Leite: custos sobem 29% em fevereiro e pressionam lucro do produtor
O produtor de leite está com a rentabilidade bastante pressionada, conforme análise de pesquisadores e analistas da Embrapa Gado de Leite. O principal motivo da redução das margens são os custos de produção, que iniciaram o ano com aumento de 29% em relação a fevereiro de 2020. “Houve um grande aumento recente”, diz o analista Lorildo Stock, “de novembro do ano passado a fevereiro deste ano, a elevação dos custos pagos pelo produtor foi de quase 16%”, completa.
- Leite: Governo não entendeu a gravidade da crise, diz Benedito Rosa
- Leite: relação de troca com insumos é a pior desde 2016, diz Embrapa
O item que mais tem pesado nos custos é o concentrado. “O preço da soja e do milho, principais componentes da alimentação concentrada para o gado, que segue elevado no mercado internacional, também está em alta internamente devido aos baixos estoques e a desvalorização cambial”, diz o pesquisador Glauco Carvalho.
Segundo a analista Manuela Lana, o custo da alimentação disparou no último semestre, “mas no princípio o pecuarista manteve boa rentabilidade, pois as margens estavam mais folgadas devido ao preço valorizado do leite até outubro de 2020, o que já não ocorre”.
Outro fator que contribui para estreitar a lucratividade é o preço do leite em queda. O também analista da Embrapa Gado de Leite, Denis Rocha, diz que passamos pelo período de plena safra, que associada às importações mais elevadas do final do ano e o enfraquecimento da demanda, justificam a diminuição do valor. “O preço nominal líquido do leite, que em outubro de 2020 atingiu R$ 2,16, regrediu para pouco menos de R$2,00 em fevereiro” explica Rocha.
Produtos lácteos que tiveram grande elevação no ano passado, como a muçarela, tiveram forte recuo. O quilo da muçarela, que no atacado chegou a custar R$ 29,69/quilo em meados setembro, já está sendo vendido abaixo dos R$20,00/quilo. O mesmo acontece com o leite UHT. Vendido a R$3,67, em setembro, o leite de caixinha caiu para R$2,80 no final de fevereiro.
Os produtos lácteos tiveram grande valorização a partir de abril do ano passado, que se sustentou até meados de outubro, recuando no final do ano. Carvalho afirma que o volume de vendas de lácteos em 2020 se manteve elevado devido ao auxílio emergencial, pago pelo Governo Federal e pelos novos hábitos de consumo da população em isolamento. Mas, segundo ele, o novo auxílio em debate no Congresso, não deve provocar o mesmo efeito. “Os valores são menores e o montante de recursos despejados na economia deve ser entre 10% e 15% do que foi liberado em 2020”, compara.
No mercado internacional, os preços seguem em elevação e a desvalorização do Real deixa o produto importado menos competitivo, o que já tem contribuído para reduzir as importações. Nos últimos meses de 2020, o volume importado ficou na casa dos 180 milhões de litros por mês, recuando para 108 milhões no último mês de fevereiro.
Projeções para o leite
As perspectivas para os próximos meses ainda estão um pouco incertas, segundo pesquisadores e analistas. A volta de medidas que restringem a circulação de pessoas impacta a velocidade de retomada da atividade econômica, o que tem reduzido as estimativas de aumento do PIB para este ano. “É difícil de fazer qualquer previsão neste contexto de pandemia, em questão de dias ou semanas, pode surgir um fato novo e mudar tudo”, adverte Carvalho.
Embora a entressafra, que começa a partir de abril possa ampliar um pouco as margens de lucro, com a valorização dos preços do leite, não há expectativa de o setor viver um momento tão positivo quanto o ano que passou no curto prazo. Neste início de março, já estamos observando alguma recuperação nos preços do leite UHT e do leite em pó. O mercado de queijo muçarela continua mais fraco, até pelo retorno de restrições de circulação que afetam o setor de foodservice. De todo modo, a perspectiva é de valorização dos lácteos nos próximos meses, sustentado pela entressafra, menor importação e incremento dos preços internacionais.
VEJA TAMBÉM
Semeadura de milho da safra 21/22 na Argentina atinge 98,5%
Levantamento semanal divulgado pelo Ministério da Agroindústria da Argentina indicou que a semeadura de milho da safra 2021/22 atingia 98,5% da área cultivada de 10,125 –
Leia MaisCarne suína atinge competitividade recorde frente à bovina
Carne suína atinge competitividade recorde frente à bovina Mesmo com os preços de todo o setor suinícola apresentando forte reação nesta semana, a média da –
Leia MaisBoi segue negociado acima de R$ 330, aponta Cepea
Desde o início deste ano, os valores da arroba do boi gordo vêm operando acima da casa dos R$ 330 no estado de São Paulo. –
Leia MaisMilho: vendas semanais dos EUA ficam em 820 mil toneladas em 21/22
As vendas líquidas norte-americanas de milho para a temporada comercial 2021/22, que tem início no dia 1º de setembro, ficaram em 820 mil toneladas na –
Leia MaisCustos de produção da safra 2022/23 de milho sobem em MT
Segundo relatório de fevereiro (com dados de janeiro) de custos de produção do Mato Grosso divulgado pelo Imea, os gastos totais para a safra 2022/23 –
Leia MaisMapa Conecta Proteína Animal está com inscrições abertas para startups
Startups com iniciativas para a cadeia de produção de proteína animal podem se inscrever até o dia 10 de março no desafio Mapa Conecta Proteína Animal. –
Leia MaisAbate de bovinos cresce 17,25% em Mato Grosso
Recentemente, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) divulgou os dados de abate do mês de janeiro de 2022 e, com –
Leia MaisConab indica colheita de milho verão em 17,5%
A colheita da 1ª safra 2021/22 de milho atingia 17,5% da área no Brasil até o dia 12 de fevereiro, conforme levantamento semanal da Companhia –
Leia MaisMilho: Anec projeta embarques de 350 mil toneladas em fevereiro
As exportações brasileiras de milho deverão ficar em 350 mil toneladas em fevereiro, conforme levantamento semanal da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Em –
Leia MaisProdução de carne bovina argentina cai 2,5% em janeiro
A produção de carne bovina na Argentina foi de 222,3 mil toneladas de carne com osso em janeiro, o que representou uma queda de 2,5%, –
Leia Mais