12 de junho de 2021 às 15h04

Conheça a raça purunã, primeiro bovino genuinamente paranaense

Boi purunã

Animal da raça Purinã, desenvolvida no Paraná. Foto: IDR-Paraná

A purunã, primeira raça de bovino para corte desenvolvida no Paraná e a única idealizada por um centro estadual de pesquisa, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná), vem atraindo o interesse de pecuaristas de todo o Brasil. “A raça está hoje presente em todas as regiões, com destaque para os estados do Pará, Piauí, Bahia, Maranhão, Rondônia e Acre”, relata Piotre Laginski, pecuarista de Cascavel e diretor da Associação Brasileira de Criadores da Raça Purunã (ABCP). A ABCP conta hoje com 42 pecuaristas associados e mais de 8 mil animais sob seu controle.

Purunã é um bovino composto. Significa, no jargão técnico, uma raça desenvolvida a partir de cruzamentos entre outras raças — neste caso, charolês, aberdeen angus, caracu e canchim.

Em novembro de 2016 a raça foi oficialmente reconhecida pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que também credenciou a ABCP para fazer o controle genealógico, procedimento que atesta a origem dos animais e de seus ascendentes e descendentes, assim como sua conformidade aos padrões zootécnicos.

Segundo a ABCP, o interesse dos pecuaristas por animais purunã só vem crescendo desde que a raça foi oficializada. De acordo com Laginski, nos últimos 10 anos foram comercializados mais de mil touros, cerca de 10% desse total para fora do Paraná. Para ele, esse crescente interesse se deve principalmente à fácil adaptação da raça. “Os animais mantêm alta produtividade nas mais variadas condições de relevo e de temperatura ambiente”, afirma.

Essa adaptabilidade faz o purunã uma raça apropriada a qualquer perfil de criador, do mais simples ao mais especializado, para manejo em pasto ou em confinamento, explica o pecuarista.

Rendimento

Para a indústria de processamento, Laginski destaca o elevado rendimento da carcaça e a alta qualidade da carne. Na indústria, tem sido possível, segundo o pecuarista, alcançar uma média de 59% de rendimento de carcaça em animais purunã machos, contra 54% obtido em outras raças.

Por último, na ponta da cadeia produtiva, o consumidor tem acesso a uma carne macia, com excelente marmoreio e presença equilibrada de gordura. “Estamos nos organizando para que, em breve, os principais frigoríficos possam destacar o selo purunã em seus produtos”, revela.

Os especialistas chamam de marmoreio a gordura entremeada na carne, que, no preparo, pode ser notado na forma de suculência, maciez e sabor amanteigado.

“Notamos que os pecuaristas tinham dificuldades para decidir sobre o manejo da genética e decidir acasalamentos quando buscavam melhorar os rebanhos com inseminação artificial, seleção genética ou cruzamento industrial”, conta Daniel Perotto, pesquisador aposentado do antigo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) que idealizou e atuou desde o início no projeto de desenvolvimento da raça.

Era o começo da década de 1980 e, para auxiliar esses criadores, os pesquisadores cogitaram entregar aos pecuaristas uma raça composta já pronta, ideia que ganhou força a partir dos bons resultados que, à época, eles vinham obtendo em um projeto que avaliava a eficiência na produção de carne em animais resultantes de cruzamentos entre Charolês-Caracu e Aberdeen Angus-Canchim.

“Interessava buscar os benefícios da heterose e aproveitar ao máximo a complementaridade das raças”, explica Perotto.

Conforme o pesquisador, heterose, também chamada vigor híbrido, é o fenômeno genético que possibilita obter descendentes com melhor desempenho que os pais envolvidos em um cruzamento. Na prática, é a superioridade de mestiços em relação à média das raças que os originaram, em características como peso e produção de leite, por exemplo.

Já a complementaridade é algo como a busca pela “soma”, nos descendentes, das características positivas das raças maternas e paternas.

40 anos

Até chegar ao reconhecimento oficial pelo Ministério, foram quase 40 anos de cruzamentos e seleções, sucessivas e controladas, com o objetivo de somar o que cada uma das raças formadoras tem de melhor.

Caracu e Canchim transmitiram rusticidade, tolerância ao calor e resistência aos carrapatos. Velocidade de ganho de peso, bom rendimento de carcaça, elevado porcentual de carnes nobres e pequena capa de gordura foram as contribuições do Charolês. Já o Angus deu precocidade, tamanho adulto moderado e temperamento dócil, além de alta qualidade de marmoreio na carne.

Perotto destaca, também, a boa produção de leite e a habilidade materna das vacas. São características importantes no manejo dos rebanhos, transmitidas por Caracu e Angus.

Homenagem

O nome presta um tributo à Serra do Purunã, acidente geográfico que demarca a transição entre o Primeiro e o Segundo Planalto do Paraná e é bem próximo da Estação Experimental Fazenda-Modelo, unidade de pesquisa do IDR-Paraná em Ponta Grossa onde foi desenvolvido todo o trabalho de cruzamentos e seleções que resultou na nova raça.

04/12/2021 às 17h03

Lei garante título de Capital Nacional do Churrasco a cidade do RS

Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul, é oficialmente a Capital Nacional do Churrasco. O Projeto de Lei nº 2.436, de 2019, que confere esse –

Leia Mais
03/12/2021 às 18h19

Boi gordo: ritmo lento do mercado faz arroba estacionar nos R$ 326 em SP

O mercado físico de boi gordo registrou preços estáveis nesta sexta-feira. Segundo o analista da Safras & Mercado, o dia foi novamente fraco de negócios, –

Leia Mais
03/12/2021 às 16h06

China deve enfrentar desabastecimento quando voltar a comprar do Brasil

O embargo chinês à carne brasileira completa três meses nesta sexta-feira (3), causando efeitos em toda a cadeia. A própria China deve enfrentar desabastecimento quando –

Leia Mais
03/12/2021 às 16h03

USDA anuncia venda de 122 mil toneladas de soja a destinos não revelados

Os exportadores privados norte-americanos reportaram ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a venda de 122 mil toneladas de soja em grão para destinos –

Leia Mais
03/12/2021 às 13h43

Caso das ‘Búfalas de Brotas’ é uma exceção à normalidade da pecuária, diz Faesp

Um caso de maus-tratos à animais, que ficou nacionalmente conhecido como ‘Búfalas de Brotas’, não representa a realidade da pecuária no Brasil e no estado –

Leia Mais
03/12/2021 às 10h24

Promulgação da PEC dos Precatórios será fatiada

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 23/21, conhecida como PEC dos Precatórios terá promulgação “fatiada”. O objetivo é viabilizar o aumento do Auxílio Brasil. –

Leia Mais
03/12/2021 às 08h46

Clima favorece plantio da soja e do milho no Rio Grande do Sul

O plantio da soja 2021/22 no Rio Grande do Sul alcança 80% da área prevista, segundo a Emater. O clima favoreceu os trabalhos na última –

Leia Mais
03/12/2021 às 08h11

Governo federal implanta mais uma antena 5G no campo

As diferentes realidades no campo apresentam desafios para a conexão no meio rural. Enquanto o 4G, a internet via satélite, a banda larga, a fibra –

Leia Mais
02/12/2021 às 20h59

Podemos ter o maior custo de produção do século, diz Benedito Rosa

Os alimentos estão mais caros, principalmente porque os preços dos insumos para produzi-los aumentaram de forma significativa durante a pandemia. No caso de alguns fertilizantes, –

Leia Mais
02/12/2021 às 16h03

Doação de área da União ao Acre é aprovada na Comissão de Agricultura e pode ir à Câmara

A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) aprovou nesta quinta-feira (2) projeto que autoriza a União a doar ao Acre área remanescente da Gleba –

Leia Mais