Conheça a raça purunã, primeiro bovino genuinamente paranaense
A purunã, primeira raça de bovino para corte desenvolvida no Paraná e a única idealizada por um centro estadual de pesquisa, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná), vem atraindo o interesse de pecuaristas de todo o Brasil. “A raça está hoje presente em todas as regiões, com destaque para os estados do Pará, Piauí, Bahia, Maranhão, Rondônia e Acre”, relata Piotre Laginski, pecuarista de Cascavel e diretor da Associação Brasileira de Criadores da Raça Purunã (ABCP). A ABCP conta hoje com 42 pecuaristas associados e mais de 8 mil animais sob seu controle.
Purunã é um bovino composto. Significa, no jargão técnico, uma raça desenvolvida a partir de cruzamentos entre outras raças — neste caso, charolês, aberdeen angus, caracu e canchim.
Em novembro de 2016 a raça foi oficialmente reconhecida pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que também credenciou a ABCP para fazer o controle genealógico, procedimento que atesta a origem dos animais e de seus ascendentes e descendentes, assim como sua conformidade aos padrões zootécnicos.
Segundo a ABCP, o interesse dos pecuaristas por animais purunã só vem crescendo desde que a raça foi oficializada. De acordo com Laginski, nos últimos 10 anos foram comercializados mais de mil touros, cerca de 10% desse total para fora do Paraná. Para ele, esse crescente interesse se deve principalmente à fácil adaptação da raça. “Os animais mantêm alta produtividade nas mais variadas condições de relevo e de temperatura ambiente”, afirma.
Essa adaptabilidade faz o purunã uma raça apropriada a qualquer perfil de criador, do mais simples ao mais especializado, para manejo em pasto ou em confinamento, explica o pecuarista.
Rendimento
Para a indústria de processamento, Laginski destaca o elevado rendimento da carcaça e a alta qualidade da carne. Na indústria, tem sido possível, segundo o pecuarista, alcançar uma média de 59% de rendimento de carcaça em animais purunã machos, contra 54% obtido em outras raças.
Por último, na ponta da cadeia produtiva, o consumidor tem acesso a uma carne macia, com excelente marmoreio e presença equilibrada de gordura. “Estamos nos organizando para que, em breve, os principais frigoríficos possam destacar o selo purunã em seus produtos”, revela.
Os especialistas chamam de marmoreio a gordura entremeada na carne, que, no preparo, pode ser notado na forma de suculência, maciez e sabor amanteigado.
“Notamos que os pecuaristas tinham dificuldades para decidir sobre o manejo da genética e decidir acasalamentos quando buscavam melhorar os rebanhos com inseminação artificial, seleção genética ou cruzamento industrial”, conta Daniel Perotto, pesquisador aposentado do antigo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) que idealizou e atuou desde o início no projeto de desenvolvimento da raça.
Era o começo da década de 1980 e, para auxiliar esses criadores, os pesquisadores cogitaram entregar aos pecuaristas uma raça composta já pronta, ideia que ganhou força a partir dos bons resultados que, à época, eles vinham obtendo em um projeto que avaliava a eficiência na produção de carne em animais resultantes de cruzamentos entre Charolês-Caracu e Aberdeen Angus-Canchim.
“Interessava buscar os benefícios da heterose e aproveitar ao máximo a complementaridade das raças”, explica Perotto.
Conforme o pesquisador, heterose, também chamada vigor híbrido, é o fenômeno genético que possibilita obter descendentes com melhor desempenho que os pais envolvidos em um cruzamento. Na prática, é a superioridade de mestiços em relação à média das raças que os originaram, em características como peso e produção de leite, por exemplo.
Já a complementaridade é algo como a busca pela “soma”, nos descendentes, das características positivas das raças maternas e paternas.
40 anos
Até chegar ao reconhecimento oficial pelo Ministério, foram quase 40 anos de cruzamentos e seleções, sucessivas e controladas, com o objetivo de somar o que cada uma das raças formadoras tem de melhor.
Caracu e Canchim transmitiram rusticidade, tolerância ao calor e resistência aos carrapatos. Velocidade de ganho de peso, bom rendimento de carcaça, elevado porcentual de carnes nobres e pequena capa de gordura foram as contribuições do Charolês. Já o Angus deu precocidade, tamanho adulto moderado e temperamento dócil, além de alta qualidade de marmoreio na carne.
Perotto destaca, também, a boa produção de leite e a habilidade materna das vacas. São características importantes no manejo dos rebanhos, transmitidas por Caracu e Angus.
Homenagem
O nome presta um tributo à Serra do Purunã, acidente geográfico que demarca a transição entre o Primeiro e o Segundo Planalto do Paraná e é bem próximo da Estação Experimental Fazenda-Modelo, unidade de pesquisa do IDR-Paraná em Ponta Grossa onde foi desenvolvido todo o trabalho de cruzamentos e seleções que resultou na nova raça.
VEJA TAMBÉM
Carnes: Genômica Angus deve chegar a 8 mil cabeças até o fim de 2022
A genômica da raça Angus vem ganhando adesão entre criadores no Brasil. Segundo dados apresentados pelo gerente de fomento da Associação Brasileira de Angus, Mateus –
Leia MaisTerça-feira é o último dia para produtores rurais de SP declararem vacinação de rebanho
Terça-feira (7) é o último dia para produtores rurais paulistas realizarem a declaração de vacinação do rebanho contra a febre aftosa e a brucelose. A –
Leia MaisOvos: valores seguem estáveis há quase um mês
As cotações dos ovos comerciais iniciaram o mês de junho praticamente estáveis na maioria das praças acompanhadas pelo Cepea, cenário que vem sendo observado desde –
Leia MaisColheita de milho de segunda safra em MT atinge 6%, diz Imea
A colheita de milho segunda safra em Mato Grosso avançou 3,61 pontos na semana e alcançou 5,98% da área plantada no Estado, segundo boletim do –
Leia MaisCom umidade dos grãos ainda alta, colheita da safrinha chega a 3% no Centro-Sul
A colheita da safrinha 2022 de milho alcançou na quinta-feira (2) 3% da área cultivada no Centro-Sul do Brasil, contra 1,2% uma semana atrás e –
Leia MaisColheita da safra 21/22 de milho atinge 52% na Argentina
Levantamento semanal divulgado pelo Ministério da Agroindústria da Argentina indicou que a colheita de milho da safra 2021/22 atingiu 52% da área estimada de 10,349 –
Leia MaisConab participa de evento sobre cadeia produtiva do leite
Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentaram as principais ações do governo em apoio ao pequeno produtor durante o Workshop de Estruturação do Programa –
Leia MaisColheita de milho atinge 92% no Rio Grande do Sul
A colheita de milho atinge 92% da área no Rio Grande do sul. Na semana passada, eram 90%. Em igual momento do ano passado, eram –
Leia MaisAumento de casos de gripe aviária nos EUA pode elevar preços da carne
O surto contínuo de gripe aviária altamente patogênica (HPAI) nos Estados Unidos está ameaçando o fornecimento de aves e pode elevar ainda mais os preços –
Leia MaisFrango: com vendas enfraquecidas, preços recuam em maio
De acordo com a avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), o baixo poder de compra da população brasileira, fragilizado sobretudo pelo –
Leia Mais