09 de julho de 2021 às 14h13

Conheça o programa que promete trazer competitividade ao setor de leite no Brasil

Da porteira para dentro, muita dedicação e esforço na produção de leite. Mas, sem uma estrutura organizada do lado de fora, o trabalho pode ser perdido. Ciente da necessidade de desenvolvimento da cadeia leiteira, nos últimos meses o Ministério da Agricultura (Mapa) tem elaborado um plano para aumentar a competitividade do leite brasileiro.

“A cadeia do leite é transversal, ela é uma cadeia produtiva que tem diferentes tipos de produtores: desde os pequenos até os grandes, está representada em quase 100% dos municípios brasileiros com a atividade econômica. Existem determinados extratos de produtores de subsistência que tem apetite por um melhor tipo de política pública e outros maiores com outro tipo de acesso à política pública e a preocupação do ministério sempre foi de jogar luz nestas características e tentar adaptar as nossas políticas para que elas possam ter adesão destes produtores da melhor forma possível”, diz o secretário executivo do Mapa Luís Rangel.

O plano do Mapa, elaborado em conjunto com a Câmara Setorial de Leite e Derivados, se baseia em cinco eixos de desenvolvimento: gestão da propriedade, infraestrutura, previsibilidade de preços e contratos, genética e sanidade e políticas públicas.

“O plano foi concebido pelo próprio Ministério da Agricultura em negociação com algumas indústrias, para a recomposição do Pis/Cofins. E foi definido, na época, pelo Mapa que pelo menos 5% dessa restituição dos impostos, que era direito das indústrias, fossem aplicados em assistência técnica. Para o pequeno e médio produtor isso é fundamental, pois com assistência ele aumenta a chance de investir em tecnologia e crescer na sua escala de produção, que é fundamental”, avalia Ronei Volpi, presidente da Câmara Setorial de Leite do Mapa.

A cooperativa Castrolanda, no interior do Paraná, faz parte do programa desde 2019. Com os recursos, foram adquiridos pasteurizadores que tornam o colostro mais saudável para as bezerras.

“Colostrando bem o bezerro você vai ter um bezerro mais saudável, com menos problemas com relação a pneumonias, diarreias, acaba usando menos antibiótico, um animal mais saudável. Dentro da nossa propriedade, a gente espera que todos os animais entrem em produção aos dois anos de idade. Então a gente vai conseguir atingir essa meta e de uma forma louvável. São animais mais produtivos”, relata o cooperado e produtor de leite, Armando Carvalho.

A restituição do Pis/Cofins dentro do plano ainda possibilitou a construção de salas de análise de laboratório nas fazendas para detecção de mastite. Segundo a cooperativa, o uso mensal de antibióticos caiu 45% desde o final do ano passado, o que gerou uma economia direta de aproximadamente R$ 10 mil para cada produtor envolvido.

“Se a vaca tem algum problema, eu faço uma análise no laboratório. Esse exame já vai me dizer se eu preciso ou não tratar essa vaca. Se eu preciso usar antibiótico, a análise já vai me dizer qual antibiótico eu vou usar. Com isso eu evito muita perda”, diz a produtora de leite e cooperada Margareth Wacherski.

Para o gerente de negócios da Castrolanda, Eduardo Ribas, mesmo com o fim do programa, algumas lições serão permanentes na cadeia produtiva.

“Quando acabar o programa daqui a três anos, vai deixar um legado para o produtor. Mesmo que acabe, o programa de gestão fica. Então durante a vida produtiva, todo o futuro dessa propriedade, ele vai estar ter seus dados econômicos, seus dados zootécnicos. Isso é um legado que o programa deixou”.

Dentro do plano de competitividade, há a sugestão de se criar um programa nacional de controle de mastite. Na sanidade, também há a previsão de programas de erradicação de tuberculose e brucelose, com linhas de crédito para repor animais sacrificados. Na genética, financiamentos para inseminações e aquisição de matrizes de alto rendimento. Focos de trabalho altamente ligados com o incentivo à exportação.

“Outra frente de trabalho é buscar uma maior proteção para as oscilações de preço, talvez com a possibilidade de implantar um mercado futuro para os produtos lácteos, como outras commodities agrícolas. É um projeto que está em andamento ainda e que pretendemos num curto prazo, médio prazo avançar um pouco nisso”, diz o presidente da Câmara Setorial do Leite Ronei Volpi.

Reforma tributária preocupa setor

O Ministério da Agricultura não está de olho apenas nas iniciativas do Poder Executivo. Tanto o Mapa quanto o setor produtivo se preocupam com um debate que está acontecendo no Congresso, sobre a reforma tributária. Isso porque uma possível oneração da cesta básica ou mudanças no tratamento do crédito presumido podem dificultar a vida dos produtores de leite, principalmente dos que estão fora de algum sistema cooperativista.

“Primeiro é manter o produtor rural como não contribuinte. Hoje ele não é contribuinte e se eu passar a taxar todo mundo, imagine só que um produtor pequeno tiver que pagar um contador é muitas vezes, muito mais do que ele fatura em um mês. Outro ponto é o crédito presumido com uma alíquota que garanta a não cumulatividade na cadeia. A gente tem uma pequena cumulatividade hoje, em torno de 13 a 14%, mas se for nos moldes que eles estão preconizando vai ser mais de 60%. É muito preocupante”, alerta o diretor-executivo da Viva Lácteos.

Mais recursos para o leite

Brasília é o grande centro do debate político e econômico no país. Mas, não é o único. Governos regionais também podem ajudar a estruturar a cadeia. No Rio Grande do Sul, o Fundoleite foi reativado. A expectativa é de que os produtores passem a ter R$ 4 milhões por ano investidos no setor leiteiro.

A secretária de Agricultura do Rio Grande do Sul, Silvana Covatti, explica como é feita a distribuição dos recursos para a cadeia produtiva.

“70% desse recurso vai ser destinado a assistência técnica ao nosso produtor, enquanto 20% vão para projetos relativos ao desenvolvimento da cadeia produtiva do leite. Projetos em que vamos proporcionar, cada vez mais, que o produtor dentro da sua propriedade desenvolva técnicas diferentes. Os 10% vão para custeio do setor administrativo”, explica.

Para o deputado federal e presidente da subcomissão de leite da Câmara, Alceu Moreira (MDB-RS), é preciso acabar com o conceito de ‘coitadismo’ que recai sobre o produtor.

“Não há lugar pra coitadismo nisso. O leite é uma atividade econômica de grande relevância. O produtor tem que ser bem remunerado, tem que ter renda, mas ele precisa, mais do que nunca, ter um nível de assessoria técnica que domine profundamente o que ele está fazendo. Se ele tiver isso, ele vai ser competitivo e vai produzir leite em condição de vender para o mercado nacional e internacional”, afirma.

 

24/03/2023 às 14h02

Carne bovina: Argentina exporta ao México pela primeira vez

A Argentina concluiu a primeira exportação de carne bovina para o México após mais de 10 anos de negociações. A amostra consiste em uma tonelada –

Leia Mais
24/03/2023 às 12h02

Boi: suspensão dos envios a China completa um mês

A suspensão dos envios da carne bovina brasileira à China completa um mês nesta quinta-feira, 23. Agentes do setor pecuário nacional esperam que a retomada –

Leia Mais
24/03/2023 às 11h02

Suínos: preços caem em todas as regiões

As cotações da carne e do suíno vivo estão em movimento de queda nesta segunda quinzena de março em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea.  –

Leia Mais
22/03/2023 às 11h02

Exportação de aves atinge 291,347 mil toneladas em março

As exportações de carne de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas do Brasil renderam US$ 548,366 milhões em março (13 dias úteis), –

Leia Mais
22/03/2023 às 09h02

Carne bovina: exportação atinge 89,807 mil toneladas em março

As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 436,793 milhões em março (13 dias úteis), com média diária de US$ –

Leia Mais
18/03/2023 às 10h02

Frango: carne de frango se valoriza na primeira quinzena de março

As altas de preços da carne de frango registradas no início de março, ainda que tímidas, sustentaram a média da parcial do mês. Segundo dados –

Leia Mais
17/03/2023 às 17h02

Infecções por peste suína africana na China crescem após feriado do Ano Novo Lunar

Dados de empresas de testes chinesas mostraram que as infecções por peste suína africana explodiram no país após o período do feriado do Ano Novo –

Leia Mais
16/03/2023 às 15h02

Suínos: poder de compra do suinocultor recua

A queda nas cotações do animal vivo nestes últimos dias vem reduzindo o poder de compra do suinocultor paulista frente aos principais insumos da atividade, –

Leia Mais
16/03/2023 às 14h02

Boi: diferença de preços do arroba e da carne é a maior desde de outubro de 2021

Os preços da arroba do boi gordo seguem enfraquecidos no mercado nacional, cenário que vem sendo verificado desde o final de fevereiro, quando os embarques –

Leia Mais
15/03/2023 às 13h02

Carne bovina: exportação atinge 67,427 mil toneladas em março

As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 328,357 milhões em março (8 dias úteis), com média diária de US$ –

Leia Mais