Destaque na produção mundial de leite, Brasil ainda tem dificuldade para exportar
Nas últimas cinco décadas, a produção de leite no Brasil cresceu sete vezes, saltando de 5 para quase 35 bilhões de litros por ano. Apesar do país se consolidar como um dos cinco maiores produtores do mundo, esse volume é suficiente apenas para abastecer o mercado interno.
“Já fomos o terceiro maior importador do mundo e crescemos em produção via produtividade e melhoramos muito a nossa condição. Hoje a produtividade brasileira se equipara com a resultado a nível mundial, caminhando para 2.500 litros de leite vaca/ano”, comenta o técnico da Embrapa Leite, Paulo do Carmo Martins.
- Leite: como alinhar remuneração justa com custo compatível ao produtor?
- O futuro do leite: veja a realidade de uma das atividades mais antigas e importantes da economia
O volume de leite exportado, por sua vez, não chega a 1% da produção nacional. No caso do leite não é fácil conquistar novos mercados. De todo o produto produzido no mundo, no máximo, 6% é comercializado entre países.
“Abertura de mercados não é problema. Nós tivemos com a ministra Tereza Cristina a abertura de uma série de mercados para os lácteos. O problema é conseguir colocar os produtos dentro das especificações exigidas e com um preço competitivo”, analisa o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite) Geraldo Borges.
Além do custo de produção, tem também o chamado ‘custo Brasil’, que impacta no preço final. E isso vai muito além da carga tributária, uma das maiores do mundo.
“Nós pegamos o óleo diesel e a energia elétrica que vem aumentando de preço e são dois itens básicos para a produção de leite. Por outro lado, a nossa estrutura é muito ruim. Nós temos estruturas ruins de estradas, estruturas caras, tudo feito por rodovias. pontes ruins, acesso ruins”, destaca o presidente da Federação de Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva
Qualidade do leite no Brasil
Quanto a qualidade do nosso leite não é um problema, mas pode ser melhorada. Segundo o técnico da Embrapa Leite o Brasil, isso traz benefícios ao produtor. “Nós temos que ter um leite com mais sólidos. Com mais sólidos, a gente vai ter maior rentabilidade industrial e melhor condição de pagar o produtor.
Para conseguir uma maior qualidade, é preciso investir em alguns pontos importantes. “Melhoramento genético, passa por eficiência alimentar, reprodutiva e gestão. Você tem que aprender a controlar seu custo de produção, senão não há valor remunerado pela matéria prima que vai alcançar talvez a ineficiência do sistema produtivo”, diz o coordenador comercial de leite da Unium, Rogério Wolf.
Tecnologia na produtividade
A tecnologia hoje é ferramenta importante para aumentar a eficiência na cadeia leiteira, como por exemplo ações elaboradas pelas startups.
“Temos hoje tecnologias como a call medm, que é um colar permite saber o que está acontecendo com a vaca. Se ela começa a ficar muito parada ou se está caminhando muito. Se ela está ruminando pouco. Outra é o Farm que consegue ver a qualidade do leite e aí reduzir o nível de antibióticos no caso de mamite, e com isso desperdiça menos leite, diminui o uso de antibiótico. E a terceira é a volutec que acabou de entrar no mercado. Ela faz o monitoramento no tanque do leite, onde é possível ver a temperatura e a qualidade do leite, proporcionando uma condição de receber um valor melhor”, pontua o técnico da Embrapa Leite Paulo do Carmo Martins.
Novos mercados
Recentemente, a China, um dos países que mais consomem leite no mundo decidiu abrir mercado para lácteos brasileiros, o que inclui produtos como queijos.
“Temos queijos fantásticos aqui, inclusive canastra de pequenos produtores. Eu acho que é essa a linha que temos que seguir”, afirma o produtor Marcos Jank.
Para o também produtor Caio Rivetti, o caminho para a expansão de novos mercados é o foco na profissionalização. “A pecuária foi bem quando os frigoríficos se profissionalizaram, abriram mercados, abriram ações na bolsa e melhoraram a transparência. A gente olha a soja, as traders são profissionais, o produtor é parceiro da trade, ele troca insumos. Já o produtor de leite vê o laticínio como um vilão que está sendo querendo sempre roubar uma fatia dele e os laticínios também sofrem com essa situação. A gente tem que fazer um mea culpa e começar a trabalhar junto”.
Para o presidente da Abraleite, Geraldo Borges, o potencial de produção no Brasil é único no mundo. “Nós temos um diferencial aqui que outros países não têm. Nós temos condições de produzir aqui em todos os sistemas que já existem e todos os modelos intensivos e semi intensivos.
VEJA TAMBÉM
Brasil deve abater 31,517 milhões de bovinos em 2022, estima Safras
Os abates de bovinos no Brasil em 2022 devem atingir 31,517 milhões de cabeças, segundo projeções da Safras & Mercado, com um incremento de 7% –
Leia MaisRússia pode suspender exportações de milho e trigo nesta terça-feira
O Ministério Agrícola da Rússia, de acordo com a mídia local, pode suspender as exportações de cevada, milho e trigo de 15 de março a –
Leia MaisEspanha deve aprovar compra emergencial dos EUA e Argentina
A Espanha espera “nas próximas horas” aprovar compras emergenciais de milho da Argentina e dos Estados Unidos para ração animal após as lacunas de oferta –
Leia MaisColheita de milho atinge 8% da área na Argentina
A colheita de milho atinge 8% de avanço em nível nacional, quando há um ano era de apenas 4%, segundo o último relatório mensal do –
Leia MaisPlantio da safra 2021/22 de milho chega a 99,96% na Argentina
Levantamento semanal divulgado ontem (10) pelo Ministério da Agroindústria da Argentina indicou que o plantio de milho da safra 2021/22 atinge 99,96% da área estimada –
Leia MaisFrango: Com demanda aquecida, preços aumentam
A demanda por carne de frango se aqueceu neste início de mês, influenciada pelo recebimento dos salários por grande parte da população brasileira. Essa melhora –
Leia MaisSuínos: Brasil está apreensivo com o conflito no leste Europeu
O setor suinícola nacional está apreensivo com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Isso porque os custos dos principais insumos da atividade, milho –
Leia MaisPreço da arroba do boi no Brasil chega a R$ 350
O Indicador do boi CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista) atingiu nesta semana a casa dos R$ 350,00, recorde nominal diário da série histórica, –
Leia MaisMarfrig encerra o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 650 milhões
A Marfrig Global Foods encerrou o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 650 milhões, queda de 44,5% ante o R$ 1,171 bilhão –
Leia MaisConflito entre Ucrânia e Rússia pode impactar pecuária do MT, diz Imea
Os conflitos entre a Ucrânia e a Rússia têm gerado impactos políticos e econômicos em todo o mundo, o que também traz um alerta quanto –
Leia Mais