ADEUS

Comunidade Crioulista dá adeus à João Manoel Cordeiro Costa, o Maneca

Com uma trajetória determinante para o avanço da raça Crioula, conquistou uma série de amigos e admiradores de seu trabalho visionário

Por ABCCC
17 de fevereiro de 2023 às 16h45

Aqueles que amamos nunca vão embora, pois constroem em nós uma fortaleza, deixam em nossas vidas um legado e em nossas memórias a grandeza de toda sua existência. É com imenso pesar que a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos se despede de um grande amigo, João Manoel Cordeiro Costa, nosso eterno “Maneca”, aos 83 anos, ocorrido na noite desta última quinta-feira (16/02), em Pelotas/RS. Com uma trajetória determinante para o avanço da raça Crioula, conquistou uma série de amigos e admiradores de seu trabalho visionário e assertivo em sua criação. A cerimônia de despedida está sendo realizada nesta sexta-feira (17/02), na capela 1 do Memorial Pelotas Cemitério Parque, com sepultamento marcado para às 17 horas e 30 minutos.

Imagem: JG Produções

Pioneiro no manejo genético da Cabanha Santa Angélica, de Pedras Altas/RS,  Maneca iniciou sua vida de maneira muito simples e singela, lidando com o campo e a criação de ovelhas de seu pai que, inclusive, era motivo de orgulho para ele e para a família. Segundo ele, “um homem do campo é um homem simples, é assim que somos felizes”. Ainda muito jovem desenvolveu o gosto por cavalos, nutrindo o desejo de ser cavaleiro. Desejo que mais tarde foi atendido e, a partir daí, sua história junto à raça deram os primeiros passos.

Conhecido por estar sempre à frente de seu tempo, foi em meados de 74 que vivenciou de perto, na exposição de Palermo na Argentina, a potência do sangue chileno no Cavalo Crioulo. Entre os anos 80 e 81 decidiu trazer para o brasil toda a desenvoltura e mansidão que os chilenos carregavam em sua seleção centenária, ao adquirir dois exemplares: Santa Elba Señuelo e La Amanecida Muchachita. A partir de um cruzamento bem planejado, que visava a funcionalidade e a mansidão, nasceu um dos ganhões mais emblemáticos da raça, o Muchacho de Santa Angélica. Neste momento nascia muito mais que um cavalo, mas um potente legado genético que mudaria o rumo da raça Crioula no Brasil.

Não bastava estar à frente de um dos criatórios mais importantes, Maneca também desejava compartilhar suas ideias visionárias com toda a comunidade Crioulista. Foi aí que, entre os anos de 1989 e 1991, assumiu o cargo mais alto na associação, se tornando Presidente da ABCCC. Em seus dois anos de gestão, ficou conhecido por agregar tecnologia e informação, sendo uma peça chave na modernização e no crescimento da entidade. Mais tarde, também assumiu como presidente do Conselho Deliberativo Técnico, onde continuou atuando com suas ideias em prol do Cavalo Crioulo.

A ABCCC – em nome de toda a sua diretoria e colaboradores – envia os pêsames e o sentimento de conforto à família e amigos do senhor Maneca Costa neste difícil momento de perda. Trazendo também nestas palavras de homenagem e gratidão a certeza de que a sua trajetória estará sempre presente na memória e na história do Cavalo Crioulo, lugar onde conquistou pessoas e construiu história. Para o futuro, lembraremos de Maneca como um dos homens mais apaixonados por cavalo que já passaram por essa instituição.

Vagner Motta Studzinski – Gerente geral do Cavalo Crioulo 

“Uma figura emblemática. Com decisões sempre voltadas às pessoas e a raça, atingindo a melhoria para a maioria dos crioulistas, sempre com leveza, simpatia e carinho. Preconizava a saúde não só fisica mas também mental de todos. Se eu fosse traduzir o Maneca em uma só palavra eu diria carinho. Uma pessoa com muito carinho pelo cavalo e pelas pessoas da nossa raça. Vai deixar muita saudade pois era parceiro que trazia muita alegria pelos ambientes que cruzava”

Roberto Sidney Davis Júnior – Ex presidente do Cavalo Crioulo, gestão  2008 – 2010

“O melhor de criar cavalos é o relacionamento entre os criadores, o acolhimento, a charla, a vibração sincera com o resultado do outro. O Maneca foi um visionário, não via limites para o sonho do cavalo Crioulo, um dirigente exemplar da ABCCC e um grande cabanheiro na Santa Angélica. Jamais esqueceremos suas ideias e seus feitos. Mas o que ficará na alma de todos nós é sua alegria e seu imenso coração, sua disposição para abraçar todos os que chegavam. Numa frase, que a saga de criarmos cavalos nos faz melhores como pessoas. Obrigado Maneca.”

Fonte: Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos