfluenza aviária na França: surtos ameaçam futuro da indústria avícola
Surtos de influenza aviária altamente patogênica (HPAI) estão ameaçando o futuro da indústria de ovos e aves da França, disse em relatório o adido do –
Leia MaisFrango: com demanda externa firme, valor da carne sobe neste mês
O preço médio mensal da carne de frango está em alta nesta parcial de abril, segundo dados do Cepea. A conjuntura internacional de menor oferta –
Leia MaisSuínos: cotações de carne e do vivo seguem em alta
Os preços do suíno vivo no mercado independente e também da carne continuam em elevação, de acordo com dados do Cepea. Isso se deve à –
Leia MaisLácteos: restrições na China pesam sobre cotações internacionais
A terceira queda consecutiva do índice de preços internacionais de lácteos provavelmente foi motivada pelas restrições decorrentes dos surtos de Covid-19 na China, disse o –
Leia MaisPreço do bezerro recua 6,3% na parcial de abril, aponta Cepea
As cotações do bezerro estão em movimento de queda desde o início de 2022. Na parcial deste mês (de 31 de março a 19 de –
Leia MaisCarne bovina: MT exporta terceiro maior volume da história em março
Em março de 2022, Mato Grosso exportou o terceiro maior volume mensal de carne bovina em equivalente carcaça de toda a série histórica da Secex. –
Leia MaisCarne bovina: exportação atinge 89,9 mil na 3ª semana de abril
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 553,151 milhões em abril (10 dias úteis), com média diária de US$ –
Leia Mais