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Mato Grosso do Sul: 45 anos de desenvolvimento por meio da agropecuária

Evolução do setor contribuiu diretamente para o crescimento da região, que se desmembrou de MT em outubro de outubro de 1977

Por Canal Rural
30 de outubro de 2022 às 09h02

Na criação de Mato Grosso do Sul a população se aproximava de 1,3 milhão de pessoas, de acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Hoje, o total estimado é de 2,8 milhões de habitantes, número que representa 107% de crescimento nos 45 anos de existência do estado — que desmembrou-se de Mato Grosso em outubro de 1977.

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De acordo com as informações divulgadas pela CNA, no primeiro ano do recém-criado Mato Grosso do Sul, a população rural totalizava 33% do total de moradores. Sobretudo, em 2015 (último dado disponível por domicílio rural e urbano), o número de pessoas na zona rural passou a ser de 287 mil pessoas, o que equivale a 10,8% da população do estado.

A ocupação na agropecuária, mensurada pelo emprego formal, somou 77,4 mil pessoas no ano passado. Esse número de pessoas ocupadas cresceu 163,5% entre 1994 e 2021. “As atividades que potencializaram essa evolução foram: cultivo de soja com crescimento maior que 1550% e a atividade de produção florestal com 720% de crescimento”, detalha a consultora de economia do Sistema Famasul, Eliamar Oliveira.

A produção agropecuária em Mato Grosso do Sul 45 anos

pesquisa sobre a imagem do agro

Foto: Freepik

  • Grãos

Após a constituição do estado, a safra 1977/1978 respondia por 2,6% da produção brasileira com menos de 1 milhão de toneladas, ocupando a 9ª posição no ranking nacional, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Logo depois de 42 safras houve avanço da área cultivada em 316% e evolução ainda maior em produtividade, com 360%, garantindo o 5º lugar na produção nacional de grãos, com aproximadamente 19 milhões de toneladas na safra 2020/2021, valor que em porcentagem representa um crescimento de 1.817% ou 18 vezes mais o volume do primeiro ano de produção do estado, número equivalente também a 7,4% do total de grãos produzidos em todo o país.

“O resultado da safra 2020/2021 só não foi maior pois foi fortemente prejudicado pelo clima, seca e geada, que reduziu a produção e produtividade da safra de inverno de milho”, destaca, Eliamar.

Para a safra 2021/2022 de grãos, a estimativa é que a produção total seja de aproximadamente 20,4 milhões de toneladas, segundo dados do Siga-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio).

  • Cana-de-açúcar

Mato Grosso do Sul ocupa o 4º lugar na produção de cana-de-açúcar com 6,6% da produção brasileira. A colheita da cana é destinada à produção de etanol e de açúcar. De acordo com o IBGE, a área cresceu 865% entre 1988 e 2021, saindo de 69,7 mil para 674,3 mil hectares. A produção cresceu 1.043% no período. De 4,1 milhões no primeiro ano para 47,2 mil toneladas no ano passado.

“O estado ocupa o 4º lugar na produção do combustível renovável, com volume de 2,5 bilhões de litros de etanol na safra de 2021/2022. Na safra 2022/2023 receberá o reforço de aproximadamente 698,2 milhões de litros de etanol de milho e passará a compor o grupo de outros três estados que produzem etanol a partir dessa matéria-prima”, acrescenta a consultora.

  • Florestas plantadas

Hoje, referência em produção florestal com eucalipto e pinus, Mato Grosso do Sul é referência no cultivo dessas plantas, com destaque para o plantio de eucalipto que ocupa 99,5% da área destinada à cultura. Em dez anos, o setor cresceu 157%, saindo de 456,6 mil hectares na safra 2011/2012, para 1,1 milhão de hectares na safra 2021/2022, segundo números do Siga-MS. Em 2020 o estado ocupava a terceira posição na produção de madeira para celulose e o segundo lugar em área de eucalipto.

Eliamar explica que a evolução do setor florestal foi impulsionada pela presença de duas empresas multinacionais de papel e celulose, e três fábricas. “A perspectiva de instalação de duas novas fábricas movimenta a cadeia produtiva e a operação dessas novas unidades deverá representar um acréscimo de 800 mil hectares na produção florestal e nos próximos dez anos, Mato Grosso do Sul terá mais de 2 milhões de hectares de florestas plantadas”, pontua.

manejo florestal

O desenvolvimento da atividade florestal aliado à necessidade de práticas sustentáveis de produção estimulou o uso do sistema de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta). Hoje o estado se destaca em âmbito nacional no uso dos sistemas de integração. São aproximadamente 3,1 milhões de hectares destinados à aplicação dessa tecnologia e garante ao estado o primeiro lugar no ranking nacional.

  • Pecuária 

Dados do IBGE também mostram que em 1978 o rebanho bovino no estado era de 9,3 milhões de cabeças. Número que cresceu 98,49% em 2021, com 18,6 milhões. No mesmo período, os suínos eram 545,1 mil, que passaram para 1,5 milhão, o que representa aumento de 184%.

O número de ovinos era de 95,9 mil cabeças e passou a ser 409,6 mil no último ano, um aumento de 326%. O maior crescimento, no entanto, foi com o rebanho de aves galináceas. Em 1978, o total era de 3,2 milhões de cabeças. Em 2021, o crescimento foi de 932%, chegando a 33,3 milhões de cabeças.

Com 18 milhões de animais bovinos, Mato Grosso do Sul ocupa o 5º lugar no ranking nacional. A consultora enfatiza que nos últimos 18 anos, o número de animais decresceu sem inviabilizar a produção, já que o estado aumentou a produtividade com abate de animais mais jovens, mais pesados e com maior rendimento de carcaça.

“O Mato Grosso do Sul está na terceira posição em produção de carne bovina. As proteínas de frango e suína registraram desempenho ainda mais positivo com aumento de 199,5% e 470,9%, respectivamente, nos 24 anos de acompanhamento”, descreve.

O total de proteína produzida supera 1,5 milhão de toneladas em 2021.

  • Aquicultura

A produção de peixe em Mato Grosso do Sul cresce substancialmente desde 2013. A tilápia é a principal espécie, responde por 94,17% da produção de peixe e cresceu 568,67% em 8 anos de acompanhamento. O estado está na 6ª posição no ranking nacional. E as cidades de Aparecida do Taboado e Selviria estão entre os 20 primeiros municípios brasileiros na produção de tilápia, em 10º e 15º lugar, respectivamente.

Culturas diversas

O cultivo de frutas e produtos de horticultura ocorre em aproximadamente 8,5 mil hectares. Essa área é 51% maior que as 5,6 mil hectares do início da década de noventa. A produção de mandioca tem evoluído, em 33 anos a área plantada cresceu 88,79%. Mato Grosso do Sul está em 4º lugar na produção de mandioca com 5,5% da produção brasileira.

Nos produtos de origem animal os destaques são para mel de abelha e ovos de galinha. “Os volumes ainda não são expressivos, mas os percentuais de crescimento da produção entre 1978 e 2021 sinalizam que são atividades com alto potencial de desenvolvimento e de geração de renda para as propriedades de agricultura familiar do estado”, afirma, Eliamar.

Exportações 

exportações porto

Foto: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/divulgação

Segundo o Ministério da Economia, as comercializações do agronegócio de Mato Grosso do Sul para o exterior em 2021, ultrapassaram US$ 6,5 bilhões em faturamento, 8º lugar no ranking brasileiro. O crescimento é de 1.840% se comparado à 1997, ano em que as vendas foram de US$ 338,5 milhões.

“O avanço do período é quatro vezes maior que o crescimento das exportações do agro brasileiro. A soja em grãos e a celulose, juntas, respondem por 59% da receita e 72% do volume que é exportado pelo estado. Os produtos do agro de MS destinam-se a 142 países”, enfatiza.

Os principais destinos da comercialização dos produtos do agronegócio de 2021 são liderados pela China, com aproximadamente 47% de participação da receita, seguida pelos Estados Unidos, com 6,2% e os Países Baixos com 4,58%.

Os dez maiores compradores foram responsáveis por US$ 4,8 bilhões do faturamento no ano passado. O volume exportado chegou a cerca de 10 milhões de toneladas. O total das vendas para estes territórios representou 73,3% dos produtos comercializados.

“Isso demonstra que a agropecuária sul-mato-grossense é pujante, atende o mercado interno e gera excedente para a exportação. Em 45 anos de existência do estado, deixamos de ser importadores para nos tornarmos uma unidade da Federação que contribui com a alimentação de quase 150 países”, finaliza a consultora de economia do Sistema Famasul, Eliamar Oliveira.

Mercado agropecuário de Mato Grosso do Sul

O Sistema Famasul divulga todas as semanas uma matéria sobre o andamento das principais cadeias produtivas de Mato Grosso do Sul.