Leite: com custos de produção elevados, oferta segue limitada
Pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o preço do leite captado em julho e pago aos produtores em agosto subiu 1,23% na “Média Brasil” líquida, chegando a R$ 2,3595/litro. Com isso, as cotações no campo acumulam aumento de 5% desde janeiro, apresentando média de R$ 2,1618/litro na parcial deste ano – valor 28% acima da média de janeiro a agosto de 2020, em termos reais.
Agentes consultados pelo Cepea têm expectativa de que o movimento de valorização siga firme em setembro, fundamentados na menor qualidade das pastagens e, especialmente, nos elevados custos de produção, os quais têm limitado a oferta. Por isso, é importante ressaltar que a valorização do leite no campo se deve à alta dos custos de produção – fator, inclusive, que impede um ajustamento rápido da oferta à demanda.
Mesmo com os preços do leite em elevados patamares, os investimentos na atividade seguem limitados, já que as margens dos pecuaristas estão mais apertadas neste ano. Pesquisas do Cepea mostram que os insumos da atividade leiteira estiveram mais caros e, no acumulado do ano, subiram mais que o preço do leite.
O custo operacional efetivo da atividade registra expressivo avanço de 14% desde o início deste ano. Nesse contexto, a oferta de leite no campo cresce de forma lenta. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou aumento de apenas 1,7% no volume adquirido pelas indústrias entre junho e julho. Em Minas Gerais e em São Paulo, a captação esteve praticamente estável, de modo que a alta foi puxada pelos estados do Sul – que, na média, tiveram aumento de 2,9%.
Em 2020, vale lembrar, a captação em julho subiu quase 6%, com incrementos de 9% no Sul e de 4% em Minas Gerais e São Paulo. Em agosto, a competição dos laticínios pela compra de matéria-prima seguiu acirrada, já que agentes querem evitar capacidade ociosa não programada – e isso deve influenciar na manutenção do movimento altista ao produtor em setembro. O preço do leite negociado no mercado spot em Minas Gerais apresenta média de R$ 2,54/litro em agosto, alta de 0,8% sobre a de julho.
No entanto, a demanda por derivados lácteos não reagiu como esperado pelos agentes, impedindo aumentos proporcionais nos preços negociados pela indústria junto aos canais de distribuição. Buscando preços mais competitivos, a indústria elevou o volume de importações de lácteos, sobretudo de leite em pó e de queijos – apesar do aumento dos preços externos e do patamar do câmbio.
Diante disso, as negociações do leite spot em Minas Gerais perderam força em setembro, e os preços caíram de R$ 2,58/litro, na primeira quinzena, para R$ 2,50/ litro na segunda, recuo de 3%. Assim, os atuais fundamentos apontam possível estabilidade nos valores do leite captado em setembro e a ser pago ao produtor em outubro. No entanto, tudo irá depender das condições climáticas e do volume de chuvas no período.
VEJA TAMBÉM
Milho: cotações recuam nesta terça-feira no mercado físico
O mercado brasileiro de milho voltou a experimentar preços mais baixos no decorrer desta terça-feira (9). Segundo o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique –
Leia MaisBoi gordo: mercado físico volta a ter preços mais altos nesta terça-feira
O mercado físico de boi gordo voltou a ter preços mais altos no dia de hoje. Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras –
Leia MaisBrasil já tem técnicas para reduzir emissão de metano na pecuária, dizem Mapa e Embrapa
O Brasil já vem trabalhando com estratégias para reduzir a emissão de metano na pecuária do país. O tema foi abordado em coletiva de imprensa –
Leia MaisApesar do início do mês, preços dos ovos seguem praticamente estáveis
Os preços dos ovos comerciais não registram alterações significativas há duas semanas, apesar do período de início de mês e do consequente aumento no poder –
Leia MaisManejo reduz até 82% do carrapato-do-boi sem uso de químicos
Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizou controle de carrapatos em bovinos sem o uso de produtos químicos, utilizando apenas estratégias –
Leia MaisEstudo da Embrapa avalia sorgo gigante em consórcio com braquiária e panicum
Um esforço científico conjunto entre a Embrapa, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária e Ambiental (Fundapam) e Latina Seeds começa a identificar as melhores alternativas –
Leia MaisAprosoja/MS acredita que agropecuária neutralizará o carbono antes de 2050
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul, André Dobashi, sinaliza que tanto a agricultura como a pecuária, –
Leia MaisBoi: exportação em out/21 fica abaixo de 100 mil t pela 1ª vez em mais de 3 anos
Dados preliminares da Secex mostram que, em outubro, foram exportadas apenas 82,18 mil toneladas de carne bovina in natura, o menor volume desde junho de –
Leia MaisSuínos: média de outubro é maior desde abril deste ano
Os valores do suíno vivo e da carne estiveram elevados na maior parte de outubro. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada –
Leia MaisMourão: ‘Pecuaristas terão que se adaptar para Brasil reduzir emissões de metano em 30%’
Mais de cem países assinaram nesta quarta-feira (3), durante a COP26, um compromisso global que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030. –
Leia Mais