‘Preço do milho busca patamar de importação, que é de até R$ 104’
O preço do milho no Brasil continua em alta. De acordo com a Safras & Mercado, as cotações tentam alcançar o nível do custo de importação, que hoje está entre R$ 102 e R$ 104 por saca, para granjas mais próximas aos portos.
“Isso se a empresa tem o artifício do drawback [regime aduaneiro especial que consiste na suspensão ou isenção de tributos]. Do contrário, tem que pagar mais 9,25% de PIS/Cofins”, diz o analista de mercado Paulo Molinari.
O Comitê Executivo de Gestão (Gecex), ligado ao Ministério da Economia, deve analisar na próxima segunda-feira, 19, a possibilidade de isentar novamente as importações de soja e milho vindos de países de fora do Mercosul. Molinari afirma que é importante ter uma opção, mas a medida terá pouco impacto no preço do milho.
“O efeito é zero. Não consideramos a TEC quando falamos dos custos de importação, porque ela pode ser retirada com uma canetada do governo. O que importa é a matemática da operação: o milho americano está muito caro. Se o Brasil entrar lá comprar, Chicago rompe US$ 6 por bushel. Continua compensando comprar da Argentina mais do que dos Estados Unidos”, afirma.
Por que o preço do milho subiu tanto?
Segundo o analista da Safras, três fatores explicam a valorização do cereal no Brasil. Primeiro, o milho não está barato no mercado internacional. Na Bolsa de Chicago, por exemplo, os contratos futuros estão no níveis mais altos desde 2013.
Além disso, há uma estiagem bastante severa em abril, em uma faixa que vai do Paraguai a São Paulo, ameaçando a produtividade da segunda safra. “Precisa chover urgentemente para que tenhamos uma visão melhor da safrinha”, afirma ele, mas acrescenta que a perspectiva não é boa.
O cenário gera uma pressão psicológica sobre o mercado do milho, já que há lavouras na fase de polinização, que é bastante crítica, e outras plantações que devem entrar nela nos próximos dias.
“Isso faz com que o produtor não venda o milho que ainda está disponível e o que será colhido, porque ele não sabe qual será o tamanho da produção”, comenta, elencando o terceiro motivo da alta.
Para Molinari, o preço do milho deve seguir muito firme neste semestre, pois a segunda safra só deve entrar com mais força a partir do dia 20 de julho.
Quebra de safra ainda maior?
Em projeção divulgada no fim de março, a Safras & Mercado reduziu sua estimativa para a segunda safra de milho de 84 milhões para 80,7 milhões de toneladas. Caso o clima continue prejudicando as lavouras, a consultoria deve revisar esse número ainda mais para baixo, provavelmente em maio.
VEJA TAMBÉM
Milho: isenção de PIS/Cofins na importação beneficiará avicultor, diz Asgav
A medida provisória n 1.701 que suspende até 31 de dezembro a cobrança da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição –
Leia MaisMapa simplifica emissão de registros para indústrias com produtos de origem animal
O Ministério da Agricultura (Mapa) simplificou as regras para emissão de títulos de registro para os estabelecimentos que trabalham com produtos de origem animal. As –
Leia MaisCustos sobem e produtores de aves e suínos debatem alternativas para alimentação
Os custos de produção de frangos de corte e de suínos registraram novo aumento durante o mês de agosto segundo os estudos publicados pela Central –
Leia MaisMilho: oferta continua a sobressair diante da demanda do mercado
A oferta do milho continua a sobressair diante da demanda do mercado, dando sequência a pressão baixista tanto no físico quanto nos futuros do cereal, –
Leia MaisEgito deve produzir 385 mil toneladas de carne bovina em 2022, diz USDA
O Egito deverá produzir 385 mil toneladas de carne bovina (em equivalente carcaça) em 2022, segundo informações divulgadas pelo boletim Gain Report, de adidos do –
Leia MaisCarne suína perde competitividade e produtor independente sofre com custos
A competitividade da carne de frango frente à suína é a menor em nove anos, segundo cálculos feitos pelo Cepea. Em setembro de 2021. a –
Leia MaisVolume de carne bovina estocada preocupa mercado, diz Safras
O mercado físico de boi gordo registrou preços estáveis nesta quarta-feira, 22. Segundo o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os frigoríficos foram –
Leia MaisAutocontrole é aprovado na Comissão de Agricultura da Câmara
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, 22, o substitutivo do deputado Domingos Sábio (PSDB-MG) ao –
Leia MaisLeite: com custos de produção elevados, oferta segue limitada
Pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o preço do leite captado em julho e pago aos produtores em agosto –
Leia MaisBoi: movimentação interna dá maiores sinais de fraqueza
Mesmo com negócios pontuais acontecendo na praça paulista, as cotações no mercado físico do boi gordo seguem em certa estabilidade, com as referências de preços –
Leia Mais