Mercado de carne bovina vive momento de apreensão à espera do posicionamento chinês
O mercado de carne bovina no Brasil passa por um momento turbulento após a suspensão temporária dos embarques para a China, principal importador. As vendas não acontecem desde o início de setembro, após o Brasil confirmar dois casos atípicos do “mal da vaca louca”, e, até o momento, não há previsão de quando serão retomadas as exportações, mesmo após o parecer da Organização de Saúde Animal (OIE), que considerou o Brasil como risco insignificante para a doença.
A cenário de apreensão fica ainda maior com o temor de que as exportações não sejam retomadas até o final de setembro, já que entre 1 a 7 de outubro, os asiáticos paralisam parte de suas atividades para celebrar o Dia Nacional da China.
- Carne bovina: restrições na argentina podem impactar mercado global, diz Rabobank
- Sem exportar para a China, preço da carne bovina pode desabar no Brasil, diz analista
Para o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias, a ausência do mercado chinês nas exportações de carne bovina é ruim para frigoríficos e pecuaristas. “A situação é complicadíssima, com os frigoríficos tendo que remanejar escalas de abate e ainda sentindo o impacto dos custos logísticos, já que câmaras frias estão lotadas aguardando para serem despachadas”, pontua.
Responsável pela produção da carne bovina, o pecuarista também sente o impacto com a natural redução nas vendas. “Esse animal que está indo para o abate é o de confinamento, e nesse tipo de terminação o gasto com nutrição é maior, quando se analisa o custo dos insumos, como o milho, que hoje estão com preços proibitivos. Quanto mais demora para se resolver a questão com a China, mais o cenário vai se complicando. Cada dia no cocho é um gasto a mais para o produtor”, diz Iglesias.
Na opinião do analista, não há nada que justifique a interrupção dos embarques de carne bovina, uma vez que a questão sanitária já foi superada. Ele diz o setor foi pego de surpresa diante da falta de posicionamento oficial por parte da China, o que leva o mercado a ponderar algumas questões.
“Há uma suposição de que a China está tentando baixar preços de contratos para pagar menos por proteína. Outra possibilidade é que diante do movimento de queda da carne suína neste ano, que acarretou prejuízos ao suinocultor chinês, a demora em dar um parecer ao Brasil pode ser uma justificativa para ampliação da oferta de carne suína”, ressalta Iglesias.
Como fica o mercado de carne bovina sem a presença da China
Representando 57% de todo o faturamento com exportações de carne bovina, Fernando Iglesias diz que o mercado aguarda ansiosamente pela retomada das exportações ao mercado asiático ainda este mês. De acordo com ele, em um cenário pessimista, onde o Brasil ficaria mais 20 dias sem vender à China, a situação da pecuária de corte se agravaria ainda mais.
“O pecuarista vai perder mais poder de barganha. O cenário de retenção de animais é complicado. A China vai tentar derrubar ainda mais o preço. Diante disso, os preços vão cair e não vai ser pouco, caso haja a manutenção de embargo à carne brasileira. Se o já temos relatos de boi gordo a R$ 295 em São Paulo, esse valor pode chegar a R$ 280”, prevê Iglesias.
Em nota enviada à reportagem do Canal Rural, o Ministério da Agricultura (Mapa), informou que a suspensão nas vendas externas de carne bovina é resultado de um protocolo firmado entre os dois países, que determina esse tipo de ação ação no caso de EEB. Nesse mesmo protocolo, não estão definidos os passos para a retomada do
comércio. “Assim, da forma como está acordado hoje, a decisão cabe à China”, diz a nota.
Ainda de acordo com o Mapa, o Brasil vem mantendo a transparência com a China em relação à possibilidade de EEB nos animais antes mesmo da confirmação dos casos. “Desde então, temos atendido pronta e tempestivamente todos os pedidos de informação que nos são dirigidos. Além disso, encaminhamos solicitação para reunião técnica, ainda não agendada pelas autoridades chinesas, que alegam estarem analisando as informações enviadas”.
Por fim, a nota do Mapa diz que não há como reestabelecer um prazo para as exportações da carne brasileira para o mercado chinês, “pois a decisão não cabe ao Governo brasileiro. Temos acompanhado de perto e com preocupação a situação dos frigoríficos”.
VEJA TAMBÉM
Custo com ração afeta todos os mercados de proteína animal, diz ABPA
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirmou que os custos da indústria com ração animal vêm afetando todos os mercados –
Leia MaisMilho: Brasil deve exportar 2,5 mi de toneladas em setembro, diz Anec
As exportações brasileiras de milho deverão ficar em 2,53 milhões de toneladas em setembro, conforme levantamento semanal da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). –
Leia MaisConseleite-RS: valor de referência do litro tem queda de 1,97%
O valor de referência do leite projetado para setembro é de R$ 1,7009 no Rio Grande do Sul, 1,97% menor que o balanço referente ao –
Leia MaisCotação do boi gordo registra leve recuo em Mato Grosso no mês de agosto
As cotações da arroba do boi gordo em Mato Grosso e em São Paulo recuaram no mês de agosto de 2021. Esse cenário foi ocasionado –
Leia MaisReforma de pastagens pode trazer ganhos ambientais e maior produtividade na pecuária
O amplo investimento em recuperação de pastagens degradas pode aumentar a produtividade da pecuária de corte brasileira, além de favorecer as ações de sustentabilidade. A –
Leia MaisExpedição destaca características do confinamento na pecuária baiana e mineira
A Fazenda Palmito (Correntina/BA) é um confinamento estratégico. Os proprietários compram 100% da reposição, recriam a pasto e utilizam a tecnologia, principalmente referente à nutrição –
Leia MaisLeite: custos avançam 1% em agosto e 14% no ano, aponta Cepea
O Custo Operacional Efetivo da pecuária leiteira subiu 1,02% de julho para agosto na “Média Brasil”. De janeiro a agosto deste ano, o COE acumula –
Leia MaisRedução de ICMS pode ajudar frigoríficos a não fecharem as portas, diz Sindifrigo-MT
Para atender uma demanda dos frigoríficos de Mato Grosso, o Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento do estado (Condeprodemat) elevou os percentuais de descontos no –
Leia MaisAftosa: dez estados e Distrito Federal deixarão de imunizar rebanho em 2023
Em uma decisão unânime, o bloco IV, composto por 10 estados (BA, SE, RJ, SP, MG, GO, MT, TO, MS, ES e DF) e o –
Leia MaisMilho: isenção de PIS/Cofins na importação beneficiará avicultor, diz Asgav
A medida provisória n 1.701 que suspende até 31 de dezembro a cobrança da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição –
Leia Mais