ENTENDA O CENÁRIO

Pode faltar gado para abate em Mato Grosso neste ano, alerta Sindifrigo

O setor enfrentou uma situação parecida em 2015, quando alguns frigoríficos tiveram que suspender as atividades por falta de matéria-prima

Por Canal Rural
26 de janeiro de 2021 às 09h29

Mato Grosso corre o risco de não ter gado suficiente para o abate a partir deste ano, comprometendo as operações do setor frigorífico que gera mais de 24 mil empregos no estado.

De acordo com Paulo Bellincanta, presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), as exportações de animais vivos para serem abatidos em outros estados e também em outros países é o principal motivo por essa situação que traz prejuízos enormes para diversos segmentos.

Bellincanta diz que situação semelhante foi vivenciada pelo setor em meados de 2015, quando vários frigoríficos mato-grossenses suspenderam as atividades temporariamente por falta de matéria-prima para o abate.

“A história tende a se repetir, caso não exista imediatamente uma ação direcionada para a equação do problema. A evasão da matéria-prima com a saída de mais de 93 mil animais em único mês representa o abate de nove indústrias de porte médio”, ressalta.

A falta de matéria-prima já é uma realidade sentida na formação de escalas de abate e a tendência é de que se agrave muito mais em 2021, quando faltarão os animais jovens que hoje deixam o estado.

Bellincanta diz que a falta de gado pode ocorrer por causa da diferença tributária na comercialização dos animais vivos de um estado para outro, algo bastante prejudicial para os produtores de Mato Grosso e para a economia do estado que seria alavancada se a industrialização dessa matéria-prima ocorresse em Mato Grosso.

Atualmente, a diferença de custo na produção que chega a 10% considerando-se tributos e logística já é um desafio diário para quem produz em Mato Grosso por causa da localização a 2 mil quilômetros de distância de um porto. “Não há como suportar outros fatores sem o entendimento dos governos de que só é possível um certo grau de industrialização com um certo apoio do poder constituído”, pontua Paulo Bellicanta.