Gado de leite: veja como baratear alimentação com alternativas da Epagri e Emater
O alto custo do milho e do farelo de soja têm motivado produtores de leite a buscar alternativas para alimentar os rebanhos. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, criadores de gado leiteiro ganham eficiência e economia com ajuda de órgãos estaduais de assistência técnica.
É o caso de Valdir Antunes da Cruz, produtor de leite da Linha Santa Catarina, em Vargeão (SC). Ele decidiu investir no cultivo do trigo forrageiro, para produzir silagem, e está satisfeito com os resultados alcançados.
“A gente aproveitou a área de inverno para plantar. Foi uma alternativa para ter comida o ano inteiro para os animais. Estamos no quarto ano de plantio, e a gente não viu diferença. A ração a gente não balanceou muito mais em comparação ao milho. O trigo é um excelente produto”, diz.
- Seca prejudica oferta de silagem do rebanho leiteiro em SC
- Projeto quer viabilizar atividade leiteira para pequenos produtores no RS
Segundo Murilo Renan Mota, da Empresa de Pesquisa Agropecuária Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), para produzir a silagem, é recomendável plantar uma cultivar especial de trigo forrageiro. “Não é a mesma variedade para a produção de grãos”, adverte.
O extensionista lembra ainda que o trigo é uma cultura exigente. “Recomenda-se uma adubação equilibrada, de duas até três coberturas de nitrogênio, que é importante para o perfilhamento da cultura, e os tratamentos de acordo para o controle de pragas e doenças”, afirma Mota.
“A alimentação dos animais é feita com silagem de milho e ração. Com as pastagens com custos cada vez mais elevados, uma alternativa adicional de alimento está sendo incentivada, baixando os custos, otimizando as áreas agrícolas do estado e melhorando a renda dos agricultores”, completou Marcelo Henrique Bassani, coordenador técnico da Epagri no oeste catarinense.
Alternativa para gado de leite no RS
Produtores de leite do Rio Grande do Sul também estão fazendo inovações no processo produtivo visando a uma atividade mais rentável. Em Serafina Corrêa, na Serra Gaúcha, existe o projeto Elite a Pasto, criado pela Empresa de Extensão Rural do estado (Emater) e que tem obtido bons resultados. A ideia é incentivar manejos viáveis para pequenas e médias propriedades rurais, através da assistência técnica contínua, adequando o uso das pastagens.
Gilson Perin mantém um plantel de 35 vacas em lactação, em uma área de 25 hectares. Ele explica como faz o manejo dos animais, seguindo os preceitos do projeto e fazendo uso de um aplicativo de gerenciamento mensal, que leva o nome GT Leite.
“Todas as nossas vacas são da raça jersey. Buscamos um animal leve e produtivo, chegando ao pico de produção de 40 litros de leite ao dia. Assim, chegamos a uma média de 7 mil quilos por lactação no ano de 2020. Agora, para 2021, esperamos superar essa marca”, conta o produtor.
Perin afirma que sua propriedade sempre foi voltada à produção de pasto por ser pequena e por causa de custos. “Agora, com o projeto da Emater, melhoramos o manejo, horários de pastejo, altura [da pastagem], entrada e saída dos piquetes. A partir disso, conseguimos maior produção por hectare e, com o uso do aplicativo, podemos calcular mensalmente qual é o consumo de pastagens e isso ajuda muito a reduzir os custos da atividade”.
O engenheiro agrônomo Leandro Ebert é coordenador do projeto Elite a Pasto. Segundo ele, o clima gaúcho é favorável para a produção de pasto o ano todo. Ele afirma e que as 12 famílias que utilizam o GT Leite conseguiram elevar a lucratividade, aproveitando o aumento no preço recebido pelo leite e explorando melhor os alimentos volumosos, como pastagens e silagens.
Ebert afirma que a profissionalização exigida no setor do leite está deixando para trás os pequenos produtores. “O que nós estamos buscando fazer com esse projeto é oferecer uma terceira via, onde o produtor possa viabilizar o leite, sem a necessidade de fazer esses grandes investimentos”, diz.
Além disso, o coordenador do Elite a Pasto reforça que os produtores gaúchos têm condições de trabalhar os 12 meses do ano com pastagens de alta qualidade nutricional. O que permite que obtenham alta conversão em leite, com custo de produção baixo.
“O que nós temos encontrado a campo é um potencial gigantesco do uso de pastagens nas propriedades que não é explorado. Por isso trazemos esse projeto com técnica e conhecimento científico aplicado na prática”, afirma Leandro Ebert
VEJA TAMBÉM
Primeiro semestre de 2021 será difícil para o setor de proteína animal, diz instituto
O Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) prevê um primeiro semestre difícil para o setor de proteína animal. Isso porque as indústrias têm operado com margens –
Leia MaisBoi gordo: na B3, contrato para maio sobe 1,15%
O mercado de boi gordo segue sua caminhada rumando os R$ 315 por arroba como referência em São Paulo, sustentado pela completa escassez de animal –
Leia MaisCrimes no campo contam com a participação de funcionários e parentes
O aumento de furtos e roubos de animais no campo tem preocupado produtores de todo o país. Em Santa Catarina e no Paraná, por exemplo, –
Leia MaisBoi gordo: tendência é de manutenção de preços mais altos no curto prazo, diz Safras
O mercado físico do boi gordo volta a apresentar preços mais altos no início da semana. O ambiente de negócios ainda sugere pela continuidade do –
Leia MaisMilho: vendas da safra 2020/21 atingem 70,89% da produção em Mato Grosso
Para a temporada 2020/21, a comercialização de milho ficou, pela primeira vez, atrás da safra passada sendo influenciada pelas incertezas do atraso na semeadura do –
Leia MaisLeite: custos sobem 29% em fevereiro e pressionam lucro do produtor
O produtor de leite está com a rentabilidade bastante pressionada, conforme análise de pesquisadores e analistas da Embrapa Gado de Leite. O principal motivo da –
Leia MaisSoja: valores no mercado interno oscilam com força na última semana, diz Cepea
Os preços da soja registraram oscilações mais expressivas ao longo da última semana, após a divulgação de relatórios de oferta e demanda além da influência –
Leia MaisValor da Produção Agropecuária está previsto em R$ 1,032 trilhão neste ano
A previsão do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para 2021 é de R$ 1,032 trilhão, o que representa 12,1% acima do obtido em 2020, –
Leia MaisMilho: saca chega a R$ 91,73 e indicador se aproxima de novo recorde
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do milho permanece em alta em todas as regiões que o centro de –
Leia MaisPoder de compra do avicultor de postura aumenta frente a farelo e cai em relação a milho
Os preços dos ovos permanecem em patamares recordes, segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A desvalorização do farelo de –
Leia Mais