07 de julho de 2021 às 16h55

Leite: como alinhar remuneração justa com custo compatível ao produtor?

No Brasil, o preço pago pelo litro de leite ao produtor hoje está acima se comparado a outros países. O país ocupa o terceiro lugar, com 37 centavos de dólar, só atrás dos Estados Unidos com 40 centavos e a Nova Zelândia, com 43 centavos de dólar.

Apesar do bom momento para o produtor em relação a preço, o problema está no custo de produção do leite, o pior dos últimos 10 anos. Com isso, o consumidor, último elo da cadeia, sente o reflexo.

“Em três meses, tivemos uma alta de mais ou menos 25% no preço do leite, no qual a gente tenta não repassar todo esse aumento porque fica muito fora da curva. A gente economiza um pouco na nossa margem”, afirma o gerente de supermercado Leandro Damasceno.

Em um supermercado de São Paulo (SP), o litro de leite está custando entre R$ 3,29 e R$ 4,99, dependendo da marca. Se por um lado o consumidor final sentiu no bolso a alta do preço nos últimos meses, na outra ponta da cadeia, o pecuarista sofre com a variação de valor pago pelo laticínio que, muitas vezes, quase não cobre o custo de produção.

“No passado, a gente estava vendendo leite a R$ 1,50/R$ 1,60, mas a gente estava pagando na saca de soja até R$ 60 reais e R$ 30 no saco de milho. Hoje a soja está R$ 150 e o milho a R$ 90. Enquanto isso, o leite só subiu 60 centavos”, relata o pecuarista Dinei Marcos Faria.

Outro problema para o setor leiteiro é a volatilidade do preço. Em janeiro de 2018, por exemplo, o litro de leite em Goiás valia R$ 1,41. Em setembro de 2020, o valor chegou a R$ 2,6, aumento de quase 90%. Já nos últimos oito meses, o valor caiu para R$ 2,07, redução de 22%. Diante dessa montanha russa do mercado, o pecuarista precisa fazer malabarismo para fechar no azul.

“Se o produtor consegue produzir algum tipo de alimento na sua propriedade, consegue abaixar o custo. No entanto, se depender de comprar insumos de fora da propriedade, você fica no prejuízo, não tem como remunerar”, destaca o produtor Joel Dalcin.

Outra dificuldade do pecuarista é vender o produto às cegas. Isso porque o laticínio só determina o valor que será pago após a entrega.

“O grande chamamento é para a indústria do leite, para que ela passe a praticar o sistema que utilizado no mundo inteiro. Que respeite o produtor da sua matéria prima. Compre e determine quanto pagar na hora de carregar e não depois simplesmente quando já processou, já vendeu, e só aí dizer ao produtor quanto cabe a ele”, diz o pecuarista Fabrício Bran.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) Carlos Joel da Silva, é preciso também ajustar a rentabilidade em toda a cadeia, desde o produtor até o consumidor.

“A gente conhece muito bem é da porteira para dentro, mas da porteira para fora a gente entende que tem muita gordura para ser queimada. Tem gente que faz muito pouco pela cadeia e que ganha mais do que o produtor”, critica.

Novo perfil da produção de leite

Quem trabalha em larga escala teoricamente leva vantagem. por isso, o perfil da pecuária leiteira vem mudando no mundo inteiro.

“Já sabe que 7% dos produtores produzem 50% do leite do país. Eu acho que esse é o caminho que o Brasil vai trilhar como aconteceu nos Estados Unidos. Os americanos tinham dois milhões e meio de produtores nos anos 50 e hoje tem menos de 25 mil, menos de 1%”, pontua o produtor Roberto Jank.

No Brasil, essa mudança no perfil do produtor também parece inevitável, mas especialistas dizem que ela precisa acontecer com planejamento e participação do governo pela importância social da atividade no país.

“Nós temos produtores que não estão tendo a oportunidade de fazer a coisa direito e é para esse produtor que a gente tem que dar atenção. Porque tem um lado social muito importante, afinal o leite faz a multiplicação de emprego e renda na maioria dos municípios brasileiros”, afirma o técnico da Embrapa Leite Paulo do Carmo Martins.

Para aqueles que ainda não tem escala, um dos caminhos para tentar sobreviver na atividade é agregar valor ao produto.

“Eu acho que o Brasil tem todas essas oportunidades para crescer, de atender esses nichos que são extratos na população consumidora, mas são extratos que precisam ser atendidos, seja no orgânico, no A2, no produto mais fresco, menos processado”, destaca o produtor Roberto Jank.

Jank diz, ainda, que o produtor deve se profissionalizar, ou então correrá o risco de desaparecer do mercado. “Eu acho isso muito importante porque criou-se um viés de profissionalismo do produtor brasileiro onde ele é obrigado a ganhar escalar, eficiente, nos processos, explorar bastante o sistema produtivo dele. Eu acho isso muito positivo”, finaliza.

 

29/03/2021 às 16h02

ABPA lança campanha internacional contra fraudes e vendas falsas

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lançou nesta segunda-feira, 29, uma campanha internacional para alertar importadores e potenciais clientes contra casos de fraudes e –

Leia Mais
29/03/2021 às 14h32

Milho: colheita da safra de verão atinge 59% da área estimada

A colheita da safra de verão 2020/21 no Brasil de milho atingia 59% da área estimada de 4,353 milhões de hectares até sexta-feira, 26, segundo –

Leia Mais
29/03/2021 às 13h32

Carnes: exportadores do Reino Unido encaram dificuldades com caos gerado por Brexit

Exportadores de carne do Reino Unido podem perder até metade de seu comércio como resultado do caos gerado pela saída do país da União Europeia –

Leia Mais
29/03/2021 às 13h02

Lentidão nas vendas pressiona cotações dos ovos

Devido as medidas mais restritivas de isolamento social adotadas por governos estaduais e prefeituras estarem limitando parte das vendas, principalmente no atacado, a proximidade do –

Leia Mais
28/03/2021 às 18h09

Mapa estuda crédito mais acessível para pescadores e aquicultores

A Secretaria de Aquicultura e Pesca, do Ministério da Agricultura (Mapa), está em tratativas com instituições financeiras para tornar mais fácil o acesso de pescadores –

Leia Mais
28/03/2021 às 17h03

Rio Grande do Sul oferece curso online sobre monitoramento de javalis

A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul está com inscrições abertas para um curso online voltado ao monitoramento de –

Leia Mais
28/03/2021 às 14h41

Cavalo crioulo: Argentina seleciona 6 classificados ao Freio de Ouro 2021

Dando a largada nas semifinais do Freio de Ouro 2021, a Argentina foi responsável por apresentar os primeiros classificados à grande final. Neste sábado, 27, –

Leia Mais
28/03/2021 às 11h20

Covid-19: Goiás publica critérios para realização de leilões virtuais de animais

O governo de Goiás publicou portaria na última sexta-feira, 26, com os critérios para a realização de leilões de animais, na modalidade on-line, no período –

Leia Mais
27/03/2021 às 19h00

Febre aftosa: fórum debate retirada da vacina no estado de São Paulo

Na próxima segunda-feira, 29, acontece de forma virtual, o fórum paulista de febre aftosa, que vai debater a retirada da vacinação contra a doença no –

Leia Mais
27/03/2021 às 17h56

Empresa paranaense fornece ovos para produção da vacina brasileira contra Covid-19

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta sexta-feira, 26, que o Instituto Butantan iniciou o desenvolvimento e a produção-piloto da primeira vacina brasileira –

Leia Mais