27 de março de 2021 às 17h56

Empresa paranaense fornece ovos para produção da vacina brasileira contra Covid-19

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta sexta-feira, 26, que o Instituto Butantan iniciou o desenvolvimento e a produção-piloto da primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus. A expectativa é que os ensaios clínicos de fases 1 e 2 em humanos com o novo imunizante comecem já em abril, após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Diferente da CoronaVac, distribuída atualmente em parceria com o laboratório chinê Sinovac, a vacina do Butantan utilizará ovos férteis e vírus morto em seu processo de fabricação. Para que esse produto tão essencial para a saúde dos brasileiros chegue ao mercado, o agronegócio será peça fundamental.

anúncio Butanvac

Foto: Governo de São Paulo

A Globoaves,  uma empresa especializada na produção avícola, será parceira do Butantan na produção das novas vacinas, assim como já faziam com o vírus da gripe, o influenza. “Nos orgulhamos de fazer parte do esforço do Butantan na promoção da saúde. Somos fornecedores de ovos embrionados para a produção da vacina da Influenza e, agora, da Butanvac”, disse a empresa em comunicado.

Para a produção da ButanVac, o instituto deverá usar tecnologia já disponível em sua fábrica de vacinas contra a gripe, a partir do cultivo de cepas em ovos de galinha, que gera doses de vacinas inativadas, feitas com fragmentos de vírus mortos.

Segundo Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, a nova vacina brasileira terá perfil alto de segurança. “Nós sabemos produzir a ButanVac, temos tecnologia para isso, e sabemos também que vacinas inativadas são eficazes contra a Covid-19. Poder entregar mais vacinas é o que precisamos em um momento tão crítico”, explica.

Diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas afirma que será possível entregar a vacina brasileira ainda neste ano. “Após o final da produção da vacina contra Influenza, em maio, poderemos iniciar imediatamente a produção da Butanvac. Atualmente, nossa fábrica envasa a Influenza e a CoronaVac. Estamos em pleno vapor”, afirma Dimas Covas.

Afinal, como a vacina é produzida em ovos?

A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina de influenza. O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção. O vírus é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro.

ovos férteis

Foto: Globoaves

“A produção dos ovos é feita em granjas próprias, construídas em locais protegidos, que contam com altíssimos níveis de controle sanitário.Utilizamos o que há de mais moderno na produção avícola: controles rigorosos, como os controles de ventilação, condições climáticas, iluminação, ninhos automáticos, transporte e embalagem dos ovos em linhas automatizadas. Tudo isso sem deixar de cuidar do bem-estar animal que, tanto na fase de recria como na de produção, é prioridade para que as aves possam produzir ovos da melhor qualidade e plenamente saudáveis”, explica a Globoaves.

Em setembro de 2020, o programa Ligados & Integrados do Canal Rural, explicou passo a passo como funciona a produção de vacinas a partir de ovos férteis. Confira:

O biólogo Geraldo Cupertino contou à equipe do programa como é realizado o manejo nas granjas que produzem ovos férteis para a produção de vacinas.

Criação das matrizes

As granjas que fornecem embriões para a produção de vacinas são exclusivas. Cupertino conta que o processo é bem diferente daquele realizado nas granjas de matrizes de frango de corte, já que envolve a produção de medicamentos. “Estamos falando de produtos que serão injetados em seres humanos, por isso, as granjas são totalmente isoladas. O processo de incubação dos ovos leva até 11 dias, dependendo da cepa que será produzida, e os embriões são transferidos em veículos específicos até seu destino, que pode ser o Instituto Butantan”, explica o biólogo. O cliente, como o Instituto Butantan, realiza a inoculação do vírus (neste caso, o influenza) e inicia, de fato, a produção da vacina.

Nessas granjas, há um rígido controle sanitário que se estende aos colaboradores. O acesso às aves é extremamente restrito justamente para proteger o plantel. Existe uma segurança muito maior na produção dos ovos e alguns procedimentos são diferenciados. Por exemplo: não são todas as vacinas e medicamentos que podem ser usados nas matrizes. “São galinhas de linhagens comerciais, a única diferença é a maneira como elas são conduzidas desde o período de incubação. Existe uma normativa que deve ser obedecida. Esse ovo é produzido em uma granja muito bem estruturada para atender à demanda. A responsabilidade é grande, porque são milhões de pessoas recebendo um produto sob nosso controle”, diz Cupertino.

Granja Globoaves

Foto: Globoaves

Os ovos passam por uma seleção. São pesados e separados por categorias, e nem todos vão gerar embriões. Antes de sair da empresa fornecedora, é realizado um procedimento chamado ovoscopia em cem por cento dos ovos para a retirada dos embriões inférteis, que não se desenvolveram ou que morreram durante o trajeto. “Só os embriões viáveis, que variam entre 88% a 90% dos ovos, são enviados ao cliente”, explica Cupertino.

Muito além da produção de alimentos

A aprovação das vacinas humanas fica a cargo do Ministério da Saúde, já a aprovação das vacinas para animais é de responsabilidade do Ministério da Agricultura e Pecuária. Os embriões são utilizados tanto para a linha veterinária quanto para a linha humana.

São a avicultura e a ciência caminhando juntas, muito além da produção de alimentos. “Tudo está relacionado, uma coisa depende da outra. É um processo que exige bastante, mas também é muito satisfatório saber que podemos contribuir com uma nação e, quem sabe amanhã, até com outros países”, finaliza.

anúncio Butanvac

Foto: Governo de São Paulo

Muitas vacinas utilizam ovos embrionados como matéria-prima principal. Graças à utilização dos ovos, a produtividade é maior. A produção de vacinas aumenta, já que as aves botam um ovo por dia. Antônio Pereira da Silva, gerente de produção do Instituto Butantan, disse na entrevista de 2020 como os embriões facilitam a produção. “Temos capacidade de produzir 90 milhões de doses de vacina contra a Influenza, com perspectiva de aumento. Colocamos uma quantidade muito pequena de vírus dentro do ovo. Se eu colocar dez vírus, por exemplo, após 72 horas, dependendo da cepa, eles se transformam em milhares de vírus. Nosso produto agregado está ali”, concluiu.

02/02/2023 às 07h11

Carne bovina: empresa do México visita Argentina para iniciar exportação

O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa), Rodolfo Acerbi, conduziu uma reunião final com uma delegação da empresa mexicana de alimentos Sigma, onde –

Leia Mais
01/02/2023 às 19h02

Carne bovina: custo de produção aumenta em Mato Grosso

O custo de produção da pecuária de corte em Mato Grosso em 2022 seguiu com a tendência de alta observada desde 2018. Segundo os dados –

Leia Mais
01/02/2023 às 06h02

Ovos: poder de compra do avicultor cai pelo 5º mês consecutivo

Os preços dos ovos comerciais continuam em queda em janeiro frente aos de dezembro na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Já os valores –

Leia Mais
31/01/2023 às 19h08

Carne bovina: exportações da Argentina geram US$ 3,431 bi em 2022

As exportações argentinas de carne bovina renderam US$ 3,431 bilhões em 2022, um aumento de mais de US$ 640 milhões do que no ano anterior, –

Leia Mais
31/01/2023 às 14h02

ABCS diz que 84,1% do rebanho suíno de Alagoas foi vacinado contra a PSC

Em boletim divulgado na última sexta-feira (27), a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) informou que até agora, em 58 dias de trabalho, foram –

Leia Mais
31/01/2023 às 13h02

Carnes: 48% do rebanho bovino da Argentina é afetado pela seca

De acordo com a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), com dados do Sistema de Informação sobre Secas para a América do Sul (SISSA), 48% –

Leia Mais
29/01/2023 às 16h02

Frango: preço da carne de frango está em movimento de queda desde de dezembro

Os preços da carne de frango, negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, estão em queda desde dezembro de 2022, com o movimento se –

Leia Mais
27/01/2023 às 13h02

Boi: diferença entre os valores médios de macho e fêmea é recorde

A diferença média entre os preços das arrobas dos animais machos e fêmeas prontos para abate, ambos comercializados no mercado paulista, atingiu o maior patamar –

Leia Mais
26/01/2023 às 13h28

Carne suína: exportações atingem 53,980 mil toneladas em janeiro

As exportações de carne suína “in natura” do Brasil renderam US$ 134,583 milhões em janeiro (15 dias úteis), com média diária de US$ 8,972 milhões. –

Leia Mais
25/01/2023 às 07h02

Frango: queda no preço do frango e alta nos insumos pressionam poder de compra do avicultor

As cotações do frango vivo têm registrado forte queda entre as médias de dezembro de 2022 e da parcial de janeiro (até o dia 18). –

Leia Mais